Governo vê visita de Sánchez como “tira gosto” de nova estratégia para vender Novo PAC

Diplomacia e cooperação bilateral a parte, a visita do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, ao Brasil compõe a estratégia do governo federal para atrair investimentos estrangeiros.

Na quarta-feira (6), Pedro Sánchez se reuniu com o presidente Lula, ministros e parlamentares em Brasília. Já nesta quinta-feira (7) esteve em São Paulo, onde se reuniu, em evento, com representantes de pastas que concentram investimentos massivos em projetos de infraestrutura.

Após 2023 ser utilizado por técnicos do governo para ouvir investidores e aperfeiçoar processos internos, neste ano os quadros vão rodar o mundo apresentando projetos brasileiros — especialmente do Novo PAC. E a Espanha é a primeira parada.

A partir das sondagens realizadas no ano passado chegou-se ao entendimento de que as viagens ao exterior em busca de investimentos devem estar associadas a uma agenda governamental. As visitas são articuladas via embaixada dos países e devem ser precedidas de encontros com autoridades públicas do país em questão.

A ideia, com isso, é sinalizar para os investidores que — além de um bom projeto, com boas taxas e segurança jurídica — tanto o governo brasileiro quanto do país em questão apoiam esta relação.

Na semana que vem, é a vez dos quadros do governo brasileiro viajarem à Espanha. Entre os dias 11 e 15, eles participam de uma série de encontros com empresas privadas, fundos de investimento e operadores de infraestrutura.

Haverá conversas com aproximadamente cem executivos representantes de construtoras e concessionárias de infraestrutura espanholas. A programação inclui ainda encontros bilaterais com empresas que já atuam no país, como os grupos Abertis (responsável pela gestão de cinco rodovias federais por meio da concessionária Arteris) e Roadis (ViaBahia).

Investimentos

Um dos focos da agenda do governo espanhol é levar investimentos do país europeu ao Brasil e incluiu reunião de Lula e Sánchez com empresários espanhóis.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a Espanha consolida-se como o segundo maior investidor no país — atrás dos Estados Unidos — com presença nos setores energético, bancário, de telecomunicações, de seguros, entre outros.

Mais de mil empresas espanholas estão presentes no mercado brasileiro, como a Telefônica e o Banco Santander.

O estoque total de investimentos do país europeu no Brasil é estimado em US$ 59 bilhões, com fluxo anual de cerca de US$ 3,3 bilhões nos últimos anos.

Após a viagem à Espanha, os técnicos vão à França, em abril. Também está prevista viagem aos Estados Unidos em maio. Na segunda metade do ano o foco será o Oriente, com previsão de visitas à China, Arábia Saudita e a Singapura. A ideia é que todas sejam precedidas de agendas governamentais.