• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

Moradores de Roca Sales (RS) se queixam de desamparo da prefeitura desde as enchentes de 2023

Os efeitos da tragédia no Rio Grande do Sul parecem não ter fim. Há 29 dias, quando as águas dos Lago Guaíba invadiram inúmeras cidades, o Estado sofre consequências severas. São quase 600 mil pessoas desalojadas e mais de 2 milhões de cidadãos afetados pelas enchentes, direta ou indiretamente. Não bastasse o cenário de guerra que se apresenta aos gaúchos, os moradores de Roca Sales (RS), no Vale do Taquari, enfrentam ainda mais problemas. 

O município, de 10.418 habitantes, foi afetado por inundações em setembro e novembro de 2023. Em razão da proximidade dos eventos, muitos cidadãos não conseguiram recuperar suas casas a tempo. Alguns se alocaram para abrigos improvisados e vivem nos locais até hoje. Neste ano, 469 municípios foram afetados.

Diante desse cenário, a ajuda não para de chegar. Inúmeras empresas e voluntários se mobilizaram para enviar donativos às cidades afetadas, inclusive a Roca Sales. Contudo, aqueles que viram suas casas alagadas até o telhado encontraram mais dificuldades do que amparo por parte do poder público. 

É o caso dos pais de Aline, que conversou com Oeste sob anonimato e prefere manter seu nome verdadeiro em sigilo. Na semana de 7 de maio, Aline foi buscar donativos no Centro de Referência da Assistência Social (Cras), administrado pela prefeitura, para usá-los na limpeza da residência dos pais, hospedados em uma cidade próxima a Roca Sales. Ela revelou que, ao pedir donativos no Cras, recebeu uma resposta negativa.

Outras fontes confirmaram à reportagem que os cidadãos de Roca Sales enfrentam problemas com a gestão municipal desde as enchentes de 2023. Vanessa, cujo nome verdadeiro também será mantido em sigilo, relatou que o cenário se repete em 2024.

“Na enchente de setembro de 2023, fui buscar donativos no Cras, e a fila estava muito longa”, contou Vanessa. “Fazia muito sol. Quando deu 15h, mandaram todos embora, pois disseram que as doações já haviam acabado. Mas vi um voluntário colocando cinco cestas básicas no carro dele. Quando pedi uma, a funcionária em questão disse que ele as levaria para as pessoas que não conseguiram buscar. Porém, a própria prefeitura havia dito que isso era proibido.”

Vanessa interpelou a funcionária sobre a proibição da prefeitura, o que desencadeou uma confusão. Ao ser indagada novamente, a agente do Cras começou a ameaçar Vanessa na frente das pessoas que ali estavam. A funcionária ainda registrou um boletim de ocorrência contra Vanessa.

Racionamento em Roca Sales

Além dos problemas com funcionários que operam no Cras, os entrevistados também relataram a falta de distribuição de recursos por parte da prefeitura. A família de uma professora recebeu apenas R$ 400 para realizar reformas na casa. Essa ajuda veio dos civis, não do poder público.

O mesmo foi dito por uma mulher, de 61 anos, conhecida como dona Verônica. Ela contou a Oeste que, em todas as enchentes que destruíram parcialmente sua casa, os recursos para reformas foram empenhados por amigos e familiares. Em 2023, Verônica descobriu que não se encaixa no programa de auxílio-aluguel da prefeitura por ter sido classificada como “classe média”. “Eles descarregaram ali as doações, e as pessoas iam pegando e pronto”, contou a moradora. “Se não tenho direito a ganhar ajuda, por que pago imposto?”

O auxílio é de R$ 3 mil. O único valor que ela recebeu da prefeitura foi de R$ 450, em dezembro. Uma ou outra ajuda financeira foi dada, de acordo com ela, por pessoas que se sensibilizaram com a situação. No Cras, ela também fez um cadastro voltado para pessoas que perderam móveis, mas só recebeu uma sapateira e um balcão.

Uma das voluntárias, que prefere não ser identificada, chegou a interpelar a primeira-dama de Roca Sales, Cássia Fontana, sobre os problemas no Cras. A mulher do prefeito, Amilton Fontana, disse apenas que não tem conhecimento de irregularidades no local.

Leia também: “O poder do povo”, reportagem de Tauany Cattan publicada na Edição 218 da Revista Oeste

source
Fonte : Revista Oeste

Adicionar aos favoritos o Link permanente.