As enchentes no Rio Grande do Sul têm revelado a presença de ratos e baratas, animais frequentemente encontrados em galerias de esgoto e áreas subterrâneas. Impulsionados pelo instinto de sobrevivência, buscam segurança em locais secos e elevados durante alagamentos, aumentando sua visibilidade e evidenciando sua capacidade de adaptação ao ambiente desafiador, bem como sua habilidade em encontrar sustento para sobreviver.
“Esses animais possuem a habilidade de nadar e flutuar, mas são suas adaptações anatômicas e fisiológicas que realmente permitem um deslocamento rápido”, explica o professor Enios Carlos Duarte, coordenador do curso de Biologia do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).
O professor doutor de Ciências Biológicas, Gabriel Monteiro, acrescenta que as baratas, classificadas como generalistas, encontram no ambiente de enchentes uma variedade de alimentos para se manter: lixo em decomposição, animais mortos e restos de comida. Além disso, o ambiente úmido é favorável para o desenvolvimento e a proliferação dos insetos.
Assim como as baratas, os ratos também encontram sustento em ambientes úmidos e escuros, como tubulações, que proporcionam oportunidades de evitar predadores e facilitam a alimentação desses animais, caracterizados por uma dieta generalista. Durante as enchentes, os predadores habituais dos ratos ficam incapacitados, permitindo que os ratos se movam com mais liberdade, tornando-os mais perceptíveis para a população.
Duarte enfatiza a preocupação agora com a migração de ratos e baratas para áreas residenciais e comerciais em regiões não afetadas pelas enchentes. Esses animais são reconhecidos como vetores de doenças, incluindo a leptospirose, transmitida pela urina de ratos, e a salmonelose, associada às baratas.
A infestação traz não apenas riscos à saúde, mas também consequências econômicas. Estabelecimentos comerciais, especialmente os ligados à indústria alimentícia, podem enfrentar danos à reputação e perdas financeiras devido à contaminação de produtos e à necessidade de implementar medidas de controle de pragas.
O professor Monteiro destaca a importância de tomar medidas preventivas para controlar a população e a migração desses animais, minimizando os riscos à saúde pública. Ações como a limpeza de áreas propensas a acumular água e lixo podem ajudar a reduzir a presença de ratos e baratas.
Cuidado com a leptospirose
A incidência da leptospirose pode ser alta para pessoas que estão em contato direto com água contaminada sem proteção. A água contaminada pode entrar no corpo humano através de várias portas de entrada, como os olhos, a mucosa da boca ou feridas expostas. A falta de higiene, especialmente a falta de lavagem adequada das mãos, pode levar à entrada desses agentes no corpo humano, causando doenças.
A maneira mais eficaz de controle é evitar o contato com a água contaminada. “A eliminação desses animais neste momento em que está tudo alagado é difícil”, diz Monteiro, mas alerta que são necessários cuidados para evitar doenças.
No entanto, a preocupação não deve ser somente em casos como o da enchente no Rio Grande do Sul, pois as mudanças climáticas que, com o impacto do calor e das chuvas intensas, podem acelerar a reprodução desses animais. “O calor intenso acelera o metabolismo do animal, levando a uma reprodução acelerada e a um ciclo de vida mais curto. Isso resulta em uma maior população desses animais”, adverte Monteiro.
Além disso, o professor Monteiro lembra a importância de práticas como não jogar lixo nas ruas, evitar a emissão excessiva de gases de efeito estufa e cuidar adequadamente do saneamento básico para controlar a reprodução desses animais. “Manter os ambientes limpos e descartar corretamente o lixo são ações simples, mas eficazes de controle”, destaca.
Cuidados importantes:
- Higiene pessoal: Lave as mãos regularmente e evite tocar o rosto sem lavar as mãos.
- Limpeza do ambiente: Mantenha sua casa e local de trabalho limpos. Evite acumular lixo ou água parada que possam atrair pragas.
- Controle de pragas: Se você notar sinais de infestação de pragas, entre em contato com profissionais de controle de pragas.
- Proteção de alimentos: Mantenha os alimentos bem armazenados e protegidos para evitar a atração de pragas.
- Evite o contato com água contaminada: Durante as enchentes, evite o contato direto com a água, pois pode estar contaminada.
- Cuidado com animais de estimação: Certifique-se de que seus animais de estimação estão protegidos contra pragas e doenças transmitidas por pragas.
- Vacinação: Mantenha suas vacinas em dia, especialmente aquelas que protegem contra doenças transmitidas por pragas, como a leptospirose.
- Descarte adequado de lixo: Descarte o lixo de maneira adequada e regular para evitar a atração de pragas.
- Vigilância: Fique atento a sinais de infestação de pragas, como fezes de roedores ou baratas mortas.
- Educação: Informe-se sobre as pragas comuns em sua área e as melhores maneiras de preveni-las.
Fonte: Correio do Povo #agoranovale foto: FreePik
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