Caderneta de poupança tem saída de R$ 52 bilhões até abril


Dado foi divulgado pelo BC nesta segunda. Saída de recursos acontece em meio a inflação e endividamento altos. Juro básico mais alto também faz poupança ficar menos atraente.
Getty Images via BBC
A retirada de recursos das cadernetas de poupança superou o nível de depósitos em R$ 52,1 bilhões no acumulado de janeiro a abril deste ano, informou nesta sexta-feira (9) o Banco Central.
De acordo com a instituição, nos quatro primeiros meses deste ano:
os depósitos somaram R$ 1,35 trilhão;
as retiradas totalizaram R$ 1,4 trilhão.
Os R$ 52,1 bilhões de retirada líquida são maiores do que o registrado no mesmo período do ano passado – quando houve a saída de R$ 23,8 bilhões da modalidade.
No mesmo período de 2023, a retirada foi maior que a atual: R$ 57,5 bilhões de janeiro a abril.
Veja a evasão de recursos da poupança mês a mês neste ano:
janeiro: R$ 26,22 bilhões;
fevereiro: R$ 8 bilhões;
março: R$ 11,45 bilhões;
abril: R$ 6,41 bilhões.
Mercado imobiliário
A retirada de recursos da caderneta de poupança afeta o financiamento imobiliário, pois a modalidade serve de base (funding) para os empréstimos para compra da casa própria.
Em abril, o Banco Central informou que há um “consenso no mercado” de que o atual modelo de financiamento à casa própria, com base na poupança, está se esgotando.
Por isso, informou a instituição, serão buscadas alternativas à poupança e, também, será feito um debate para saber quais características devem ter os contratos com a mudança do chamado “funding”— que tende a ser mais volátil (instável).
Financiar imóvel fica mais difícil com o aumento dos saques da caderneta de poupança
Cenário da economia
A retirada de recursos da caderneta de poupança acontece em um cenário de inflação e de endividamento ainda altos, ao mesmo em que a taxa básica de juros está no maior nível desde 2006.
Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu 0,56%. Já no acumulado em 12 meses, a inflação registra um avanço de 5,48%. O número está acima do teto da meta do Banco Central do Brasil (BC), que é de 3%.
Indicadores também mostram que o endividamento da população segue elevado. Segundo o BC, ele somou 48,3% da renda acumulada nos doze meses até dezembro do ano passado.
Juro alto reduz atratividade da poupança
A alta taxa de juro básica da economia brasileira, a Selic, também ajuda a reduzir a atratividade da caderneta de poupança. Atualmente, para tentar conter a inflação, a Selic está em 14,75% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas.
Pelas regras da poupança, a aplicação segue com rendimento limitado. Isso ocorre porque, com as regras vigentes, quando a taxa Selic ultrapassa o patamar de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês, mais a variação da taxa referencial (TR, que é calculada pela média ponderada dos títulos públicos prefixados).
De acordo com analistas ouvidos pelo g1, o retorno da poupança tem perdido para outras aplicações em renda fixa. Eles apontaram que investimentos no Tesouro Direto, em CDBs e também CDIs têm registrado melhor desempenho em um cenário de alta dos juros básicos da economia, e que a renda fixa deve continuar atrativa em 2025.
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