Asaas, investida da Bond, reverte prejuízo e vai em busca de “voos altos” no crédito

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O cenário macroeconômico é particularmente sensível para as pequenas e médias empresas (PMEs), público que a fintech Asaas atende com uma plataforma de automação e gestão. Se não fosse a alta da taxa básica de juros, a empresa entende que poderia ter cumprido a projeção de ter uma expansão de 60% na receita de 2024.

Em sua primeira divulgação pública de balanço, ao qual o NeoFeed teve acesso com exclusividade, o Asaas informa que a receita bruta foi de R$ 339,5 milhões, um crescimento de 54% em relação ao ano anterior, enquanto a margem de contribuição, que reflete o lucro obtido após a cobertura dos custos variáveis, apresentou um crescimento de 67%, atingindo R$ 186,3 milhões.

Com isso, a fintech entregou lucro líquido de R$ 11,5 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 4,9 milhões em 2023. “Muitas vezes conseguimos atingir as expectativas, mas em outras elas servem de motor propulsor para conquistarmos números excelentes, que é o que conseguimos no último ano”, diz Piero Contezini, cofundador e presidente do Asaas, ao NeoFeed.

O ano passado foi marcado também pelo aporte de R$ 820 milhões, em uma rodada liderada pela Bond, de Mary Meeker, uma das investidores mais influentes da internet, que contou com a participação de SoftBank, 23S Capital (uma parceria entre a Temasek e a Votorantim) e Endeavor Catalyst. O objetivo é realizar um IPO em 2028.

Para concretizar esse plano, o Asaas definiu para este ano avançar a parte de crédito, segmento que é visto como uma das alavancas para atingir R$ 1 bilhão em faturamento neste ano e de R$ 2 bilhões em 2026.

Uma das frentes que pretende explorar em 2025 é a parte de cartão de crédito. Lançado no fim do ano passado, o produto é utilizado por alguns clientes selecionados. O plano é expandir para mais empresas da base. “Entendemos que, para o PME, o principal problema dele é o crédito do dia a dia, e o cartão vem para ajudar no financiamento de longo prazo”, afirma Contezini.

O produto visa fortalecer o braço financeiro do Asaas, que conta com um FIDC de R$ 50 milhões para realizar antecipação de recebíveis. No ano passado, a empresa registrou um volume de R$ 2 bilhões em recursos antecipados, abaixo dos R$ 2,5 bilhões que esperava para o ano.

Essa diferença, diz Contezini, veio da postura mais conservadora do Asaas para lidar com os efeitos dos juros altos. O resultado foi uma inadimplência média no último ano de 1,7% em boletos antecipados e 0,3% em cartão.

fundador Asaas
Piero Contezini, cofundador e presidente do Asaas

“Estamos sendo um pouco mais criteriosos em algumas transações, e isso se refletiu na nossa operação de cartão. Ano passado tínhamos a intenção de emitir muito mais, mas decidimos ser mais conservadores, entender padrão de comportamento, ser mais conservador em limites”, diz ele.

Experiência do usuário

O crédito é parte da estratégia do Asaas de fortalecer sua presença dentro de um segmento de mercado batizado internamente de “Limitada Mais”, que são empresas que apresentam faturamento anual médio acima de R$ 5 milhões.

O Asaas começou a sua jornada em 2014, na cidade catarinense de Joinville, buscando atender a demanda de pequenas empresas e microempreendedores. Mas desde 2022 tem concentrado sua atuação nesse público com faturamento maior, que atualmente representa cerca de 40% da base de clientes, que somou 192 mil empresas no ano passado, alta de 26,3%. Quando o assunto é receita, esse público responde por mais de 80% do total.

Para cumprir com esta estratégia, o Asaas dedicou boa parte do ano passado a melhorar a experiência do público. Nos últimos anos, o Asaas lançou uma série de produtos, mas no ano passado a empresa tomou a decisão de reduzir o ritmo de lançamentos, para consolidar e melhorar aquilo que já possui.

“Fizemos umas 40 mudanças, porque a gente foi olhando e falou assim ‘isso aqui bloqueia 1% de receita, isso aqui bloqueia outros 1% de receita’”, diz Contezini. “Conseguimos mexer nas alavancas de crescimento e entender quais funcionam.”

Com a experiência do usuário como norte, o Asaas avalia utilizar parte dos recursos levantados na captação para incorporar novos produtos. A empresa fez três aquisições em sua história. A última foi a NexInvoice, startup de automação de contas a pagar, por um valor não revelado.

O plano não prevê a expansão no exterior, ainda que alguns testes em outros mercados devam acontecer.

“Até o IPO, não temos uma visão de internacionalização muito agressiva, porque entendemos que precisamos entregar um certo market share no mercado local para ter o direito de falar em mercado global”, diz Contezini.

Sobre o IPO, o “sonho grande” do Asaas é abrir o capital na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), num período de três a quatro anos, se a janela estiver aberta. “Tem uma série de variáveis que precisamos considerar, mas vamos estar prontos em termos de tamanho de receita, lucratividade e estrutura de controle em janeiro de 2028”, afirma Contezini.

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Neofeed

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