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Em maio do ano passado, a Auren Energia anunciou a aquisição da AES Brasil, um movimento que a tornou a companhia a terceira maior geradora do País, com uma capacidade instalada de 8,3 gigawatts.
Mas o peso da aquisição no endividamento da empresa, num momento em que os juros estão elevados, mais o trabalho para extrair sinergias e o valuation em patamares elevados fizeram com que o Banco Safra adotasse uma postura cautelosa com a tese de investimento.
Os analistas Daniel Travitzky, Carolina Carneiro, Mario Wobeto decidiram rebaixar a recomendação da ação de compra para neutro e cortar o preço-alvo de R$ 17 para R$ 9,60, destacando a integração dos ativos da AES como o principal desafio da companhia no futuro próximo.
“Essa foi uma aquisição estratégica para a Auren, mas acreditamos que os investidores querem esperar até que a companhia apresente melhoras em suas operações antes de voltarem a ser otimistas com a tese”, diz trecho do relatório.
A Auren registrou no final do ano passado uma relação entre a dívida líquida e o Ebitda ajustado de 5,7 vezes, um aumento significativo em relação ao patamar de 3,4 vezes registrado em 2023.
A compra pesou pelo fato de a AES Brasil ter uma alavancagem alta, de 5,3 vezes no quarto trimestre de 2023, e por conta dos custos da aquisição, considerados elevados pelos analistas do Safra – cerca de R$ 7 bilhões, um EV/Ebitda implícito de 9,3 vezes no momento do acordo.
“No nível atual de juros, a alta alavancagem aumenta as despesas financeiras significativamente e tem implicações negativas sobre a geração de caixa”, diz um trecho do relatório.
Os analistas do Safra dizem que esse impacto ocorre num momento em que o valuation da Auren não está em níveis atrativos quando comparado aos seus pares. Enquanto o setor apresenta uma taxa interna de retorno (TIR) real média de 11%, os papéis da Auren registram 12,4%. O mesmo vale para a estimativa para o EV/Ebitda de 2026 – 6,1 vezes e 7,5 vezes, respectivamente.
A questão do endividamento da Auren também pesa na avaliação de analistas de outras casas. Em fevereiro, quando a companhia soltou os resultados do quarto trimestre, o Itaú BBA destacou que a alavancagem financeira deve demorar para cair, ficando abaixo de 3,5 vezes apenas em 2028.
A expectativa do Safra é de que a Auren consiga reduzir a relação entre dívida líquida e Ebitda a 4,8 vezes ao final deste ano e siga extraindo ganhos do plano de reestruturação dos ativos da AES, que ainda está nas primeiras fases.
Com a redução das despesas administrativas, foco maior nos ativos eólicos e melhorias nos processos corporativos, os analistas do Safra esperam que o Ebitda da companhia some R$ 3,9 bilhões em 2025, acima dos R$ 1,8 bilhão de 2023.
Mas a queda da alavancagem ainda deve demorar para acontecer, com os analistas projetando que ela permanecerá na casa de 4,8 vezes até 2026, num momento em que a Selic deve estar em 11% ao ano.
“Apesar dos bons níveis de geração de caixa operacional, a alavancagem deverá permanecer alta até 2027”, diz outro trecho do relatório.
Na quarta-feira à noite, a Auren informou que realizou a amortização parcial de sua quarta emissão de debêntures, no valor de R$ 3,2 bilhões. Segundo a companhia, essa medida, em conjunto com uma emissão liquidada em 17 de abril, alonga o prazo médio do endividamento e diminui a dívida bruta em R$ 1,2 bilhão.
Por volta das 12h19, as ações da Auren sobem 1,80%, a R$ 8,49. No ano, os papéis acumulam queda de 1,28%, levando o valor de mercado a R$ 8,9 bilhões.
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Neofeed