JBS destrava valor antes mesmo de chegar à Bolsa de Nova York

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A notícia de que a Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM dos Estados Unidos) deu o aval para que a JBS possa listar suas ações na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), além da B3, foi bem recebida por analistas e investidores, fazendo com que os papéis da companhia registrem alta nesta quarta-feira, 23 de abril.

Por volta das 12h09, as ações da JBS avançavam 7,19%, a R$ 47,70, uma das maiores altas no Ibovespa. No ano, os papéis sobem 28,6%, levando o valor de mercado a R$ 105,1 bilhões. Desde 17 de março, quando a J&F anunciou acordo com BNDESPar, os papéis avançam 45%.

Na terça-feira à noite, 22 de abril, a JBS informou que obteve a declaração de registro das ações nos Estados Unidos e que a assembleia geral extraordinária para os minoritários deliberar a proposta foi convocada para 23 de maio – a J&F Investimentos, controladora da empresa, e o BNDESPar, braço de participações em empresas do BNDES, que detém 20,8% do capital, vão se abster.

Se aprovada, a expectativa é de que as ações da JBS estreiem nos Estados Unidos em junho, concretizando um sonho de anos da administração da companhia de alimentos, que remonta a 2009, quando começou a expandir suas operações.

Os analistas que acompanham a empresa reiteraram a avaliação positiva a respeito da JBS, dizendo que o movimento reforça a tese de investimento da companhia, destravando crescimento, desde o valor de suas ações até de suas operações. A companhia é uma unanimidade entre os analistas, com recomendação de compra em um grupo de 18 bancos e casa de research.

“Este é um evento chave para reduzir os riscos, uma vez que, depois do BNDES anunciar que se absteria de votar [na assembleia], a aprovação da SEC era o principal obstáculo impedindo a listagem de ocorrer”, diz trecho do relatório do Bradesco BBI.

O efeito mais evidente é destravar valor das ações da JBS. Mesmo acumulando uma alta de mais de 110% em 12 meses, os analistas Henrique Brustolin e Pedro Fontana calculam que os papéis ainda precisam subir 37% para reduzir a diferença de EV/Ebitda que possui com a sua subsidiária, a PPC. Já para a Tyson Foods, as ações terão que mais do que dobrar de valor para fechar a diferença de valuation.

O ponto de destravar valor tem sido um dos principais argumentos da JBS e dos analistas para justificar a listagem das ações nos Estados Unidos. Apesar dos resultados obtidos nos últimos anos, e de ter quase 74% de sua receita vindo de fora do Brasil, os analistas do BTG Pactual destacam que o EV/Ebitda das ações da JBS é de 5,8 vezes, menos do que as 8,4 vezes da Tyson Foods e 6,6 vezes da PPC.

“Parece irracional acreditar que a ação da JBS listada nos Estados Unidos não possa ser negociada pelo menos em algum lugar entre esses valores, ainda mais no médio prazo, já que pretende se juntar a índices de referência como o Russell 1000 e até mesmo o S&P 500”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Thiago Duarte, Guilherme Guttilla e Gustavo Fabris.

Segundo eles, cada revisão positiva de 1 vez do EV/Ebitda significa um upside de 33% das ações. “Isso é muito e uma assimetria muito grande para se ignorar”, afirmam.

Além de múltiplos maiores, os analistas que acompanham a JBS avaliam que a listagem nos Estados Unidos vai permitir à empresa acelerar M&As, ferramenta que recorreu para se transformar numa empresa presente em 20 países, com mais de 270 mil colaboradores e um faturamento de R$ 417 bilhões em 2024, 15% acima do ano anterior.

A dupla listagem permitirá à JBS emitir ações com poder de voto superior, sem resultar em diluição do controle da J&F, facilitando aumento de capitais e o uso de ativos para financiar aquisições, além de reduzir o custo de capital da empresa.

“Esta flexibilidade permite a JBS buscar M&As de forma mais ativa, focando o crescimento em alimentos preparados, um segmento menos sujeito à volatilidade de mercado e com margens maiores, o que deve contribuir para a reprecificação de ações”, dizem os analistas Renata Cabral e Tiago Harduim, do Citi.

O Goldman Sachs destaca que a dupla listagem vem para reforçar a parte operacional que vem sustentando a tese de investimento da JBS. Além do portfólio diversificado da empresa, os analistas Thiago Bortoluci e Nicolas Sussmann apontam para a consistência da demanda global por proteínas e a execução operacional.

O payout de dividendo, que será reforçado caso os acionistas aprovem a listagem, também foi mencionado. A companhia prevê pagar R$ 2,2 bilhões, cerca de R$ 1 por ação, se a operação seguir em frente.

“A origem [dispersão geográfica] e o mix de produtos são fatores-chave de diferenciação entre os players globais de proteína, pois amenizam o impacto dos ciclos individuais de cada operação, aumentando a visibilidade geral dos resultados”, diz trecho do relatório do Goldman Sachs.

“Por exemplo, a atual desaceleração cíclica da carne bovina nos Estados Unidos tem um impacto relativamente limitado na geração de fluxo de caixa livre da JBS devido à sua exposição ao frango”, complementa.

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