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A gigante americana Boeing, fabricante de aeronaves, anunciou a venda de parte da sua divisão de aviação digital, que inclui as plataformas Jeppesen, ForeFligt, AerData e OzRunways, para o fundo de private equity Thoma Bravo por US$ 10,55 bilhões. A expectativa é que o negócio seja concretizado até o fim deste ano.
“Esta transação é um componente importante da nossa estratégia de focar nos negócios principais, complementar o balanço e priorizar a classificação de crédito de grau de investimento”, disse Kelly Ortberg, presidente e CEO da Boeing, em comunicado divulgado pela companhia.
Mesmo com a venda de parte dos ativos, a Boeing vai manter recursos digitais que utilizam dados específicos da aeronave e da frota para fornecer aos clientes comerciais e de defesa serviços de manutenção, diagnóstico e reparo de frotas. No negócio, a Boeing foi assessorada pelo Citi e a Thoma Bravo, pelo escritório Kirkland & Ellis.
A transação ocorre em um momento em que a empresa trabalha para sair de vez de uma tempestade prefeita em que a Boeing mergulhou, com crise financeira, dois acidentes fatais, atrasos na produção de equipamentos e até greves.
Em janeiro deste ano, a empresa divulgou prejuízo de US$ 11,9 bilhões em 2024. A Boeing não registra lucro desde 2018, quando começou a enfrentar problemas com acidentes em seus modelos 737 MAX.
No quarto trimestre do ano passado, a empresa registrou receita de US$ 15,2 bilhões, queda de 31% sobre o mesmo período do ano anterior. A diminuição no faturamento teve a ver com diminuição no volume de entregas, que atingiu apenas um terço do que foi reportado em 2023.
Em janeiro de 2024, um 737 MAX operado pela Alaska Airlines fez um pouso de emergência após perder painel de fuselagem durante o voo. O incidente também afetou o desempenho da Boeing.
A estratégia do CEO da companhia, que assumiu em agosto de 2024, é tentar reduzir a dívida da Boeing por meio da venda de ativos que não são considerados essenciais para a operação da empresa aérea.
A Jeppesen, de navegação aérea, atraiu o interesse de muitas empresas de capital aberto, segundo a Reuters, e de pelo menos de um fornecedor aeroespecial, com avaliações que chegavam perto de US$ 8 bilhões.
Em leilão, a Thoma Bravo superou empresas também de private equity TPG, Advent e Veritas Capital. A Boeing, que comprou a Jeppesen por US$ 1,5 bilhão em 2000, tinha como meta um preço que fosse acima de US$ 6 bilhões.
O acordo é considerado pelo mercado como uma das maiores transações de carve-out (desinvestimento parcial) dos últimos anos. Em 2023, a Ball Corp. vendeu seus ativos aeroespaciais para a britânica BAE Systems por US$ 5,6 bilhões.
Em fevereiro deste ano, a British Airways anunciou a compra da operação de manutenção da Boeing no Aeroporto de Gatwick, que fica perto de Londres. A Boeing também tenta vender sua unidade de drones, a Insitu.
Em março, a empresa revelou preocupação com o tarifaço anunciado por Donald Trump, e que vem afetando a balança comercial global.
A imprensa internacional chegou a divulgar que o governo de Xi Jinping, da China, havia determinado a suspensão do recebimento de aviões fabricados pela Boeing e que haviam sido comprados por companhias aéreas chinesas. Logo depois, os chineses não confirmaram a estratégia, mas também não negaram oficialmente, e ainda elogiaram a brasileira Embraer.
Nos últimos dias, a companhia Ai India demonstrou interesse em ficar com as aeronaves que supostamente seriam recusadas pelas rivais chinesas.
O mercado reagiu positivamente ao anúncio da Boeing da venda à Thoma Bravo. Na Bolsa de Nova York, os papéis da empresa operavam em alta de 2,1% às 12:30h. No acumulado de 2025, as ações registram desvalorização de mais de 5%. A companhia aérea está avaliada em US$ 122 bilhões.
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Neofeed