Vice-prefeito de Lages é denunciado pelo MP por agressões contra a ex-namorada em Lages

O vice-prefeito de Lages, Jair Júnior, foi denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por crimes como lesão corporal, cárcere privado, perseguição e invasão de dispositivo informático. A acusação tem como base uma série de episódios envolvendo sua ex-namorada.

O caso veio à tona na noite de 22 de março, quando Jair foi preso em flagrante, acusado de agredir e manter a vítima trancada em sua residência por cerca de 12 horas. Na audiência de custódia, o MPSC pediu a prisão preventiva, mas ele foi liberado após pagamento de fiança. Desde então, as investigações avançaram e revelaram novos detalhes que embasaram a denúncia formal da 10ª Promotoria de Justiça da Comarca de Lages.

Segundo o Ministério Público, o primeiro episódio de agressão teria ocorrido no dia 1º de janeiro, data da posse do político no cargo. Na ocasião, ele teria apertado o rosto e os braços da vítima após ela se recusar a postar uma foto com ele nas redes sociais.

Já na noite anterior à prisão, Jair teria convencido a ex a entrar em seu carro com a promessa de conversar. Quando percebeu que não conseguiria reatar o relacionamento, ele teria levado a jovem à força até sua casa, trancado portas e janelas, e ligado o ar-condicionado para abafar possíveis gritos. Lá, ele ainda tentou acessar o celular dela, e, diante da recusa em fornecer a senha, teria dado tapas no rosto da vítima e tentado sufocá-la com um travesseiro.

A vítima só foi libertada após fingir que ainda o amava e prometer que não o denunciaria. Mesmo assim, horas depois, ela procurou a delegacia incentivada pela irmã. No caminho, foi seguida por Jair Júnior e, ao chegar à delegacia, a guarnição de plantão fez a prisão em flagrante. Uma medida protetiva foi expedida para evitar qualquer contato do réu com a vítima.

A denúncia ainda relata um histórico de perseguição, com o vice-prefeito acompanhando a rotina da ex por meio de redes sociais, estacionando próximo à casa dela, mandando mensagens ameaçadoras e fazendo ligações de números desconhecidos.

O caso segue em grande repercussão em Lages, e agora caberá à Justiça julgar as acusações. O MPSC busca a condenação do agente político pelos crimes previstos no Código Penal.

Em nota, o advogado de Jair Júnior, Francisco Ferreira, criticou a divulgação pública da denúncia feita pelo Ministério Público, alegando que o processo está sob segredo de justiça e que a exposição desrespeita princípios legais.

“A defesa recebe com grande perplexidade a informação pública, que foi inclusive estampada em site próprio do Ministério Público do Estado de Santa Catarina, dando ampla divulgação à denúncia apresentada hoje na Vara Criminal de Lages. O processo, desde o início, tramita em segredo de justiça, e o MP, como guardião da lei, jamais poderia violar esse segredo”, afirma Ferreira.

O advogado também reforçou que Jair Júnior ainda não é formalmente réu no processo. “O vice-prefeito Jair sequer é réu, como tem sido citado até aqui, não foi sequer intimado, sequer citado para apresentar a resposta à acusação”.

Advogado da vítima destaca provas

O advogado da vítima, Dr. Bruno Ribeiro, do escritório Rossi e Ribeiro Advogados, divulgou uma nota oficial à imprensa destacando o trabalho conjunto com a Delegacia de Polícia e o Ministério Público. Ele afirma que foi produzido um relatório com mais de 40 páginas contendo provas como mensagens, áudios, vídeos e gravações que apontam para pelo menos cinco crimes — todos reconhecidos na denúncia do MPSC.

Leia a nota

O escritório Rossi e Ribeiro Advogados informa que, desde o primeiro momento, tem atuado lado a lado com a vítima e em cooperação com a Delegacia de Polícia e o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), buscando garantir que todos os fatos sejam devidamente esclarecidos e que a justiça seja feita.

Na qualidade de assistente de acusação, foi elaborado um relatório minucioso, com mais de 40 páginas, reunindo provas consistentes: mensagens, áudios, vídeos e gravações que apontam para a prática de pelo menos cinco crimes, todos reconhecidos e incluídos na denúncia oferecida pelo MPSC.

A investigação revelou, além dos atos de violência doméstica, o modo como eles foram praticados e indícios de que instrumentos da administração pública possam ter sido usados de forma indevida para o cometimento de pelos menos um dos delitos denunciados. Esses elementos, graves e preocupantes, foram devidamente incluídos nos relatórios e na denúncia, destacando a seriedade dos fatos.

Agora, com o recebimento da denúncia, o processo seguirá seu curso. Nas próximas etapas, haverá a audiência de instrução e julgamento, quando as testemunhas serão ouvidas, e ao final, caberá à juíza responsável decidir sobre a responsabilidade penal do réu.

A vítima segue firme, confiando na justiça e na atuação responsável das instituições. Nosso compromisso é com a verdade, a dignidade e a proteção dos direitos.

(SCC10)

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