
Trilha será na Ilha Comprida, no arquipélago das Cagarras, e será autoguiada com apoio de condutores credenciados. Embarcação inflável cabinada, com capacidade para 13 pessoas, será usada nas ações de gestão e fiscalização do MONA Cagarras
Reprodução: ICMBio
O Rio de Janeiro vai ganhar, em agosto deste ano, o primeiro trecho oceânico da Trilha Transcarioca. A novidade foi anunciada neste domingo (13), durante a comemoração de 15 anos do Monumento Natural das Ilhas Cagarras (MONA Cagarras), única unidade de conservação marinha federal da capital fluminense.
O novo circuito será implantado na Ilha Comprida, uma das quatro principais que compõem o arquipélago das Cagarras. A caminhada vai passar por costões rochosos e áreas de Mata Atlântica insular.
Toda a sinalização está sendo instalada e a proposta é que o percurso seja autoguiado — o visitante poderá contratar um guia da Colônia de Pesca Z13 ou uma das empresas credenciadas pelo MONA para o transporte e visitação.
Segundo Breno Herrera, gerente da Região Sudeste do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o modelo de visitação ainda está sendo finalizado com o conselho gestor do MONA e do Mosaico Carioca.
“Nosso planejamento é inaugurar, em agosto deste ano, um circuito de trilha na Ilha Comprida (…). A partir daí, a pessoa chega até a Ilha Comprida, faz o desembarque e se conecta com o trecho insular da Transcarioca, seguindo toda a sinalização que já estamos instalando”, detalhou.
Breno Herrera, gerente da Região Sudeste do ICMBio, durante o anúncio da trilha na Ilha Comprida
Reprodução: ICMBio
A iniciativa está prevista no Plano de Manejo e no Plano de Uso Público do MONA Cagarras, e a sinalização e placas interpretativas estão em fase final de elaboração. Também está em curso o credenciamento de condutores que poderão levar os turistas até o local.
Lancha nova, exposição e até aula com sereia
Paisagem da Ilha Cagarra revela a beleza preservada do arquipélago carioca
Reprodução: ICMBio
O anúncio da trilha fez parte da programação de aniversário de 15 anos do MONA Cagarras, celebrado neste domingo (13) na Praia de Copacabana. A área de preservação marinha é gerida pelo ICMBio e abrange um arquipélago localizado a 5 km da orla de Ipanema.
Entre as atrações, uma exposição com exemplares da fauna marinha nativa da unidade encantou quem passou pelo Posto 6. O público viu de perto estrelas-do-mar, esponjas e até um tubarão, além de maquetes das ilhas e uma mostra fotográfica, em parceria com os projetos Ilhas do Rio, Instituto Mar Adentro e Instituto Mar Urbano.
Na areia, uma piscina montada com animais vivos — como ouriço-do-mar, baiacu e estrela-do-mar — virou ponto de educação ambiental e diversão. A atividade foi comandada pela bióloga Luciana Fuzetti, caracterizada de sereia, e pelos pescadores Marcos Santana e Marcos Antônio de Sousa.
Caracterizada de sereia, a bióloga Luciana Fuzetti, destaca a importância da preservação ambiental
Reprodução: ICMBio
Um dos momentos mais simbólicos da comemoração foi a apresentação da primeira embarcação oficial da unidade: uma lancha inflável cabinada com capacidade para 13 pessoas, equipada com dois motores de 200hp. O veículo foi adquirido com recursos de compensação ambiental e dará mais autonomia e presença institucional à equipe de gestão.
“Trabalhamos muito para conhecer e proteger a rica biodiversidade do arquipélago, ordenar e melhorar as experiências dos visitantes, reduzindo seus impactos negativos, e, recentemente, adquirimos a nossa primeira embarcação, apresentada oficialmente hoje e que auxiliará ainda mais a nossa gestão”, celebrou Tatiana Ribeiro, chefe da unidade.
De ‘debutante’ à referência em conservação marinha
Bolo em comemoração de 15 anos do Monumento Natural das Ilhas Cagarras (MONA Cagarras), única unidade de conservação marinha federal da capital fluminense
Reprodução: ICMBio
Criado em 2010, o MONA Cagarras protege a maior colônia de fragatas (Fregata magnificens) do Atlântico Sul, com cerca de 10 mil aves, além de diversas espécies ameaçadas de extinção.
Em 2021, a unidade recebeu o título internacional de “Hope Spot” (Ponto de Esperança), concedido pela Mission Blue — rede global liderada pela oceanógrafa Sylvia Earle —, reconhecendo a importância ecológica do local.
A unidade de conservação abriga ainda a segunda maior colônia de atobás-marrom (Sula leucogaster) da costa brasileira e já registrou a presença de mais de 49 espécies de aves. É também abrigo natural para golfinhos, baleias e até orcas. Ao todo, a área protegida soma 91,23 hectares, incluindo um raio de 10 metros ao redor de cada ilha.
A infraestrutura das Unidades de Conservação Federais (UC) também avançou: em 2024, foi concluída a reforma da sede no Parque Lage. Desde 2018, a equipe conta com veículo próprio, e o número de funcionários subiu de dois, em 2017, para sete, em 2025. O plano de manejo e os planos operacionais, elaborados de forma participativa, já estão 80% executados.
Além disso, o MONA tem atuado no combate a espécies exóticas invasoras, como o coral-sol (Tubastraea spp.), que ameaça espécies nativas. Nos últimos anos, foram autorizados mais de 117 estudos científicos na área, cobrindo temas como biodiversidade marinha, pesca sustentável e mudanças climáticas.
Exposição Exemplares Museu Nacional
Reprodução: ICMBio
Vista da Ilha Comprida, no arquipélago das Cagarras, onde será implantado o primeiro trecho oceânico da Trilha Transcarioca
Reprodução: ICMBio