Secretária do ministério de Anielle Franco pede demissão e detona comunicação do Governo Lula

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A secretária de Políticas Afirmativas do Ministério da Igualdade Racial, Márcia Lima, pediu demissão nesta terça-feira (8) e saiu deixando recado direto ao governo Lula (PT): a comunicação institucional é ineficaz, desorganizada e não valoriza o trabalho técnico das pastas — especialmente das voltadas à promoção da igualdade racial.

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Lima, uma das principais vozes acadêmicas sobre raça no Brasil, anunciou que vai assumir a Diretoria de Estudos e Políticas Sociais no Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), cargo técnico e sem a exposição política de um ministério, justamente em busca da autonomia que, segundo ela, faltou no governo.

“A imprensa só olha para a figura da ministra. O trabalho do ministério, que é técnico e coletivo, desaparece. E a Secom [Secretaria de Comunicação Social da Presidência] não ajuda”, disse Márcia.

Ela classificou a comunicação do governo como “disfuncional” e criticou duramente a falta de articulação entre ministérios. “Tem 38 pastas e pouca integração. Todo mundo fala de si, ninguém fala do todo. Fica impossível mostrar que há um projeto real por trás das ações”, apontou.

As críticas de Márcia Lima atingem diretamente o núcleo político do governo Lula, especialmente a área de comunicação recém-reformulada com a chegada de Sidônio Palmeira. Apesar das mudanças, Lima diz que a divulgação das ações continua errática e pouco eficiente, e acusa o governo de transformar ministérios como o da Igualdade Racial em vitrines simbólicas, em vez de tratá-los como engrenagens estratégicas da política pública.

Ela usou como exemplo o plano “Juventude Negra Viva”, que envolve 18 ministérios, mas segundo Lima, foi lançado com grande discurso presidencial e depois completamente ignorado pela maioria das pastas e pela comunicação oficial. “Foi engavetado na prática, depois de muito marketing”, resumiu.

O presidente Lula chegou a cobrar pessoalmente os ministros, em março de 2024, dizendo que se cada um só falasse do próprio ministério, “o programa vira natimorto”. Márcia Lima parece concordar — e decidiu não fazer parte desse obituário.

A saída também reacende o debate sobre o espaço real destinado a políticas de diversidade dentro do governo. Lima apontou que, além da comunicação, o modelo de gestão engessa as secretarias e as impede de tomar decisões de impacto sem o aval direto de ministros ou do próprio presidente.

“A pauta da diversidade precisa de institucionalização. E hoje depende de vontades individuais. Quando você precisa de aval presidencial para quase tudo, isso mostra que o problema é de estrutura, não de gestão.”

A Secretaria de Comunicação da Presidência tentou se defender. Em nota, afirmou que busca promover a integração entre órgãos e prestar contas à sociedade. Mas reiterou que os ministros são os porta-vozes naturais do governo — o que reforça, involuntariamente, a crítica de Lima: quem não tem ministério, não tem microfone; quem não tem ministério ‘forte’, não tem espaço.

Márcia Lima sai pela porta da frente, mas acende um alerta incômodo: não adianta discursar sobre inclusão se o governo falha em mostrar — ou até reconhecer — o trabalho de quem a implementa.

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Fonte : Hora Brasilia

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