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Em editorial publicado nesta segunda-feira (7), o jornal O Estado de S. Paulo fez duras críticas ao programa Pé-de-Meia, apontando que o governo inchou a proposta original com finalidade eleitoreira. O jornal acusa o Palácio do Planalto de usar o programa estudantil como vitrine de campanha antecipada, ignorando limites orçamentários e critérios técnicos.
O projeto, originalmente proposto pela deputada Tabata Amaral (PSB-SP), foi concebido para beneficiar estudantes regulares da rede pública pertencentes a famílias cadastradas no Bolsa Família. No entanto, segundo o Estadão, uma portaria do Ministério da Educação — tratada pelo jornal como uma “canetada” — ampliou o público-alvo para incluir alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e estudantes de famílias com renda per capita inferior a meio salário mínimo.
Com isso, os custos do programa dispararam. A previsão inicial era de R$ 7,1 bilhões por ano, mas com a ampliação, o valor estimado passou dos R$ 12,5 bilhões — um salto de mais de R$ 5 bilhões, sem que, segundo o jornal, houvesse justificativa técnica clara para a expansão.
“O programa é daquelas boas ideias que o PT se esforça para estragar”, escreveu o editorial. “A decisão do governo Lula de ampliá-lo suscita questionamentos. É de perguntar quais os critérios que justificaram o seu inchaço, se já houve uma avaliação da sua efetividade e se há recursos no Orçamento de modo que sua expansão não afete outras políticas públicas.”
A crítica central do jornal gira em torno do uso político do programa. Para o Estadão, o governo está mais interessado em colher dividendos eleitorais do que em medir o impacto real da política pública na redução da evasão escolar.
“Por já estar em campanha pela reeleição e com a popularidade em queda, Lula faz do Pé-de-Meia um trunfo eleitoreiro”, afirma o texto. “O custo das irresponsabilidades de uma gestão do PT é sempre alto.”
Na prática, o Estadão acusa o governo de repetir o velho padrão petista: gastar pesado para criar a imagem de inclusão social, mas sem avaliação de impacto, nem compromisso com sustentabilidade fiscal.
O jornal afirma que ele foi desfigurado pela ânsia do governo de ampliar sua base de apoio político. Ao deixar de lado os critérios originais e inflar o número de beneficiários, o governo estaria tentando transformar um incentivo à educação em moeda de campanha.
A crítica toca em um ponto sensível da gestão Lula 3: o equilíbrio entre políticas sociais e responsabilidade fiscal. Para o Estadão, o governo parece mais interessado em fazer barulho do que em apresentar resultados sólidos.
No fim, o que era para ser um passo a favor da educação virou, para os críticos, mais um capítulo da velha fórmula: gastar agora, pensar depois — e mandar a conta para o próximo governo.

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Fonte : Hora Brasilia