Levantamento inédito revela principais desafios do terceiro setor no Brasil: falta de recursos e mão de obra especializada lideram ranking  

Um levantamento inédito realizado pela Phomenta, organização de impacto social que conecta ONGs, institutos, fundações e empresas para criar redes de colaboração capazes de transformar territórios e causas, coletou dados de 403 ONGs formalizadas em todas as regiões do Brasil. O estudo, disponível no portal do negócio de impacto, buscou mapear os desafios enfrentados por essas organizações em áreas como gestão, captação de recursos, infraestrutura, colaboração, visibilidade, segurança e inovação. Os resultados apontaram que a escassez de recursos financeiros e humanos é o principal entrave enfrentado pelas entidades.

 

O compilado, intitulado “Desafios das OSCs”, foi conduzido entre agosto de 2023 e setembro de 2024. As respostas evidenciaram um panorama crítico: 86% das organizações apontaram a falta de recursos financeiros como o maior obstáculo para suas operações. Em segundo lugar, com 59% das respostas, aparece a carência de recursos humanos. A pouca visibilidade ou reconhecimento do trabalho realizado foi mencionada por 36% das OSCs, enquanto os entraves burocráticos e administrativos foram relatados por 29%.

 

“Precisamos entender que o trabalho das ONGs vai muito além do voluntariado. É necessário adotar uma visão de gestão estratégica em negócios, finanças, recursos humanos e sustentabilidade. Muitas entidades no Brasil operam sem o conhecimento adequado sobre captação de recursos, o que compromete o planejamento de ações futuras e gera insegurança”, afirma Rodrigo Cavalcante, diretor executivo da Phomenta.

 

Entre as 403 organizações pesquisadas, 59,3% estão localizadas na região Sudeste, seguida pelo Nordeste (16,1%), Centro-Oeste (9,4%), Sul (8,9%) e Norte (6,2%). O Sudeste apresentou a menor proporção de organizações que consideram a falta de recursos financeiros um desafio significativo (18%). Já na região Norte, os entraves burocráticos foram um destaque.

 

Diferenças no impacto dos desafios pelo porte das OSCs

 

O material também revelou que os desafios variam de acordo com o porte das organizações. Entre as entidades sem funcionários, formada apenas por voluntários, além da escassez de recursos, se destacam a burocracia (38%) e dificuldade em conciliar o tempo dedicado à organização (37%). Para aquelas com 1 a 2 funcionários, a conciliação de tempo é ainda mais significativa (41%). Já nas OSCs com 3 a 9 colaboradores, a escassez de recursos humanos impacta 69% das organizações. Para ONGs com mais de 50 funcionários, a baixa visibilidade foi apontada como um dos maiores obstáculos.

 

O trabalho voluntário, fundamental para o funcionamento do terceiro setor, também foi abordado na pesquisa. Organizações compostas exclusivamente por voluntários relataram dificuldades com a escassez de recursos financeiros (93%), burocracia (38%) e conciliação de tempo (37%). Já aquelas que contam com voluntários e alguns colaboradores citaram a falta de recursos humanos e financeiros como os principais desafios (60%). As OSCs que operam sem voluntários enfrentam dificuldades relacionadas à baixa visibilidade (31%).

 

“Embora as questões financeiras sejam unanimemente citadas como o principal problema, a falta de mão de obra especializada é outro grande desafio. Essa carência resulta no acúmulo de funções, sobrecarga de trabalho e falta de gestão eficiente. É fundamental transformar esse cenário para que as OSCs alcancem sustentabilidade e ampliem seu impacto nos territórios onde atuam”, conclui Cavalcante.

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