Réu no STF, Bolsonaro diz temer prisão: ‘Seria o fim da minha vida’

Réu no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que uma eventual prisão marcaria o encerramento definitivo de sua trajetória política e pessoal. “É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos”, declarou em entrevista à Folha de S.Paulo.

Bolsonaro enfrenta cinco acusações criminais que, somadas, podem ultrapassar 40 anos de prisão. Durante a entrevista, ele admitiu ter discutido com militares, em 2022, possibilidades como estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal — todas previstas na Constituição, mas em situações excepcionais. Segundo ele, as ideias foram rapidamente descartadas e não passaram de conversas.

“Discutir hipóteses dentro da legalidade não configura tentativa de golpe”, disse. Ele voltou a negar qualquer articulação golpista e ressaltou que “golpe não se resolve em poucos meses, exige ação coordenada, o que nunca houve”.

Sobre o caso do cartão de vacinação, Bolsonaro se defendeu novamente das acusações feitas por seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, que o implicou na suposta fraude. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já pediu o arquivamento da investigação. “Jamais faria um pedido desses. Seria uma desmoralização. Sempre fui contra a vacina, que considero até hoje um experimento”, afirmou.

O ex-presidente também reafirmou que não se arrepende de não ter reconhecido publicamente a vitória de Lula nas urnas. “Não me arrependo. Tinha meus questionamentos. E jamais passaria a faixa para ele”, disse.

Ainda que negue qualquer plano de fuga ou pedido de asilo político, Bolsonaro demonstrou preocupação com os rumos do processo. “Se eu for preso, acabou. Não tem mais volta. É o fim da minha vida.”