Moradores relatam situações envolvendo andarilhos

Diversas situações envolvendo pessoas em situação de rua em Balneário Camboriú chegam diariamente ao jornal, mas uma chamou mais atenção, uma postagem do vereador Guilherme Cardoso em seu Instagram, descrevendo um ‘ataque’ na Estrada da Rainha, na sexta-feira (21). Uma leitora também informou sobre a situação da passarela da Marginal, por onde ela passa todo dia para chegar ao seu trabalho. Outra moradora da Barra informou que os moradores em situação de rua se ‘escondem’ atrás de lixões para dormir e não serem importunados.

“A situação não é nova, mas vem aumentando muito esses números”, afirmou.

A prefeitura vem fazendo operações frequentes e o Comandante da Polícia Militar de Balneário Camboriú, Tenente-Coronel Rafael Vicente, também falou sobre a situação. 

Situações chamam a atenção

No relato compartilhado pelo vereador Guilherme Cardoso, consta que o fato ocorreu sexta-feira (21) por volta de 6h30, na Estrada da Rainha, quando uma mulher sofreu um ‘mata leão’, desmaiou e foi levada para dentro do mato. 

“Por Deus, não sei se o agressor viu alguém vindo ou achou que tinha acontecido algo pior, simplesmente largou ela no meio do mato e foi embora. A informação é que está cheio de moradores de rua morando no mato do morro da Rainha. Repassando para que vocês possam fazer algo e não ter mais vítimas”, diz a mensagem.

O vereador foi, na segunda-feira (24), até o 12o Batalhão de Polícia Militar (BPM) falar com o Comandante Rafael Vicente. 

Outro caso envolve uma leitora do jornal, que há várias semanas vem denunciando a situação da passarela da Marginal. Ela reitera que tem ‘mato alto’e  que por isso tem receio de passar no local, ponto de reunião não só moradores de rua, mas também ‘drogados’. Ela citou ainda que tem muita sujeira acumulada, causando mau cheiro. 

Prefeitura fez operação recente e Resgate Social atua 24h

Operação ‘BC mais Segura’ abordou 256 pessoas e recolheu muito lixo deixado nas ruas (Divulgação/PMBC)

Além da atuação 24h da Resgate Social, departamento especializado na abordagem de pessoas em situação de rua, pertencente à Secretaria de Assistência Social, a prefeitura também realizou no último fim de semana a operação ‘BC Mais Segura’.

Durante o período (das 13h de sexta-feira (21) até às 02h de segunda-feira (24)) a Secretaria de Assistência Social, através das equipes do Resgate Social, abordou 236 pessoas em situação de rua, ofereceu acolhimento e encaminhamento. Destas, 56 pessoas aceitaram ir para a Casa de Passagem, onde receberam alimentação, banho e pernoite. 

Cinco passagens rodoviárias foram emitidas para que os beneficiados pudessem retornar às suas cidades de origem. Oito pessoas aceitaram o acolhimento em instituições de ressocialização por até 90 dias. A decisão de aceitar o acolhimento é de cada pessoa, respeitando o direito de ir e vir.

O que diz o Comandante da PM de Balneário Camboriú

(Divulgação/Leitor)

O Comandante da Polícia Militar de Balneário Camboriú, Tenente-Coronel Rafael Vicente, foi procurado pelo Página 3 e disse que conversou com o vereador Guilherme Cardoso sobre a situação dos moradores de rua na área central da cidade que, segundo ele, realmente aumentou muito no último mês. 

“Seja por motivo A ou B, aumentou consideravelmente o número de pessoas em situação de rua na área central de Balneário Camboriú, principalmente em torno do Beco do Brooklyn, da Rua 1100, nas ruas ao lado do Camelô… ali está se tornando um ponto de referência para eles, e o que eu falei é que eu vejo muito ali a questão das lixeiras a céu aberto, na 1100, por exemplo, virou isso. Tu anda ali, pode ir lá agora, vai ter 10, 15 lixeiras abertas lá, onde tem todo tipo de lixo, virou rua de material de carga e descarga – o pessoal joga ali computador velho, microondas… ali virou um parque de diversão para quem realmente nem precisa furtar fio, nada, porque vai pegar ali”, explicou.

Problema não surgiu de um dia para o outro

(Divulgação/Leitor)

Vicente disse que a questão de ordem pública na área central precisa ser prioridade, como corte de árvores e iluminação pública. Ele comentou que isso ‘não é culpa de gestão A ou B’ e que o problema não surgiu de um dia para o outro, mas que tudo isso interfere na ordem pública e se torna um ‘atrativo’ para os moradores de rua, assim como a região do Beco do Brooklyn. 

“O pessoal voltou a traficar ali. Traficavam na 1400, perto do McDonald’s, nós pegamos eles (traficantes). Eles foram lá para o Mini Kalzone (Avenida Alvin Bauer), nós pegamos eles. Subiram lá para a Rua 1.101, nós pegamos, foram para a Praça Higino Pio, nós pegamos de novo, e agora eles estão ali no McDonald’s, atrás do Beco do Brooklyn. Então, assim, os traficantes vão indo em locais que favorecem. Hoje, o local que mais favorece o tráfico, a desordem e pessoas em situação de rua é toda aquela região, Beco do Brooklyn, Rua 1100 e adjacências ali”, salientou.

Situação precisa ser discutida junto de MP, Judiciário e Prefeitura

(Divulgação/Leitor)

O Comandante acrescentou que estão acontecendo operações nesses locais de tráfico de drogas especificamente, porém como envolve também a questão de pessoas em situação de rua, os demais órgãos precisam apoiar – Vicente citou o Ministério Público, o Poder Judiciário, e a Prefeitura. 

“Tem que parar, sentar na mesa todo mundo e conversar sobre aquela região ali, o que até agora não aconteceu. A Polícia Militar vai atuar normalmente ali. O que eu estou esperando é alguma definição dessa questão multidisciplinar. Por exemplo, a questão das lixeiras ali, seria com a Secretaria de Obras ou Meio Ambiente. Não é somente um órgão que vai resolver aquele problema, são vários órgãos que podem conseguir juntos, mas tem que sentar e conversar – o que não aconteceu ainda”, informou.

Vicente disse que pessoas em situação de rua é uma questão que deve ser adotada de forma multidisciplinar envolvendo Segurança, Assistência Social e Saúde, pois não diz respeito somente à Segurança. 

O Tenente-Coronel afirmou que a PM não está fugindo do problema, ‘muito pelo contrário’, mas que também vê muita gente caminhando pela cidade e afirmando que a situação precisa ser resolvida pela Polícia Militar – o que ele discorda. 

“É multidisciplinar. E minha resposta para a Rua 1400, para o Beco do Brooklyn, para a 1100, é justamente essa – temos que sentar na mesa com os moradores, prefeitura, Ministério Público, PM e discutir o que está acontecendo ali, o que tem que ser feito para resolver. Não é só colocar uma viatura parada ali. Eu moro naquela região, conheço bem, e sei que pode ficar uma viatura parada, 24 horas por dia, que não vai adiantar de nada”, completou.

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