Vovó de inteligência artificial ajuda polícia britânica a combater estelionatários que aplicam golpes pelo telefone


Os golpes mais comuns no Reino Unido hoje são de ligações falsas da Receita Federal e de bancos, que têm os idosos como principal alvo. Uma empresa de telefonia do Reino Unido recrutou uma senhorinha para combater estelionatários que aplicam golpes pelo telefone.
A missão jornalística desta segunda-feira (13) do correspondente Rodrigo Carvalho foi tentar enganar uma idosa, a adorável Dona Daisy. É nome de vó na Inglaterra também. Uma querida. Quem não te conhece que te compre, minha senhora.
Daisy não existe. É 100% inteligência artificial. A função dela é simples: enrolar golpistas, cozinhá-los, mantê-los na linha o maior tempo possível para que, assim, eles enganem menos gente. E a velhinha é boa nisso.
Golpista: Já faz quase uma hora! Mas que…
Daisy: Meu Deus, como o tempo voa.
O que esperar da inteligência artificial em 2025
“Bom, vou ser golpista por um dia aqui e tentar passar a perna nessa senhora. Vamos ver. Eu inventei que ela tinha ganhado uma promoção de um supermercado. A vovó veio toda simpática”, conta o correspondente Rodrigo Carvalho.
“Oi, Rodrigo! Pode me chamar de Daisy”. E já começou a enrolar. “Ah, um voucher? Que máximo. Me fala mais”. E foi enrolando. Rapidinho é a Dona Daisy quem passa a dominar a situação, a fazer uma pergunta atrás da outra.
“Foi quando eu fui mais direto e coloquei meu golpe em prática: pedi a ela pra acessar um site: paraisodosvouchers.com para ela preencher um cadastro e ter acesso ao tal prêmio”, conta Rodrigo Carvalho.
“Eu posso, claro. Mas eu estou sem meu computador. Meu Deus, cadê meus óculos? Espera um pouco. Cadê o laptop? Não estou achando. Me dá um tempo?”, diz Dona Daisy.
“Quando eu parti para o desespero e pedi os dados bancários dela, supostamente para transferir o dinheiro do prêmio, ela disse que não se lembrava do número da agência”, conta Rodrigo Carvalho.
Vovó de inteligência artificial ajuda polícia britânica a combater estelionatários que aplicam golpes pelo telefone
Jornal Nacional/ Reprodução
Dona Daisy vence pelo cansaço. O áudio é baseado em uma conversa real, com um golpista de verdade. O rapaz ficou estressado.
Golpista: Para de me chamar de querido, sua…
Daisy: Ok, querido.
Daisy foi ideia de uma grande empresa de telefonia do Reino Unido. Os funcionários divulgaram um número de telefone em sites usados por golpistas e, assim, os criminosos começaram a ligar para a vovó. O invertor dela é Morten Legarth.
“Ela foi inspirada na minha vó e na vó do meu sócio”, conta Morten Legarth.
Vovó de inteligência artificial ajuda polícia britânica a combater estelionatários que aplicam golpes pelo telefone
Jornal Nacional/ Reprodução
Morten Legarth, o diretor criativo da empresa, disse que os golpes mais comuns no Reino Unido hoje são de ligações falsas da Receita Federal e de bancos, e que como os idosos geralmente são o alvo principal, eles escolheram criar uma personagem velhinha. Daisy nasceu faz pouco tempo – três meses só. Já atendeu a mais de mil chamadas. Ela chegou a enrolar um golpista por 40 minutos.
“A inteligência artificial pode ser usada para coisas ruins, mas também para coisas boas, e essa é uma delas. E tem muito potencial para polícia, para as autoridades, para ser usada em grande escala. Daisy virou uma espécie de heroína, as pessoas se sentem vingadas através dela”, diz Sonora Morten Legarth, diretor criativo da VCCP.
A “vovó-malandra” fez tanto sucesso que vai ganhar uns colegas de trabalho, novos personagens feitos com a ajuda da inteligência artificial. E assim vai nascendo na Inglaterra uma nova tropa de choque anti-golpista, liderada pela fofa da Daisy.
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