Parceria entre UFSC e USP busca aperfeiçoar diagnóstico da hiperidrose, distúrbio que afeta sobretudo jovens

Uma parceria entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade de São Paulo (USP) está buscando um aperfeiçoamento no diagnóstico de pacientes com hiperidrose primária, ou seja, com excesso de suor. O projeto é financiado pela empresa A.G. dos Santos Silveira Clínica Médica, de Biguaçu (SC), e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu).

“A parceria com a Fapeu e a UFSC foi fundamental para aquisição do biossensor MP36R da empresa Biopac Systems Inc., importado dos Estados Unidos”, observa o professor Alexandre Sherlley Casimiro Onofre, coordenador do trabalho e docente do Departamento de Análises Clínicas da UFSC.

Desenvolvido em parceria com o Hospital das Clínicas da USP, o estudo é realizado pelo professor Alexandre Onofre e pelos colegas Rafael José Silveira e José Ribas Milanez de Campos. Rafael Silveira é cirurgião torácico em hospitais da Grande Florianópolis e Milanez de Campos é docente na Faculdade de Medicina da USP e médico da Clínica do Suor e do Ambulatório de Hiperidrose do Hospital das Clínicas da USP, sendo reconhecido como um dos maiores especialistas em hiperidrose no país. “A parceria com o Hospital das Clínicas é por se tratar de uma instituição com uma das maiores experiências neste assunto no mundo”, destaca o coordenador do trabalho.

A hiperidrose primária é um distúrbio crônico que se caracteriza por uma sudorese excessiva, principalmente nas mãos, rosto, axilas e pés, causada por uma disfunção do sistema nervoso simpático. Diferente da hiperidrose secundária, a primária não é causada por uma condição médica ou pelo efeito colateral de uma medicação. E também não gera suor em todo o corpo.

O distúrbio acomete de 2% a 6% da população (conforme o país), especialmente jovens, e reconhecidamente provoca prejuízo significativo na qualidade de vida dos pacientes. Uma pesquisa feita por Ribas entre seus pacientes apontou que 93% deles consideram que sua qualidade de vida é ruim ou muito ruim por causa da hiperidrose.

Atualmente, a simpatectomia torácica videotoracoscópica é um dos tratamentos mais eficazes para este distúrbio e sua avaliação é realizada basicamente de maneira clínica. Procedimento minimamente invasivo e realizado por um cirurgião torácico em ambientes hospitalares, a simpatectomia é realizada por videocirurgia e busca interromper as fibras nervosas que levam o estímulo às glândulas sudoríparas de determinadas partes do corpo. O procedimento dura em torno de 40 minutos.

O estudo em andamento intitulado “Correlação entre a avaliação clínica e a atividade eletrodérmica em pacientes com hiperidrose primária” quer buscar avanços no diagnóstico do distúrbio. “A avaliação objetiva, através da aferição da atividade eletrodérmica, poderá contribuir na melhor seleção dos pacientes e no desenvolvimento de melhores técnicas cirúrgicas”, explica o professor Onofre.

Atividade eletrodérmica (Eletrodermal activity, EDA) é a propriedade do corpo humano que gera contínuas variações nas características elétricas da pele em razão da atividade do sistema nervoso. A teoria tradicional de EDA aponta que a resistência na pele varia com o estado das glândulas sudoríparas. E é justamente na avaliação da atividade eletrodérmica do corpo humano que entra o biossensor importado pelo projeto.

O equipamento permite identificar uma ampla gama de sinais fisiológicos e por meio de seu software visualiza, mede, analisa e transforma dados instantaneamente. “Já foram avaliados mais de 20 participantes cujos resultados são muito favoráveis à correlação entre os dados clínicos e objetivos”, pontua o professor Alexandre Onofre.

Os próximos passos são a publicação de artigos em publicações de referência e, claro, serem validados por outros especialistas da área. E depois, colocar o objeto do estudo na prática, beneficiando ainda mais os pacientes que tanto sofrem com a hiperidrose.

Reportagem publicada originalmente na edição 14 da Revista da Fapeu.

Mais informações na página da Fapeu.

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