Teste com nova terapia celular reduz câncer cerebral em questão de dias

Um teste com nova terapia celular CAR-T reduziu o câncer cerebral em um paciente de 72 anos em questão de dias. Os resultados se mantiveram no homem por aproximadamente três meses. Os detalhes da pesquisa foram publicados em um artigo no jornal acadêmico The New Englend Journal of Medicine, na quarta-feira 13.

O estudo foi realizado por pesquisadores do Programa de Imunoterapia Celular do Massachusetts General Cancer Center, em Boston (EUA). Eles analisam um tumor chamado glioblastoma, que cresce e se espalha rapidamente, criando uma pressão na cabeça do paciente.

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De acordo com a literatura médica, esse tipo de câncer costuma atingir o Sistema Nervoso Central e se desenvolve na medula espinhal ou no cérebro. O tempo médio de sobrevivência depois da descoberta varia entre 12 e 18 meses. A taxa de sobrevivência em cinco anos é de cerca de 5%.

Para atingir o resultado, os cientistas modificaram a terapia CAR-T, usada para tratamentos de alguns tipos de câncer no sangue, como leucemia e linfoma. Eles ainda analisam a possibilidade de usar o método contra tumores sólidos, como o glioblastoma.

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A terapia é utilizada para combater o câncer no sangue. Eles utilizam como técnica as células de defesa do próprio paciente modificadas em laboratório. Depois, elas são colocadas de volta na pessoa doente.

As células do sistema imune utilizadas são os linfócitos T, responsáveis por combater agentes patogênicos e matar células infectadas. Os pesquisadores retiram essas substâncias, isolam, ativam e reprogramam para identificar as células do câncer. Depois desse processo, eles reintroduzem a célula no corpo do paciente.

Dessa forma, as células conseguem se replicar, criando uma onda de células imunológicas que combate o câncer. Mas esse sistema funciona nos tipos de cânceres homogêneos, ou seja, com células uniformes. Essa característica permite à terapia CAR-T identificar um alvo claro para atacar.

tumor cerebral
Tomografia mostra a evolução do tratamento até o 104º dia | Foto: Divulgação/The New England Journal of Medicine

Já nos casos de tumores sólidos, que tendem a ter uma variedade de tipos de células que podem diferir no mesmo tipo de câncer, a terapia poderia não ter a mesma eficácia. Porém, os pesquisadores encontraram um marcador prevalente em uma série de glioblastomas, que pode resolver esse problema.

Os cientistas conseguiram identificar uma forma de estimular as células T a produzir anticorpos que procuram proteínas EGFRs não variantes.

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O estudo clínico está na fase um e utilizou apenas três pacientes para avaliar a segurança do procedimento. O primeiro é um homem de 74 anos, que teve um quadro aparentemente bom no dia seguinte ao início do tratamento. O exame de ressonância magnética mostrou uma redução significativa no tamanho do tumor. Porém, depois de alguns meses novos exames mostraram o avanço do câncer.

A segunda paciente é uma mulher de 57 anos. Cinco dias depois do tratamento o tumor dela havia diminuído quase completamente, mas o câncer voltou a progredir no mês seguinte ao tratamento.

Já o último, um idoso de 72 anos, teve uma redução no tumor a partir do segundo dia depois do tratamento. Exames de ressonância magnética mostraram que a regressão se manteve por 104 dias depois do experimento.

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Os pacientes tiveram alguns efeitos colaterais limitados, como febre e alguns nódulos que aparecem brevemente nos pulmões. “Nosso estudo das células T CARv3-TEAM-E fornece prova inicial de que múltiplos antígenos de superfície podem ser direcionados simultaneamente com o uso de terapia CAR-T”, informou o artigo científico. “E confirma que o EGFR é um alvo imunoterapêutico adequado no glioblastoma.”

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Fonte : Revista Oeste

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