Ataque russo deixa 20 mortos em Odessa; ação vem em meio às eleições na Rússia

Um ataque russo deixou 20 mortos e dezenas de feridos, na cidade ucraniana de Odessa, nesta sexta-feira (15). Trata-se de um “duplo toque” – constantemente usado pelos russos durante os mais dois anos de guerra.

“Esta é a primeira vez que um ataque duplo aconteceu na região de Odesa”, disse à CNN, Maryna Averina, porta-voz do Serviço de Emergência do Estado em Odessa.

“Os primeiros socorristas chegaram ao local do ataque e imediatamente começaram a combater o fogo. A equipe fez buscas por vítimas em meio aos escombros. E então houve um segundo ataque de mísseis”, disse ela, acrescentando que oito socorristas foram mortos.

Entre os mortos está Denys Kolesnikov, 25, que trabalhava em um quartel de bombeiros em Odessa, disse Averina.

Os ataques ocorrem em meio às eleições presidenciais russas, que devem entregar ao presidente Vladimir Putin um quinto mandato no poder.

A Rússia disparou o primeiro míssil por volta das 11h no horário local, atingindo um prédio civil e causando um incêndio, segundo os serviços de emergência da Ucrânia.

Além dos 20 mortos, o procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, disse que pelo menos 73 pessoas ficaram feridas, incluindo sete funcionários de serviços de emergência.

Maria Slisovska, 50 anos, que vive perto do local do ataque, estava em casa quando os mísseis atingiram o território.

“No início, nossas janelas ainda estavam intactas. Então, cerca de cinco minutos depois, houve uma segunda explosão. Os tetos foram danificados. Na cozinha, o gesso caiu. Graças a Deus minha mãe não estava na cozinha naquele momento”, disse ela à CNN.

“O segundo golpe explodiu as janelas. Então as ambulâncias começaram a entrar. Haviam pessoas cobertas de sangue. Agora estamos limpando o vidro”, complementa.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky chamou as ações de um “ato desprezível de covardia” e disse que a busca por sobreviventes sob os escombros estão em andamento.

“Nossas Forças de Defesa farão de tudo para que os assassinos russos sintam nossa resposta justa”, acrescentou.

O ministro do Interior da Ucrânia, Ihor Klymenko, enviou suas condolências às famílias dos mortos e feridos e Denise Brown, coordenadora humanitária das Nações Unidas para a Ucrânia, condenou o ataque.

“A perda de vidas e ferimentos a àqueles que arriscam suas vidas para salvá-los é totalmente inaceitável”, disse Brown.

Odessa, um porto crucial para as exportações de grãos da Ucrânia e uma importante base para sua marinha, sofreu enormes danos após meses de ataques russos.

Na semana passada, um míssil russo explodiu a poucos metros de distância de um comboio que transportava Zelensky e o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis – o líder de um estado membro da OTAN. Ambos disseram que estavam perto o suficiente para ver e ouvir o ataque.

Zelensky frequentemente faz viagens de alto risco para as linhas de frente e recebeu dezenas de líderes mundiais na Ucrânia desde que a Rússia lançou sua invasão em grande escala. Mas o ataque foi uma das chamadas mais próximas para o presidente.

Após o ataque, Zelensky fez um apelo renovado para seus aliados para fornecer mais defesas aéreas. Enquanto a capital da Ucrânia, Kiev, é relativamente bem protegida pelo sistema dos EUA, nem todas as cidades ucranianas desfrutam do mesmo nível de blindagem.

Mitsotakis chamou a greve de um “lembrete vívido de que há uma verdadeira guerra acontecendo aqui. Todos os dias há uma guerra, que não afeta apenas a frente, os soldados – afeta nossos concidadãos inocentes.”