Ex-presidente do governo da Espanha fala sobre nova geopolítica e tecnologia em evento em SC

Em evento realizado nesta quarta-feira (2), na Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina), o ex-presidente do governo da Espanha, José María Aznar, abordou as mudanças na tecnologia e geopolítica, apontando caminhos para o futuro e a economia.

Aznar participou de evento na sede da Fiesc, em Florianópolis – Foto: Filipe Scotti/Fiesc/Divulgação

Para ele, o atual momento pode ser o mais disruptivo que já vivemos, justamente pela revolução tecnológica e à nova geopolítica. Aznar acredita que, para “sair ganhado” nesse momento de turbulência, as democracias precisam de contas públicas saneadas, incentivo ao livre comércio e à livre iniciativa, além de um sistema fiscal justo e segurança jurídica.

Aznar afirmou que os países ainda estão se recuperando da crise financeira de 2008 e dos efeitos da pandemia, que, combinados, levaram à ruína da globalização como conhecíamos, e a um consequente aumento do protecionismo, do intervencionismo, do nacionalismo, do populismo, da regulação, da polarização e das ameaças às liberdades individuais.

“As tensões do mundo hoje refletem esse período de mudança, sejam elas conflitos na Europa e no Oriente Médio ou o aumento da polarização política em todo o mundo. Perdemos a capacidade de dialogar”, disse. O ex-presidente do governo espanhol explicou ainda que a escalada do populismo em vários países do globo, prometendo soluções fáceis para questões complexas, é um fator que amplifica essa polarização.

Na avaliação de Aznar, a inteligência artificial será determinante para a concorrência entre empresas, mas também entre países, contribuindo decisivamente para a nova geopolítica. A aceleração do uso dessa tecnologia está fundamentada em quatro fatores: o desenvolvimento da inteligência artificial generativa, o projeto e design de semicondutores, a capacidade de computação quântica e a biotecnologia.

Embaixador “informal” de Santa Catarina na Espanha

O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, destacou que o estado de Santa Catarina compartilha muito dos valores expostos pelo ex-premiê.

Esse alinhamento de ideias motivou o convite para que Aznar seja uma espécie de embaixador informal de Santa Catarina na Espanha, contribuindo para fomentar o turismo e o comércio internacional entre o estado e o país europeu, a despeito da expectativa negativa de Aznar sobre a aprovação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

Isso porque o ex-presidente do governo espanhol afirmou que não acredita na possibilidade de assinatura do acordo bilateral num futuro próximo. “A Europa está focada em temas como a guerra na Ucrânia, a transição energética e questões imigratórias”, destacou.

Na avaliação dele, para que o acordo saia do papel será necessário uma aproximação maior entre o Mercosul, Portugal e Espanha, e que esses países estejam alinhados e unidos na defesa do acordo.

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