“Thank you” ou “thank you very much”, Eduardo? 

Como o papel aceita tudo e as redes digitais, então, nem se fala, vamos à última da família Bolsonaro, assessorada por magos da comunicação que, no entanto, foram incapazes de salvar o ex-presidente da derrota.

Com a palavra, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o Zero Três do pai, que pensou, um dia, em ser o embaixador do Brasil em Washington, e que só não foi porque lhe faltou apoio político aqui e lá fora.

Abro parêntese: pegaria mal para um presidente recém-empossado, muito mal, indicar um dos filhos para posto tão importante. Os conselheiros de Bolsonaro sofreram e levaram meses para finalmente convencê-lo disso.

De resto, ter vivido um tempo curto nos Estados Unidos aprendendo a fritar e a servir hambúrguer, não credencia ninguém a aspirar ao cargo de embaixador. É preciso mais atributos que Eduardo não tem. Fecho o parêntese.

Conta Eduardo no Instagram que teve “boas horas de conversa com o futuro presidente dos Estados Unidos da América, iniciada ao som do hino nacional americano”. Isso mesmo: “boas horas de conversa” depois do toque do hino.

Fonte da informação? Eduardo. Não há registro na imprensa americana, e em canto algum, que Donald Trump, ocupado em se reeleger, tenha passado horas conversando com Eduardo. Se houver registro, me avise.

De todo modo, o Zero Três tem fotos, ou pelo menos uma foto ao lado de Trump, para provar que o visitou, ontem, no seu palacete em Mar-a-Lago, na Flórida, e o testemunho insuspeito do deputado federal Mário Frias (PL-SP)

Segundo o relato de Eduardo, Trump “está ciente do que se passa no Brasil”. Ciente de que por aqui se passa o quê? Ele não diz. Ele, no caso, é Eduardo. Certamente reproduz uma frase que Trump lhe confidenciou baixinho.

Sobre as eleições americanas no fim deste ano, Eduardo afirmou que aguarda o retorno de Trump à Casa Branca, o que proporcionará ao país “tempos de paz e normalidade”. Ao país de Trump, é claro. Ao Brasil, poderia ser o contrário.

E agora vem o melhor do relato. Está sentado? Melhor sentar. Bolsonaro e Trump se falaram via chamada de vídeo. Sim, inacreditável, mas verdade. Bolsonaro e Trump se falaram via chamada de vídeo; Bolsonaro aqui, Trump lá.

Naturalmente, a conversa foi mediada por Eduardo que estava ao lado de Trump. E foi iniciativa dele ligar para o pai. Sobre o que conversaram? Segredo de Estado que não se revela. Se Eduardo revelasse, Trump, talvez, nunca mais o recebesse.

Comenta Eduardo sobre os dois estadistas: “É impossível não admitir que se tratam dos dois maiores líderes patriotas do Ocidente”. Os bolsonaristas de raiz vibraram com o relato nas redes sociais. Há muito que não tinham boas notícias.

A CNN Brasil, em um formidável esforço de reportagem, coisa rara hoje em dia, entrevistou Bolsonaro a respeito. Bolsonaro disse que a conversa, apesar de “rápida”, serviu para que ele desejasse a Trump “boa sorte para as eleições”.

Se dependesse dele, Bolsonaro iria à posse de Trump em janeiro. Mas como a posse depende de os americanos eleger Trump, e Bolsonaro, investigado pelo golpe de dezembro de 2022, está sem seu passaporte que foi apreendido…

Foi o próprio Eduardo que traduziu para Trump, que não entende português, o que disse seu pai a ele. E foi Eduardo que traduziu para Bolsonaro, que não entende inglês, o  “thank you” dito por Trump.

Nós, jornalistas, gostamos de citar fontes de informação; é uma mania que temos em respeito à audiência. “Ouvi de uma fonte…” “Consultei três fontes”. “Uma fonte acaba de me dizer agorinha mesmo”. Sigo a mesma cartilha.

Uma fonte me disse que Trump não respondeu aos votos de boa sorte de Bolsonaro com apenas um “thank you” (obrigado). Caloroso com ele que o tem como guru, Trump teria dito: “Thank you very much” (muito obrigado).

Mas só Eduardo pode esclarecer o que me disse a fonte, por sinal ligada a ele.

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Por Metrópoles

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