Algoz de Deolane e de jornalista: quem é a juíza que mandou prender Gusttavo Lima

O cantor Gusttavo Lima teve sua prisão decretada nesta segunda-feira (23). A juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara do Tribunal de Justiça de Pernambuco, responsável pela expedição do mandado que resultou na prisão dele, coleciona algumas polêmicas.

O mandado foi expedido no âmbito da Operação Integration, que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro e também resultou na prisão da advogada Deolane Bezerra no dia 4 de setembro.

Veja três polêmicas da juíza que mandou prender Gusttavo Lima

Dois mandados contra o mesmo jornalista

A primeira polêmica de Andréa Calado da Cruz foi ainda este ano, em abril. Na época, a juíza que decretou a prisão de Gusttavo Lima também havia expedido um mandado de prisão preventiva contra o jornalista Ricardo César do Vale Antunes.

O motivo era o descumprimento, por parte do jornalista, de uma ordem judicial para remover algumas reportagens que denunciavam um promotor pernambucano – Ricardo é dono de um blog em Pernambuco.

O MPPE (Ministério Público de Pernambuco) entendeu a ação como abuso de autoridade e denunciou a juíza por abuso de autoridade. A decisão de prender Ricardo foi derrubada em segunda instância ao considerar que não havia fundamentação idônea.

Em agosto, o deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE) entrou com uma ação contra o jornalista após ter sido citado em reportagens que o ligavam a um suposto esquema de corrupção.

O caso caiu, novamente, nas mãos da juíza, que condenou o jornalista à prisão por calúnia, injúria e difamação. Ricardo responde em liberdade e chegou a dizer que a juíza faz “stalking judicial” contra ele.

Suposta facilitação de adoção irregular

Em 2013, a juíza que mandou prender Gusttavo Lima era responsável pela vara da Infância e Juventude de Olinda, na região metropolitana de Recife. Na época, ela esteve envolvida em um caso de concessão da guarda provisória de uma criança a um casal estrangeiro.

O MPPE entrou com uma ação denunciando a juíza por autorizar um bebê de nove meses a ter um passaporte emitido para viagem internacional. A criança estava sob guarda provisória de um casal estrangeiro, que não havia a adotado legalmente e, portanto, não poderiam viajar com ela.

O MPPE também havia denunciado uma possível interferência política, devido à relação entre sua assessora e a filha de um político da região, que era amigo do casal estrangeiro.

Acusada de manipular de processos

A magistrada que decretou a prisão de Gusttavo Lima esteve em nova polêmica em 2014, no ano seguinte à suspeita de favorecer a emissão irregular de passaporte.

Na época, a OAB/PE (Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco) entrou com uma representação no Conselho Nacional de Justiça acusando a juíza de manipular distribuição de processos criminais e emissão de certidão falsa.

O órgão alegou que a distribuição de processos entre duas varas em da cidade de Vitória de Santo Antão, a 46 km de Recife, estava sendo feita de forma impositiva e arbitrária pela juíza. A maneira correta, segundo a representação, deveria ser por meio de sorteio.

Gusttavo Lima “levanta sérias questões sobre participação em atividades criminosas”

Apesar das polêmicas, a juíza segue ganhando notoriedade, especialmente por conta das prisões da influenciadora Deolane Bezerra, e, agora, de Gusttavo Lima.

Segundo a juíza, a relação do cantor com os donos da Vai de Bet, que também têm mandado de prisão expedido contra eles mas estão foragidos no exterior, “demonstra uma alarmante falta de consideração pela Justiça”. Ela também apontou que movimentações suspeitas do artista “levanta[m] sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas”.

Ela defende, na decisão, que “a Justiça, por sua natureza, é cega e não deve ser afetada por condições financeiras” e que “ninguém pode escapar de suas responsabilidades, independentemente de sua riqueza ou influência”.