BR-101: proposta de obras do Governo pode gerar custo de R$ 155 bi para usuários, diz Fiesc

Um estudo encomendado pela Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) apontou que a atual proposta de obras para a BR-101, no Norte do Estado, pode gerar um custo acumulado de R$ 155,7 bilhões para os usuários, entre 2033 e 2047. A federação ainda propôs a inclusão de outras melhorias no pacote, que foi realizado pelo Ministério dos Transportes.

BR-101: proposta de obras do Governo pode gerar custo de R$ 155 bi para usuários, diz Fiesc

BR-101: proposta de obras do Governo pode gerar custo de R$ 155 bi para usuários, diz Fiesc – Foto: Google Maps/Reprodução/ND

Conforme o estudo, a despesa engloba custos de combustível, operacionais, de tempo de viagem decorrentes dos congestionamentos ocasionados pela falta de capacidade e custos envolvendo acidentes.

Segundo a Fiesc, a entidade é favorável à repactuação e extensão do prazo de concessão da BR-101, no Norte do Estado, dentro do modelo sugerido pelo Ministério dos Transportes. Entretanto, ainda considera que o estudo técnico avaliou que as obras e investimentos propostos são insuficientes.

Os dados levantados, apresentados na última sexta-feira (20), apontou quais melhorias o Governo Federal precisa adotar para oferecer mais segurança e resolver os principais gargalos das BRs 101 Norte e 116.

O estudo indicou que, no caso da BR-101, as obras mapeadas não conseguirão suportar o aumento de tráfego previsto na rodovia até 2048. A análise mostrou que vários trechos da BR-101 terão nível de serviço “F” – o pior na escala HCM (Highway Capacity Manual) -, que acontece quando a demanda excede a capacidade da via.

As obras propostas também terão um impacto ambiental significativo, conforme a análise realizada pelo engenheiro de tráfego Lucas Trindade. Será um aumento de mais de 40% nas emissões de poluentes, o que equivale a 8 trilhões de toneladas adicionais de CO2, NOx, PM e VOC lançados na atmosfera.

Quais medidas devem ser revisadas, segundo Fiesc

“Acreditamos que a renovação do contrato é a melhor solução para Santa Catarina, nos moldes em que está sendo proposta. No entanto, o estudo mostrou que as obras e melhorias contempladas na proposição não atendem às necessidades dos catarinenses. Isso não invalida a percepção de que a repactuação é benéfica, mas precisamos incorporar nela medidas para elevar a segurança e a melhora nos níveis de serviço da rodovia”, afirmou o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar.

Entre as novas propostas levantadas pelo estudo, estão obras como terceiras faixas, vias laterais, melhorias nos entroncamentos, pontes e obras de arte especiais, por ordem de prioridade, conforme as simulações feitas na análise.

A federação reconheceu, ainda, que incorporar mais obras na proposta do Ministério dos Transportes terá impacto na tarifa de pedágio. No entanto, a tarifa proposta na repactuação ainda é uma das menores do país.

“Sugerimos a elaboração de um estudo para avaliar se a adoção do free flow poderia minimizar eventuais impactos na tarifa. A adoção do pedágio por quilômetro rodado seria uma medida justa para o usuário e também para a concessionária, já que tem potencial de elevar receitas que podem ser revertidas nas obras que estamos pleiteando”, avaliou o presidente da Câmara de Transporte e Logística da Fiesc, Egídio Martorano.

Propostas de obras

BR-101 Norte:

  • Incorporação de obras para garantir nível de serviço mínimo na classificação “D” da metodologia HCM.
  • Obras estratégicas no entorno para maior eficiência, de responsabilidade dos municípios ou do governo do estado. Exemplo: ligação da Rodovia Antônio Heil com a BR-101 (já incluída no programa Estrada Boa, do Governo do Estado), melhorias no acesso ao Porto de Itapoá (estrada municipal e rodovias estaduais), corredor portuário de Itajaí (municipal), entre outras.

BRs 101 Norte e 116:

  • Implantação do pedágio por quilômetro rodado (free flow). Proposta: avaliar impactos na receita da rodovia da adoção do free flow para incorporar mais obras na proposta de repactuação da BR-101 e 116, em ordem de prioridade.
  • Implantação do pedágio variável. Proposta: a aplicação do pedágio variável pode ser uma importante ferramenta no combate ao congestionamento. Nesta alternativa, a tarifa base sofre um acréscimo durante os horários de pico, enquanto é reduzida nos horários de subutilização da rodovia. Esta possibilidade incentiva os motoristas a viajarem em diferentes horários, diluindo o tráfego ao longo do dia.
  • Inovação e conectividade. Proposta: implantar sistemas de inteligência de tráfego e garantir conectividade para aumentar a segurança da rodovia. A conectividade permite agilidade na comunicação em caso de emergência. Para as transportadoras, a conexão permitirá que a gestão de frotas seja otimizada, gerando informações como por exemplo localização em tempo real, consumo médio, velocidade, bloqueio de veículos, entre outros.
  • Paramédica motocicleta, ou “motolância”. Proposta: adotar o atendimento rápido e eficiente por meio de “motolâncias” nas ocorrências de acidentes rodoviários, melhorando a assistência aos usuários e diminuindo o tempo de congestionamento, com impactos na eficiência.
  • Preservação de áreas de domínio. Proposta: aumentar a fiscalização e elaborar Plano Diretor visando a conservação das áreas lindeiras, a fim de inibir ocupações indesejáveis. Essas ocupações são um dos principais motivos da ineficiência de nossa malha rodoviária, principalmente em áreas urbanas. Além de afetar a segurança da rodovia, a ocupação pode representar aumento de custos e dificuldades para a ampliação de capacidade.
  • Bloqueador de visão de acidente. Proposta: adotar o bloqueador de visão para acidentes para evitar redução no fluxo de tráfego causado por curiosos. Em situações de acidentes de trânsito em rodovias, o fluxo é comprometido não somente pelo distúrbio direto causado pelo acidente, mas também pela curiosidade dos motoristas, que reduzem a velocidade para acompanhar a ocorrência.

Rodovia paralela

Na apresentação do estudo, a Fiesc ainda voltou a defender o projeto da rodovia paralela para atender ao crescimento da demanda projetada para as próximas décadas.

Para entender os desafios da construção do corredor rodoviário litorâneo norte, o engenheiro e consultor da Fiesc Ricardo Saporiti fez uma análise técnica das obras propostas pelo Governo do Estado, em um trecho que vai de Joinville a Tijucas, com 144 km.

Para Saporiti, o ponto crítico da ideia da rodovia paralela, até o momento, é que não existe licitação para o projeto de engenharia do trecho que ligaria a nova rodovia ao contorno viário da Grande Florianópolis. “Sem o segmento de Brusque até o contorno viário, de 44 km, a alternativa para desafogar o trânsito não vai funcionar. O trânsito será direcionado para a rodovia Antônio Heil, gerando mais tráfego no entroncamento dela com a BR-101.” O consultor lembrou ainda que a estimativa otimista de conclusão das obras seria de quatro anos, levando o prazo para a 2031.

*Com informações da Fiesc.

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