Vídeo: sarjetas racham e concreto esfarela 3 meses após recapeamento

São Paulo — Sarjetas que foram refeitas pela Prefeitura de São Paulo estão rachadas e o concreto já esfarela apenas três meses após o recapeamento de vias da capital paulista. As rachaduras favorecem a infiltração de água, que compromete a durabilidade do asfalto.

O programa de recapeamento da prefeitura começou em junho de 2022 com a previsão de consumir R$ 1 bilhão em recursos. Até o início de março, a administração municipal tinha finalizado o serviço em 737 trechos de vias da cidade.

Na Rua Vergueiro, as obras entre as ruas do Paraíso e Baltazar Lisboa começaram em 11 de novembro. Foram semanas de raspagem do pavimento, conserto de sarjetas e aplicação da novo asfalto até ser dado como finalizado pela prefeitura.

Nesta semana, a sarjeta já estava rachada em diversos pontos. Na pista em direção ao bairro, na altura do 1.900, por exemplo, o concreto chega a esfarelar quando tocado com as próprias mãos.

Já na Alameda Santos, as obras de recapeamento tiveram início no fim de outubro. As sarjetas chegam a ter buracos, como em uma faixa de pedestres no cruzamento com a Rua Haddock Lobo.


0

Em outros pontos, como na própria Haddock Lobo, onde o recapeamento começou a ser feito em dezembro, trechos críticos das sarjetas foram ignorados e há buraco com água já infiltrando no asfalto novo.

Prejuízo

“A guia e a sarjeta mal feitas, principalmente a sarjeta, por onde as águas pluviais escoam, prejudica o pavimento, porque permite a infiltração,, o que tem um efeito deletério nos pavimentos. Diminui a resistência da base e, assim, acelera a deterioração dos pavimentos”, afirma José Leomar Fernandes Júnior, professor da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP).

Fernandes Júnior afirma que é preciso evitar esse tipo de problema e punir quem não faz o serviço bem feito “pelas consequências que causa”. “Assim, as especificações técnicas, que norteiam os contratos, devem ser bem elaboradas para cobrar um adequado controle tecnológico e prever punições para os casos de serviços mal executados, de forma que não seja vantajosa a execução negligente”, diz.

O que diz a prefeitura

A Secretaria Municipal das Subprefeituras afirma que fará uma nova vistoria nos endereços apontados pela reportagem e as empresas serão notificadas sobre o reparo necessário. “É importante ressaltar que, em caso de qualquer inconformidade, a cidade de São Paulo está protegida pelo edital e contrato que estabelecem cinco anos de garantia dos serviços executados, sem nenhum custo adicional à prefeitura”, diz, em nota.

A SMSUB afirma que a fiscalização é feita por uma empresa contratada para realizar vistorias periódicas, programadas e espontâneas em todos os trechos do programa de recapeamento. “Em 99,7% dos casos não houve nenhuma inconformidade constatada até agora. Nos casos em que foram identificados problemas, as empresas refizeram o serviço e cumpriram o contrato ao assumir as despesas decorrentes. Durante a garantia, serão realizadas vistorias para assegurar a qualidade do serviço”, diz.

Segundo a secretaria, o recapeamento se baseia em estudos e uso de alta tecnologia para definir o que vai ser feito. “Entre as ferramentas usadas para a elaboração do projeto está o Pavscan, que utiliza feixes a laser para identificar as condições do local”, afirma.

A pasta também diz que o material usado para a recomposição das sarjetas é o Lastro de Concreto FCK = 10Mpa e Sarjeta FCK = 25M. “O lastro é uma camada base que evita que o concreto com função estrutural entre em contato direto com o solo, protegendo a sarjeta de possíveis avarias”, diz.

A secretaria afirma também que tem “compromisso com a qualidade dos serviços prestados, garantindo tecnologia nos estudos, materiais considerados os melhores do mercado e uma fiscalização ativa para que a população de São Paulo tenha o melhor e mais duradouro recapeamento da sua história”.

source
Por Metrópoles

Adicionar aos favoritos o Link permanente.