Baixista da banda Zimbra que perdeu quatro dedos recebe alta após dois meses: ‘Recomeço’


Guilherme Goes, de 29 anos, perdeu os dedos da mão direita em um acidente de buggy em Campos do Jordão (SP). O músico relatou que, durante os 62 dias em que esteve internado, passou por um profundo processo de ressignificação da vida. Baixista da banda Zimbra, que perdeu quatro dedos da mão direita após sofrer um acidente de buggy, recebe alta hospitalar
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O baixista da banda Zimbra, Guilherme Goes, de 29 anos, que perdeu quatro dedos da mão direita após sofrer um acidente de buggy durante uma viagem a Campos do Jordão (SP), teve alta hospitalar depois de mais de dois meses internado. Ao g1, o músico disse que o período em que esteve internado foi importante para ressignificar a vida.
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“Uma coisa que estou muito feliz é que meu dedão, aquele que vai ser pivô de tudo agora, está bem saudável, bem articulado, não estou com nenhuma limitação em relação a movimento. Isso é muito bom. Vou ter que usar ele para voltar a fazer as atividades”, disse Guilherme.
O acidente ocorreu em 20 de julho. Dias depois, em entrevista ao g1, Guilherme falou sobre os planos de voltar aos palcos, detalhes sobre o acidente, além de ter contato que está habituado a tocar só com o dedão. “Quando eu vi que estava com meu dedão, eu só consegui agradecer. O sonho não acabou aqui” (relembre abaixo).
Guilherme teve alta na última sexta-feira (20) após um período de 62 dias internado na Santa Casa de Santos. Ao g1, o baixista disse que está feliz em voltar para casa e ficar perto da filha, esposa e familiares, além de estar cheio de energia e vontade para se recuperar 100% e voltar aos palcos.
Guilherme contou que passou por acompanhamento psicológico no hospital e que muitas pessoas se surpreenderam com a forma que ele conduziu a situação com paciência. “Muita gente não aceita o tipo de lesão que eu tive. É uma coisa muito séria, um luto”.
Encarar com paciência foi a única opção dele. “Vou lamentar e ficar em depressão ou vou tocar a minha vida. Estou lidando mais como livramento o que aconteceu comigo. Ainda tenho meu dedo aqui. Poderia ter acontecido coisa muito pior, foi um tempo de internação longo, mas foi bom para ressignificar muita coisa na minha vida”.
Guilherme, baixista da banda Zimbra, tem alta após 62 dias internado, em Santos (SP)
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Período de internação
Guilherme disse que tinha previsão de alta nas primeiras semanas de internação, mas que a parte de cima da mão começou a necrosar.
O longo período de internação foi necessário para delimitar a área necrosada, que precisou ser removida em cirurgia, seguida de um enxerto de pele.
De acordo com Guilherme, ele realizou 30 sessões na câmara hiperbárica, que ajudaram a delimitar a necrose e aceleraram a cicatrização da parte inferior da mão. Após a remoção da área necrosada, não foi possível fazer o enxerto de pele imediatamente devido à presença de secreção.
Ele recebeu antibióticos e passou por uma coleta para análise, que identificou duas bactérias. Guilherme precisou tomar medicação por mais 15 dias antes do enxerto, realizado na última quarta-feira (18).
O baixista relatou que essa fase final no hospital foi a mais difícil, marcada por reações ao antibiótico e por múltiplas tentativas de encontrar uma veia para as infusões.
“Foi bem desgastante nessa reta final, mas fui contribuído com uma cirurgia que deu certo e no pós-operatório já tive alta. Estou mega feliz, já estou com minha família, minha filha, minha esposa. Agora é a hora do recomeço”, disse.
Lançamento do ‘Pouso’
Banda Zimbra
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A banda Zimbra lançou o disco ‘Pouso’ em 30 de agosto nas plataformas digitais. Na ocasião, Guilherme ainda estava internado. Para ele, foi difícil já que eles tinham planos em relação ao lançamento de conteúdo e clipes, mas que isso foi remanejado.
O baixista afirmou que o tanto o single ‘O que era certo’ e o álbum ‘Pouso’ seguiram o planejamento e foram lançados nas datas que já haviam sido combinadas. Do hospital, ele acompanhou a repercussão nas redes sociais.
“Mesmo estando lá internado, de lá tive muito tempo para ficar na internet, e acompanhei bem de perto a recepção do público com o disco. Fazia bastante tempo que não tinha uma recepção tão boa de um trabalho lançado. Foi muito gratificante”, disse.
Guilherme contou que o acidente foi de encontro com o período pré-lançamento do álbum, em que os integrantes da banda estavam em um hiato de shows, mas que, geralmente, em um ou dois meses após a divulgação eles saem em turnê, que neste caso, começará em outubro.
“Estou muito ansioso. Para mim é muito estranho ver as coisas acontecerem e eu não estar lá porque sempre fiz parte daquilo, aquele lugar sempre foi meu de estar tocando. Hoje a gente está fazendo o recurso da trilha, que é o computador que está soltando o playback do baixo”, disse.
Além desse recurso, se necessário, Bruninho, roadie da banda, pode assumir a função de baixista. Guilherme expressou sua determinação: “Quando tiver possibilidade de voltar, com tudo cicatrizado, eu vou viver o contrabaixo porque quero voltar o quanto antes. Os meninos estão bem tranquilos, estão me me dando apoio, respaldo e falando que é tudo no meu tempo”.
O acidente
Guilherme Goes, baixista da banda Zimbra, perdeu quatro dedos da mão direita.
Reprodução/Redes sociais
De acordo com o baixista, uma amiga o levou imediatamente até um hospital da cidade, mas, como não era possível implantar os dedos, após os primeiros socorros, foi transferido à Santa Casa de Santos, onde passou por cirurgia e permanece internado.
“No momento em que ele [buggy] capotou, vi que tinha sofrido esse acidente e perdido os dedos. Eu não apaguei, fiquei super consciente, fiquei até muito sóbrio pela gravidade do acidente”, relembrou Guilherme.
Guilherme contou que ficou em choque no momento do acidente e que traumatizado nos primeiros dias hospitalizado. No entanto, faz questão de agradecer por estar vivo e não ter perdido o polegar.
Guilherme Goes, baixista da banda Zimbra, perdeu quatro dedos da mão direita em acidente de buggy
Reprodução/Redes Sociais
Em agosto, o médico que acompanha o caso, que também é diretor técnico da Santa Casa de Santos, Alex Macedo, disse ao g1 que Guilherme pode voltar aos palcos tocando o contrabaixo com apenas o polegar.
“O polegar é extremamente ágil. Então, acho que com pouco grau de treinamento ele conseguirá voltar a tocar o contrabaixo com um dedo só. […] É possível que ele volte. Vai depender do treinamento, da dedicação dele, mas é possível voltar a tocar o contrabaixo com apenas um dedo”, disse Macedo.
No caso de Guilherme, o médico explicou que ele perdeu os dedos: indicador, médio, anelar e o mindinho. “Ele já chegou para a gente com os dedos amputados […]. Nós não temos os detalhes de como chegou [após o acidente] para saber da possibilidade do implante ou não”.
Anúncio do acidente
Baixista da banda Zimbra perde quatro dedos após acidente de buggy
Uma semana após o acidente, em 28 de julho, o baixista disse nas redes sociais dele e da banda Zimbra, que está bem. No entanto, Guilherme contou que sofreu para aceitar o que tinha acontecido. O grupo precisou cancelar um show previsto para Campinas no dia 21.
“No começo o processo de assimilação foi bem difícil para entender o que estava acontecendo comigo. Só que depois eu só consegui agradecer por estar vivo”, disse ele.
O músico afirmou que a expectativa é seguir o trabalho como baixista, apesar da perda dos dedos. “Vou conseguir voltar a fazer a coisa que eu mais amo nessa vida, que é subir no palco. Os médicos estão felizes que eu tenho uma recuperação muito boa, as coisas estão acontecendo muito bem”.
Banda Zimbra
Com estilo de pop rock, a banda Zimbra foi formada em 2011, pelos músicos santistas Rafael Costa (vocal), Vitor Fernandes (guitarra), Guilherme Goes (baixo) e Pedro Furtado (bateria), e ficou conhecida com um repertório autoral, que gerou diversos CDs, singles, clipes e álbuns. A música ‘Me Mude’, inclusive, chegou a ser trilha sonora da série ‘Shippados’, da Globoplay.
O grupo se apresenta por todo o país e já dividiu palco com artistas como Nasi (Ira!), Teatro Mágico, NX Zero, Natiruts, Capital Inicial, Fresno, Supercombo e Scalene. Além disso, o grupo já participou de importantes festivais, como Lollapalooza (2015) e Rock in Rio (2019).
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