Pacientes fazem cursos durante sessões de hemodiálise em hospital no ES; ‘Nunca é tarde para aprender’


Projeto “Diálise em Ação” tem como objetivo deixar mais produtivas as horas que as pessoas passam ligadas à máquina de tratamento e humanizar o atendimento. Iniciativa é pioneira no Brasil. Pacientes fazem cursos on-line durante a sessão de hemodiálise em Aracruz
Pacientes que fazem hemodiálise em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, têm a possibilidade de passar as horas semanais consumidas pelo tratamento de maneira mais produtiva. Há cerca de um ano, o projeto “Diálise em Ação” permite que eles façam cursos de capacitação on-line enquanto são atendidos durante as sessões na clínica, dentro de um hospital filantrópico.
A rotina de quem faz hemodiálise inclui horas semanais ligadas a uma máquina para remoção de líquido e substâncias tóxicas do sangue, como se fosse um rim artificial.
A maioria dos pacientes do Centro de Hemodiálise de Aracruz vai à unidade três vezes por semana e passa quatro horas na sessão, junto à máquina, totalizando 12 horas semanais.
Pacientes fazem cursos profissionalizantes durante sessões de hemodiálise em Aracruz, Espírito Santo.
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O centro é administrado pela Fundação Hospital Maternidade São Camilo, sob a fiscalização e acompanhamento da Secretaria Municipal de Saúde.
De acordo com a diretora técnica do hospital, Nina Mori, o interesse pelos cursos surgiu dos próprios pacientes, devido a essa quantidade de horas ociosas no local do tratamento.
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“Os pacientes trouxeram essa ideia e, em conjunto, conseguimos viabilizar. O hospital procurou a instituição de ensino para ofertar os cursos gratuitamente e o município se disponibilizou a fazer a doação de tablets para os pacientes que quisessem aderir aos cursos. É algo novo e não vamos parar por aqui. A ideia é trazer mais cursos, mais estudo para eles”, explicou Nina.
Por meio de uma plataforma on-line, onde os estudantes têm acesso a 55 cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC), em diferentes áreas como empreendedorismo, tecnológica e indústria. Cada curso tem uma duração específica e, ao final, é entregue um certificado.
Pacientes fazem cursos profissionalizantes durante sessões de hemodiálise em Aracruz, Espírito Santo.
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Há 11 anos, José da Costa Pessoa faz hemodiálise. Para ele, o curso tem sido uma forma de aproveitar melhor o tempo que passa no hospital.
“Conhecimento é bom. E terminando um, a gente vai fazer outro, para ocupar o tempo. Nunca é tarde para aprender. A idade está chegando, mas a gente gosta de se informar”, celebrou.
Dinnay Santana, de 42 anos, fez cursos profissionalizantes durante sessões de hemodiálise em Aracruz, no Espírito Santo.
Arquivo pessoal
Dinnay Santana, de 42 anos, é outro exemplo de quem aproveitou a oportunidade. Ele fez hemodiálise durante quase 6 anos, e concluiu dois cursos na área de refrigeração nos últimos meses. O paciente teve direito à festa de formatura na clínica com os profissionais que o atendem, no mês de julho.
“Eu terminei um curso de refrigeração industrial e comercial e outro de manutenção em refrigeração. Tudo na mesma área, que eu gosto, para ficar o conhecimento bem completo mesmo, o que vai me ajudar muito, caso futuramente eu venha a atuar nessa área”, planejou.
Dinnay realizou o transplantes de rim nesta segunda-feira (16) e está se recuperando da cirurgia.
Atualmente, a clínica atende a 99 pacientes com doença renal crônica e doença renal aguda. A prioridade do atendimento é para moradores de Aracruz e municípios vizinhos, como João Neiva, Ibiraçu e Fundão. Fazer ou não o curso é opcional.
Pacientes fazem cursos profissionalizantes durante sessões de hemodiálise em Aracruz, Espírito Santo.
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Para o médico Leandro Spadette, a qualificação profissional faz parte do conjunto de propostas de humanização e melhoria da qualidade de vida de quem recebe o tratamento.
“O curso auxilia em um bom retorno desses pacientes ao mercado de trabalho, não só quando eles transplantarem e puderem um dia ter alta da diálise, mas também durante a diálise. Uma hemodiálise bem feita representa o retorno do paciente à sua vida social, ao mercado de trabalho, para que a gente realmente possa trazer qualidade de vida a essa paciente”, pontuou Spadette.
Segundo a secretária de Saúde do município, Rosiane Scarpatt Toffoli, a iniciativa é inédita no país.
“É um orgulho para nós sermos a única clínica do Brasil que oferta durante o período da hemodiálise essa oportunidade de capacitação para os pacientes. Isso é qualidade de vida, humanização, é fazer o paciente sentir que é um ser como um todo, ele não está só ligado a uma máquina”, afirmou.
Pacientes fazem cursos profissionalizantes durante sessões de hemodiálise em Aracruz, Espírito Santo.
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Dinnay celebra a qualificação a mais no currículo e já planeja o futuro, agora que o transplante foi realizado. O paciente descobriu compatibilidade com a esposa.
“Eu tirei a sorte grande né? Se compatível com a minha esposa, a chance era muito pequena. […] Com saúde, formado e pronto para o que a vida tem para nos oferecer, se Deus quiser!”, desejou.
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