Alexandre de Moraes, como as jiboias, mata suas presas devagarinho

A Polícia Federal se deu mais 60 dias para concluir o inquérito sobre as tentativas de golpe contra a democracia comandadas por Bolsonaro depois que ele não conseguiu se reeleger.

Sem contar outras, também abortadas por falta de apoio suficiente, ele tentou mais duas vezes. A primeira em dezembro, a segunda em 8 de janeiro, por meio de seguidores.

No caso da última, Bolsonaro sempre poderá dizer que estava fora do país quando ela aconteceu – em Orlando, nos Estados Unidos, torcendo para que a Festa da Selma desse certo.

Selma, não Selva. Selva é uma saudação militar. Selma, o nome da operação tramada para depor Lula que dias antes tomara posse. Militares da ativa assistiram inertes a tudo.

Os golpistas, depois de invadirem a Praça dos Três Poderes, caminharam de volta ao acampamento montado à porta do QG do Exército, e ali foram de novo bem acolhidos.

A Polícia Militar foi ao QG com a missão de prendê-los. O Comandante do Exército movimentou tanques para impedir. A prisão só foi possível no dia seguinte. É o que sabemos.

Mas a Polícia Federal sabe muito mais. E com o tanto que já sabe, pelas provas e evidências que recolheu até agora, sente-se pronta e à vontade para prender o ex-presidente.

Para isso, está no aguardo de uma ordem da Justiça – leia-se: Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do inquérito que corre por lá há muitos anos.

Moraes parece não ter pressa. Como a jiboia, ele mata por constrição, que quer dizer aperto, estreitamento. Enrola-se na presa, quebra-lhe os ossos e a mata aos pouquinhos.

Jiboias não apresentam glândulas de veneno, nem dentes inoculadores. Não são, portanto, cobras venenosas. Moraes têm glândulas e dentes inoculadores, mas prefere não usá-los.

Foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante-de-ordem do presidente da República, quem escancarou de vez a porta da prisão para que por ela possa entrar Bolsonaro, seu ex-chefe.

Fê-lo para salvar seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid, que vendeu e recomprou joias roubadas por Bolsonaro do acervo de presentes recebidos pelo Estado brasileiro.

Salvando o pai, Mauro Cid também salvaria da curiosidade geral os negócios da sua família feitos nos Estados Unidos e, ao que tudo indica, não declarados aqui à Receita Federal.

Mauro-Cid já depôs à Polícia Federal sete vezes desde que foi preso em 3 de maio do ano passado. Nas três primeiras, calou-se. Nas seguintes, cantou como um canário campeão.

No total, cantou durante 33 horas para cumprir sua parte na delação premiada sancionada por Moraes. O depoimento mais longo que prestou, de 12 horas, ocorreu em 31 de agosto.

Dada à falta de pressa de Moraes, típico das jiboias, Mauro Cid poderá voltar a depor. É muita história para contar – golpe, roubo de joias, certidão de vacina falsificada…

Diz Bolsonaro que pedirá de volta seu passaporte apreendido por Moraes para viajar a Israel a convite do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O pedido não será atendido.

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, que cada vez mais se espelha em Bolsonaro, disse que também foi convidado por Netanyahu a visitar Israel.

Foi desmentido pelo embaixador de Israel no Brasil. O convite partiu de uma mesquita montada por brasileiros em Tel Aviv. Mas nada impede que Netanyahu esteja por trás do convite.

Seria para provocar Lula. Netanyahu não o perdoa por comparar o massacre dos palestinos na Faixa de Gaza com o massacre dos judeus na Alemanha nazista.

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Por Metrópoles

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