Ovos de Páscoa estão 18% mais caros este ano

Faltando pouco mais de 30 dias para a Páscoa, uma das estrelas dessa data já não atrai mais tanto a atenção e nem o bolso dos consumidores brasileiros.

Este ano, os tradicionais ovos de Páscoa sofreram um reajuste médio de 18% no preço de negociação com os fornecedores, fazendo com que se repita uma tendência já apontada em 2023: foco maior na compra e venda de barras de chocolates e caixas de bombons.

E não precisa muita coisa para constatar essa tendência. Basta caminhar pelos corredores dos supermercados para perceber que o espaço dedicado aos ovos de Páscoa estão cada vez menores.

O preço mais caro dos ovos de chocolate aparece em uma sondagem sobre a preparação para a Páscoa feita com redes supermercadistas que atuam nos estados de São Paulo, Rio Grande do Norte e Bahia, com cerca de 100 supermercados associados.

Neste levantamento feito pela Área Central, empresa referência em tecnologias e inteligência de negócios, foi revelado que no ano passado as redes reportaram uma queda de 40% nas vendas de ovos de chocolate, dando destaque a outros tipos de itens.

A estratégia evita maiores repasses aos consumidores e a chance de prejuízo, já que ovos estão ficando encalhados nas prateleiras.

Para este ano, um exemplo de aumento significativo em valor de negociação que pode ser verificado na sondagem é o ovo “Sonho de Valsa”, que em 2023 custava R$ 53,00, e agora custa em média R$ 67,00.

Sem contar com aqueles que os valores chegam facilmente na casa dos três dígitos.

Ainda é cedo para falar de quedas nas vendas em 2024, mas para Cristiano Martins, executivo de Relacionamento da Área Central, é muito provável que não aumente a procura pelos ovos de Páscoa, levando em conta que eles são considerados supérfluos e a tendência é que as famílias priorizem sempre outros itens de cesta básica, por exemplo.

Menor variedade

As redes consultadas no levantamento também indicaram uma redução na diversidade de opções nas prateleiras. Em relação a isso, Cristiano explica que, além do fato de alguns modelos não serem mais produzidos, a própria indústria também reduziu o mix de produtos e isso impacta na redução do número de marcas disponíveis para o consumidor.

Um detalhe importante é que o mix de produtos escolhidos pelos lojistas geralmente é baseado no volume de vendas, ou seja, eles compram o que é mais vendido nas lojas, e não estão mais com a prática de ter muito estoque e depois fazer promoção.

O que significa que, dessa vez, não vai adiantar esperar pelo domingo de Páscoa para comprar ovo de chocolate mais barato.

Outra percepção do levantamento é de que as barras de chocolate comercializadas nesses estabelecimentos também tiveram redução de tamanho.

Antes esses itens tinham média de 150 gramas, hoje, os de 110 ou 90 gramas são os que mais ganham destaque entre os comerciantes, visando as estratégias de tamanho e precificação desses produtos na indústria. É a famosa reduflação.

A indústria está evitando ao máximo aumentar o preço, por isso seguem diminuindo o volume do chocolate. Muitas vezes até mantendo o tamanho da barra, mas deixando ele mais fino justamente para dar a impressão de que o cliente não está perdendo nada. No caso das caixas de bombom, eles estão reduzindo o número de unidades dentro da embalagem”, alerta o executivo.

Sobre essa reduflação, o Procon-SP lembra que a legislação estabelece que os produtos que tiverem quaisquer alterações em sua composição ou nas quantidades devem trazer essa informação em suas embalagens de forma clara e ostensiva (com destaque), e por um período de, no mínimo, seis meses.

Os consumidores que encontrarem situações em que não estejam devidamente informadas, podem registrar uma reclamação no Procon, se possível anexando evidências de que as eventuais alterações não estão sendo devidamente informadas.

Crise do Cacau

O preço do cacau voltou a bater recorde na bolsa de valores de Nova York na última semana. A alta de cerca de 4% colocou o cacau na marca de US$ 6.218 a tonelada. Por isso o impacto no valor do chocolate é inevitável e já era esperado.

O problema é que as produções de cacau sentem os impactos dos efeitos climáticos. O recente La Niña, por exemplo, já vinha impactando a produção global do fruto e, no último semestre, o El Niño aumentou as temperaturas e diminuiu a chuva em algumas regiões.

Isso reduziu ainda mais a produtividade dos cacaueiros nos dois principais países produtores do mundo: Costa do Marfim e Gana.

Outro motivo para a disparada é a chegada de ventos do deserto do Saara, chamados de Harmattan, ao oeste da África. Inclusive, o fenômeno pode ter sido um dos responsáveis pela morte de grande parte da florada do cacau na região.

Alê Delara, diretor da Pine Agronegócios, afirma que as exportações de fevereiro estão 33% menores do que as do mesmo período de 2023. Ainda segundo ele, a expectativa é de que 2024 seja o quarto ano de déficit global na oferta do fruto. (CNN Brasil)

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