Kenya Sade estrela sua primeira capa da Glamour Brasil

Revelada pela TV Cultura e sucesso na Trace Brasil, canal de televisão voltado à cultura afro-brasileira, Kenya Sade estreitou sua relação com as câmeras e, em dois anos, passou a integrar o time de apresentadores da TV Globo, onde ficou responsável pelas transmissões dos maiores festivais de música do país. Entre backstages e entradas ao vivo, Sade, aos 30 anos, é um destaque no cenário de entretenimento nacional e é vista pela emissora como uma grande aposta para os conteúdos de nicho musical.

Glamour Kenya Sade

Atualmente é co-host do The Masked Singer Brasil; fez a cobertura do Carnaval de São Paulo e do Rio de Janeiro e do Festival de Verão de Salvador em 2024; foi a escolhida da emissora para o especial com Beyoncé na rápida passagem por Salvador no final do ano passado; além das coberturas da primeira edição do The Town em São Paulo e do Rock in Rio.

Em março ela realiza mais um marco em sua carreira: estrela sua primeira capa na edição digital da revista Glamour Brasil, em celebração ao Dia Internacional da Mulher. Na entrevista, a jornalista de formação e comunicadora na essência, aborda sobre sua ancestralidade angolana; sua relação com a mãe, sua grande inspiração; a importância de conquistar espaços e voz como mulher negra e LGBTQIAP+; relacionamento e, claro, seu conhecimento sobre música e as portas que abriu graças a ele.

Kenya Sade

A entrevista na íntegra e as fotos do ensaio você confere no site da Glamour Brasil e no app Globo Mais.

Kenya Sade@Thais Vandanezi

Confira os principais highlights abaixo:

Glamour: Como é fazer parte da transformação do debate racial no Brasil no audiovisual?

Kenya Sade: O movimento negro durante muitos anos fez uma luta contínua para que a gente pudesse ocupar lugares de forma genuína e não como um token. Glória Maria esteve lá para abrir portas para mulheres, assim como Maju Coutinho e tantas outras comunicadoras pretas. Avançamos muito na pauta, mas ainda sinto falta de apresentadoras e outros profissionais no entretenimento. Quando trago pessoas negras para trabalhar comigo, como Belkis Goulart, Beatriz Porto, Zazá Pecego, Vitor Manon, é algo natural e que me deixa segura. Jamais poderia ter minha vida mudada e não reverberar isso para os meus semelhantes. Futuramente, inclusive, penso em dar cursos gratuitos em comunidades, porque sinto a necessidade de desenvolver essa experiência para a sociedade.

Glamour: Outro marco já nesse início de carreira foi a transmissão do Rock in Rio. Como foi encarar a grandiosidade do festival em rede nacional?

Kenya Sade: O Rock in Rio mudou a minha vida. É um lugar de muita visibilidade e quem me colocou ali já sabia disso, mas eu ainda não tinha dimensão na época. A certeza que tinha era de que era um palco para eu mostrar meu conhecimento musical. Quando soube que estaria com o Mion, fiquei lisonjeada e, ao mesmo tempo, preocupada por estar ao lado de um dos grandes apresentadores do Brasil. Senti que foi um respiro para o público ver uma mulher preta retinta falando de música e não de racismo ou sofrimento. Foi uma chancela de que também pertenço àquele lugar. Vejo o quanto as pessoas vibram por mim e é isso que me faz ir para a frente. Sei da responsabilidade que tenho, mas quero que outras pessoas venham junto. Não quero ser o único exemplo de excelência.

Glamour: E quais são os planos que você e a Thamyres têm como família?

Kenya Sade: É muito legal ser uma mulher preta no Brasil com poder de escolha e ter a minha família hoje com a Thamy, que namoro e moro junto há cinco anos. Apesar de ela ser uma mulher branca, ela tem letramento racial e queremos ter filhos pretos. É algo que conversamos desde o primeiro dia. Então, poder possibilitar que a nossa próxima geração tenha muito mais acessos do que eu tive e uma vida com mais leveza e dignidade é nossa meta. 

Glamour: Imagino que esse processo de autoconhecimento reflete diretamente na sua autoestima. Como está sua relação consigo mesma?

Kenya Sade: Durante muito tempo, não tive a liberdade de testar possibilidades, mas hoje posso dizer que sou muito orgulhosa de ter essa beleza múltipla, de olhar no espelho e me achar uma mulher linda. Foi difícil quando parei de alisar o cabelo, só conseguia usar trança, mas, hoje, com tantas opções, quero trazer isso para a tela e mostrar que não sou menos ou mais preta por estar de lace lisa ou de black, que ainda quero usar. Para nós, mulheres negras, o cabelo vai além da questão estética, é uma forma de se comunicar e fazer

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