Historiador alemão defende que a liberdade econômica reduz a pobreza

O historiador e sociólogo alemão Rainer Zitelmann, de 66 anos, defende que o crescimento econômico reduz a pobreza no mundo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele afirma que as ações governamentais de redistribuição de renda e os programas internacionais de ajuda não são eficientes para a evolução de índices socioeconômicos.

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Zitelmann é autor do livro O capitalismo não é o problema, é a solução (Editora Almedina), publicado no Brasil em 2022. Recentemente, ele lançou uma obra que aborda os efeitos positivos da liberdade econômica no desenvolvimento e na redução significativa da miséria no mundo nos últimos 40 anos.

“A ajuda internacional é uma forma de manter governos corruptos na África”, afirmou Zitelmann, na entrevista que foi publicada pelo Estadão nesta quinta-feira, 7. “E sustentar as organizações não governamentais (ONGs) que desenvolvem projetos na região.”

O novo livro, com título provisório traduzido para O Milagre da economia de mercado e a riqueza das nações, deve ser lançado no Brasil em junho. A Almedina será a editora pela comercialização.

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O historiador alemão relatou a preocupação crescente com o aumento da desigualdade social e o trabalho produzido pelo economista francês Thomas Piketty, no livro O capital no século 21, de 2014. “O que representou, na interpretação de Piketty, o pior momento (em termos de desigualdade) foi, na verdade, o melhor momento da história da humanidade”, afirmou Zitelmann. “A pobreza nunca caiu tão rapidamente quanto nas últimas décadas.”

O escritor e historiador ressalta que o seu interesse é na redução da pobreza — e não na luta pelo fim da desigualdade. Para ele, “o foco na desigualdade é coisa de gente invejosa”.

Segundo o historiador, a liberdade econômica foi um motor para reduzir a pobreza mundial

O historiador e sociólogo Rainer Zitelmann | Foto: Divulgação
O historiador e sociólogo Rainer Zitelmann; novo livro deve chegar ao Brasil ainda no primeiro semestre de 2024 | Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Segundo Zitelmann, as sociedades favoráveis aos empreendedores bem-sucedidos devem alcançar o sucesso de forma mais consistente. Isso na comparação com as que usam os ricos como bodes expiatórios.

Para sustentar a sua análise, Zitelmann deu como exemplo a situação africana. “Nenhum continente recebeu tanta ajuda para o desenvolvimento como a África”, afirmou. “Mas as pessoas lá ainda são extremamente pobres.”

Ao ser indagado sobre como a liberdade econômica poderia ajudar os mais pobres, Zitelmann respondeu que, depois do surgimento do capitalismo, 9% vivem na miséria, contra 90% há 200 anos. Ele classificou o “Grande Salto Adiante”, política do ditador chinês Mao Tsé-Tung (1893-1976), como “a maior experiência socialista da história” — e que serviu de exemplo de elevados índices de miséria.

“Não havia bilionários na China naquela época”, disse o historiador. “Hoje, há mais bilionários na China do que em qualquer outro lugar do mundo, exceto nos Estados Unidos”, afirmou Zitelmann. “Você acha que os chineses querem voltar aos tempos de Mao, porque havia mais igualdade naquela época?”

A partir disso, Zitelmann afirmou que depois de o ex-presidente chinês Deng Xiaoping (1904-1997) introduzir a iniciativa privada na China, o número de pessoas que vivem em miséria no país asiático chega, hoje, a menos de 1% da população.

Vietnã e Polônia prosperam depois de introdução da liberdade econômica

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Cédulas do Euro, moeda oficial da União Europeia | Foto: Reprodução/Pixabay

“Em 1990, o Vietnã era o país mais pobre do mundo”, continuou o historiador. Segundo Zitelmann, a economia planificada socialista “destruiu” o país vietnamita. De acordo com ele, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do país era de US$ 98, menor que os US$ 130 da Somália.

Contudo, as reformas pró-mercado do fim da década de 1980 levaram a uma queda da extrema pobreza no Vietnã, de 80% para 5%. “A Polônia, na década de 1980, era um dos países mais pobres da Europa”, argumentou Zitelmann. “Depois, com as reformas que abriram caminho para a economia de mercado, a Polônia se tornou a campeã de crescimento na Europa por três décadas seguidas, e as condições de vida da população melhoraram muito.”

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No livro que deverá chegar ao Brasil ainda neste semestre, o sociólogo conta as histórias do cotidiano de pessoas no Vietnã e na Polônia, como quando crianças esperavam horas na fila só para conseguir arroz e, mesmo assim, não conseguiam o suficiente. Isso tudo para embasar sua análise a respeito do sucesso da economia de mercado — e, consequentemente, do fracasso de ações voltadas ao socialismo e ao comunismo.

Zitelmann ainda mencionou a Argentina do presidente Javier Milei. Segundo o historiador alemão, os meios de comunicação social e os partidos políticos que se opõem à liberalização da economia do país sul-americano “incitam as pessoas contra as reformas e defendem mais intervenção estatal”. Para ele, isso é o que está acontecendo na Argentina.

Venezuela, o país rico que empobreceu com a implantação do socialismo

Nicolas Maduro | O regime da Venezuela anunciou a prisão de 32 pessoas por supostas ‘conspirações’ para matar o ditador Nicolás Maduro | Foto: Divulgação/Serviço de Imprensa do Presidente da Federação Russa
Nicolás Maduro é o ditador da Venezuela, país atualmente afundado em uma crise econômica | Foto: Divulgação/Serviço de Imprensa do Presidente da Federação Russa

O historiador ainda mencionou a Venezuela que, até a década de 1970, era um dos países mais ricos do mundo. Com a ascensão de Hugo Chávez (1954-2013) ao poder, contudo, o então país democrático com economia de mercado dinâmica “mudou totalmente”.

De acordo com Zitelmann, os primeiros dois ou três anos de Chávez não foram “tão ruins”. Isso porque ele ascendeu politicamente no mesmo tempo em que os preços do petróleo estavam em alta no mercado internacional, o que “bancou” as ações sociais chavistas.

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No entanto, quando Chávez iniciou as nacionalizações, consequentemente, os preços do petróleo caíram. Conforme o escritor, mais de 25% da população da Venezuela, o equivalente a 7,5 milhões de pessoas, fugiram do país desde então.

O Estadão perguntou se a insatisfação dos venezuelanos poderia mudar o cenário, ao que Zitelmann respondeu que “algumas pessoas pensam que as coisas tem de se tornar muito ruins para surgir uma boa solução, mas isso não é verdade”.

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Ele deu como exemplo a Alemanha de Adolph Hitler, um fato que, segundo Zitelmann, era inimaginável. “Lembro que os intelectuais de esquerda da Europa e dos Estados Unidos estavam entusiasmados com o tal socialismo do século 21”, argumentou o historiador. “Finalmente tinham um exemplo de uma nova utopia, já que na Coreia do Norte as coisas não funcionaram tão bem como eles imaginavam. Mas, no fim, o resultado na Venezuela foi o pior possível.”

Conforme Zitelmann, a Venezuela é um “aviso” de que as nações também podem se tornar mais pobres.

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Fonte : Revista Oeste

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