Balneário Camboriú é alvo de operação contra empresários paranaenses envolvidos no tráfico internacional de drogas

A Polícia Federal realizou nesta quarta-feira (6) a operação Follow the Money, que contou com prisão e buscas em Balneário Camboriú, dentre outras cidades. A ação é resultado de uma força-tarefa entre a Receita Federal e a Polícia Federal de Curitiba. A investigação está seguindo ‘o fluxo’ de dinheiro ilícito para identificar o patrimônio e rendimentos de uma organização liderada por empresários paranaenses, ligado ao ramo de transportes, construção e de aluguel de máquinas pesadas.

Segundo a PF, o líder dessa organização já havia sido preso por tráfico internacional de drogas e utilizava documentos falsos para não chamar a atenção. 

Durante as investigações, foram identificadas ao menos mais duas remessas de cocaína vinculadas ao grupo, sendo uma delas uma apreensão de 700kg ocultos em uma lixeira de metal que seria transportada para o nordeste do Brasil, provavelmente para embarque com destino ao exterior. 

A outra se refere a uma apreensão de aproximadamente 800kg de cocaína em um navio rebocador em Santa Catarina.

Foram cumpridos, ao todo, 33 mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária. 

Os mandados foram cumpridos em Balneário Camboriú, Camboriú, Barra Velha, Itapoá e ainda no Paraná (Curitiba, Piraquara, Tijucas do Sul, Pontal do Sul, Santo Antônio do Sudoeste, Londrina e Loanda) e no Ceará (Barroquinha). 

As ordens judiciais expedidas pela 14ª Vara Federal de Curitiba prevêem o sequestro de dezenas de imóveis, contas bancárias e de veículos com suspeita de ligação com a organização criminosa. 

(Foto Polícia Federal/Receita Federal)

Durante a operação em imóveis de luxo, foram encontrados diversos veículos importados, maquinário agrícola, jet-skis e outros artigos de alto valor agregado. Em algumas bolsas encontradas dentro de carros importados foram encontrados mais de R$ 100 mil em dinheiro.

Para a lavagem de dinheiro, o chefe do grupo utilizava-se de dezenas de pessoas e de empresas laranjas (incluindo uma imobiliária de Balneário Camboriú). E, com o intuito de ocultar ou esconder a verdadeira propriedade dos bens, adquiriam veículos de luxo em nome de pessoas físicas sem capacidade econômico-financeira para tal (laranjas).

Com o auxílio de um contador ligado aos criminosos, visando dar ‘aparência de legalidade’ aos recursos, as empresas em nome do chefe dessa organização apresentavam declarações de faturamento à Receita Federal, mesmo sem prestar nenhum tipo de serviço ou sem qualquer registro de venda de mercadorias.

(Foto Polícia Federal/Receita Federal)

Em uma de suas empresas, foram gastos mais de R$ 8 milhões na aquisição de máquinas pesadas para locação e prestação de serviços, mas ao que tudo indica nenhum serviço era prestado. O esquema de lavagem envolvia compensação de boletos (cobrança bancária) que eram pagos por empresas também ligadas à organização e suspeitas de serem exclusivamente utilizadas para movimentação de recursos ilegais.

Uma outra empresa ligada ao ramo de “atividades esportivas” e em nome da companheira do chefe do grupo, eram declarados valores provavelmente falsos, segundo a PF, em ligação com prestações de serviços apenas para justificar e dar aparência de licitude a gastos e despesas pessoais do casal que, de fato, eram suportados com recursos provenientes do crime. 

Apenas nos últimos dois anos e em relação a esse núcleo principal, foi apurada a disponibilidade de aproximadamente R$ 18 milhões para gastos pessoais e para aquisições de imóveis e veículos sem origem lícita conhecida.

(Foto Polícia Federal/Receita Federal)

A PF vai apurar ainda a origem legal ou não dos recursos utilizados para a compra de dezenas de caminhões em nome de empresas ligadas ao grupo criminoso. 

Foram realizadas buscas também em um escritório de contabilidade em um bairro nobre de Curitiba, cujo proprietário é suspeito de criar empresas em nome de laranjas e de auxiliar a organização na lavagem de dinheiro.

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