Parlamentares estranham MP de Lula para importar arroz; entidade refuta desabastecimento

O presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, garantiu que não vai faltar arroz no mercado por causa da enchente que assola 431 municípios gaúchos. A região é a maior produtora de arroz do Brasil. Segundo Alexandre, já foram colhidos 83% da produção e o estado tem condições de produzir 7 milhões de toneladas do cereal, o que afastaria a necessidade de importação. O medo de desabastecimento fez aumentar a procura por arroz nos supermercados, a ponto de uma rede de Campos limitar, nesta quinta-feira (9), o número de sacos por cliente.

“Temos plenas condições de afirmar que não temos problemas com relação ao abastecimento interno. Não existe também necessidade de importação. O Brasil é um grande produtor de arroz, a área aumentou em torno de 7% a 8%. Então, não há motivos para termos qualquer alerta com relação a problema de abastecimento, garantiu.

E esclareceu: “Até agora conseguimos colher 83% da safra, faltando 17%. Nessas áreas colhidas temos bons números, boas médias de produtividade. Já temos um bom volume de arroz. E mesmo que a gente tenha dificuldade de colher essa parte que ainda falta, certamente o Rio Grande do Sul tem plenas condições de conseguir uma safra bem acima de 7 milhões de toneladas”.

Estranheza

Nesta semana, o governo federal autorizou, via Medida Provisória (MP) que permite que a Conab, empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, importe um milhão de toneladas. {De acordo com o jornalista Claudio Humberto, parlamentares estão estranhando essa MP e que consideram que o risco de desabastecimento do produto inexiste no momento.

A Medida Provisória publicada pelo governo Lula que permite que a Conab, empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, compre até 1 milhão de toneladas de arroz por conta das fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul foi criticada pelo comentarista político da Rádio Bandeirantes Cláudio Humberto. O analista disse que parlamentares estão estranhando essa MP e que consideram que o risco de desabastecimento do produto inexiste no momento.

“Os produtores consideram que essa importação, além de estranha, é desnecessária no ponto de vista dos produtores de arroz do Rio Grande do Sul. A Federação das Associações dos Arrozeiros do estado, que representa 6.000 produtores, diz que esse risco de desabastecimento inexiste, simplesmente é uma fantasia”, disse Cláudio Humberto.

“Essa entidade de arrozeiros diz que grande parte da safra 2023/2024 já foi acolhida e está em condições de distribuição, o que corresponde a 7.550 toneladas. Portanto, o suficiente para abastecer o mercado brasileiro, tanto assim, que hoje não existe carência ou falta de arroz em lugar nenhum do país”, afirmou o analista.

A justificativa dada pelo governo para a MP é repor os estoques após as perdas causadas na agricultura pelas enchentes no Rio Grande do Sul, esponsável por cerca de de 70% do total produzido no País e do consumo nacional.  Segundo o ministério, a importação evitará especulação financeira e estabilizará o preço do produto nos mercados de todo o País.

Cláudio Humberto ainda criticou os gastos excessivos do governo e quem deve ser beneficiado por essa compra. “O que levou o governo e o presidente a autorizar essa importação milionária, na verdade, não se sabe ao certo. Mas quem está feliz com isso são as empresas importadoras, essas estão rindo à toa, celebrando desde o fim de semana com a notícia de que a pressão deles deu certo e eles vão, num primeiro momento, simplesmente faturar R$ 416 milhões na importação de arroz, o que não é necessário”.

“É tudo muito estranho, mas enfim, a gente sabe como é que certas figuras de governo agem. Para a classe política é um filme que já foi visto em outras ocasiões: aproveitar-se de uma situação de absoluto desespero, de carências generalizadas, para alguém faturar algum, é uma tristeza”, disse o comentarista, que ainda sugeriu como o governo deveria agir nesse momento de ajuda aos produtores agricolas.

“O vice-presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Rodolfo Nogueira, que é do Mato Grosso do Sul, estado que também é grande produtor agrícola, disse que essa medida provisória do presidente Lula é intempestiva e desnecessária, é tudo muito estranho. Esse deputado disse, inclusive,  que é preciso o governo se concentrar em ações no sentido de permitir o escoamento da produção, não só de arroz, como de todos os demais produtos no Rio Grande do Sul. Isso sim é que é necessário, se concentrar na recuperação de estradas, investir nisso, porque importar arroz, de fato, é algo desnecessário, mas sobretudo muito estranho”.

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