

Janaína Paschoal (PP), presidente da CPI da Íris, quer investigar risco de vazamentos de dados de paulistanos no exterior – Foto: Lucas Bassi/Rede Câmara SP/ND
A comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Câmara de São Paulo que investiga o escaneamento da íris de moradores de São Paulo por meio de contrapartidas financeiras, a CPI da Íris, deve entrar na fase de oitivas na próxima semana. A informação é da presidente, a vereadora Janaína Paschoal (PP).
Nesta terça-feira (27) ocorreu a primeira reunião ordinária da CPI da Íris, que foi instalada na semana passada, com definição dos primeiros passos. A comissão vai investigar a atuação da empresa Tools for Humanity, responsável pelo projeto World ID, na cidade de São Paulo.
O trabalho da empresa na cidade de São Paulo rendeu uma investigação por parte da ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) que, em janeiro deste ano, proibiu o pagamento pela coleta de íris. O caso já era investigado pela autarquia nacional desde novembro de 2024.
“O objetivo [da CPI da Íris] é proteger os dados de nossa população. Para tanto, queremos entender quem está por trás dessa empresa, que já está impedida de atuar em vários países, ao redor do mundo. Queremos entender de onde vem o dinheiro”, explica Janaína Paschoal ao ND Mais.
A comissão parlamentar, aprovada no início do mês, já havia aprovado ofícios para os consulados de Espanha, Coreia do Sul, Portugal, Argentina, Alemanha, Estados Unidos, Colômbia, Indonésia, Quênia e China.

Projeto World ID escaneava íris de voluntários mediante recompensa financeira. Pagamento foi proibido em janeiro pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados – Foto: Reprodução/ND
Esses países registraram atividades da Tools For Humanity, com muitas delas proibindo ou investigando a coleta de dados. A ANPD também foi intimada a compartilhar informações da sua investigação.
Influenciadores na CPI da Íris
A reunião desta semana aprovou a intimação de influenciadores digitais que promoveram e incentivaram o escaneamento da íris no município. A parlamentar defendeu que a necessidade de entender se foram conteúdos espontâneos ou pagos. Também foi aprovado ofícios a veículos de imprensa que publicaram matérias pagas do projeto.
O alto investimento em publicidade para o projeto chamou a atenção dos integrantes da CPI da Íris. “Ao que tudo indica, o lucro dessa empresa não é obtido aqui, mas no exterior, para onde os dados são enviados. Aqui, salvo melhor juízo, a empresa só ‘gastou’ dinheiro, remunerando as pessoas que tiveram suas íris escaneadas, no pagamento de funcionários e aluguéis, bem como no pagamento de promoção em larga escala”, diz Janaína Paschoal.
Sobre a convocação de representantes do projeto World ID, a parlamentar defende que isso ocorra em uma fase mais avançada, quando a CPI da Íris receber as informações solicitadas por ofícios. A presidente da comissão defende que a atuação da empresa traz vários riscos aos moradores que permitiram o escaneamento. “Inclusive da utilização indevida dos dados dos munícipes.”