O Cade “late” contra a fusão Petz e Cobasi?

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À espera da aprovação regulatória para a fusão entre as suas operações, a Petz e a Cobasi tiveram, a princípio, uma má notícia em mais um desdobramento da saga para selar o acordo, anunciado em abril de 2024.

A Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) solicitou ao Departamento de Estudos Técnicos do órgão a elaboração de um estudo econômico sobre a operação que pretende unir as duas maiores redes do mercado de pets no Brasil.

Ações nessa direção não são incomuns em transações dessa magnitude. Entretanto, ao que tudo indica, o mercado não fez uma boa leitura desse novo capítulo. Na segunda-feira, 26 de maio, as ações da Petz fecharam o pregão com uma baixa de 3,1%, cotadas a R$ 4,34.

Já nesta terça-feira, os papéis recuavam 1,38% por volta das 14h35, levando à desvalorização acumulada desde o anúncio ao patamar de 4,46%. No ano, porém, as ações registram alta de 5,1%, dando à companhia um valor de mercado de R$ 1,93 bilhão.

Procuradas, Petz e Cobasi não retornaram aos pedidos de entrevistas. Mas, conforme apurou o NeoFeed, apesar desse novo obstáculo e da reação inicial do mercado, a percepção é de que o episódio não traz grandes alterações nesse roteiro, cujo desfecho esperado é de uma aprovação sem remédios.

“Essa notícia não mudou a temperatura e foi vista mais como um contratempo burocrático”, diz uma fonte próxima às companhias. “Só está demorando mais por conta da pressão da Petlove, algo que o Cade não pode simplesmente ignorar.”

A Petlove está relacionada como terceira interessada no processo do Cade e alega, entre outros pontos, que o acordo poderia enfraquecer a competição com players menores e marketplaces como Amazon e Mercado Livre.

“O fato é que esse mercado é bastante pulverizado e os números são claríssimos. É uma questão de tempo para sair a aprovação”, afirma a mesma fonte. “Se o Cade deu o sinal verde para a fusão entre Arezzo e Grupo Soma, por que não aprovaria a fusão entre a Petz e a Cobasi?”.

Essa parece não ser, porém, a visão da Superintendência Geral do Cade, cujo relatório destaca que a empresa resultante da fusão teria mais de 50% de participação de mercado em muitas das 491 praças analisadas, o que ultrapassaria os limites de concentração considerados críticos.

Entre outras questões, a Superintendência Geral também ressalta que, embora exista uma abertura para a entrada de pequenos players nesses mercados, os concorrentes de médio e grande porte vêm recuando nessas regiões, o que acende um alerta para a competição pós-fusão.

Há quem traga, no entanto, outros pontos para essa discussão. Em relatório enviado a clientes nessa terça-feira, o BTG Pactual não descarta que o acordo vá favorecer a otimização das estruturas de custos da nova empresa, além de trazer algum poder de barganha com fornecedores.

Mas faz uma ressalva: “Vale ressaltar que a natureza altamente competitiva do mercado brasileiro (com o Mercado Livre e a Amazon intensificando seus esforços na categoria) pode impedir uma precificação mais eficiente”, escrevem os analistas do banco.

Na avaliação do BTG Pactual, a expectativa é de que o martelo para a aprovação da fusão seja batido apenas no segundo semestre de 2025, ainda com alguma incerteza em relação aos remédios que podem ser impostos pelo Cade.

O banco ressalta ainda que a Petz está sendo negociada com um múltiplo de 25 vezes o preço/lucro, em um cenário desafiador, o que justifica a sua recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 5.

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Neofeed

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