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Nos bastidores da diplomacia internacional e em interlocuções entre parlamentares e agentes ligados a órgãos de fiscalização estrangeiros, ganha força a possibilidade de aplicação da Global Magnitsky Act contra autoridades brasileiras de alto escalão. As discussões não se limitam a um único nome: abrangem ministros do Supremo Tribunal Federal, membros da Procuradoria-Geral da República, delegados da Polícia Federal, cônjuges, familiares diretos e até escritórios de advocacia associados a essas autoridades brasileiras, conforme apuração do Conexão Política.

O ponto chave recai sobre acusações de abusos de autoridade, perseguição política e possíveis conexões financeiras com estruturas internacionais — o que, se confirmado, pode abrir caminho para uma ação inédita de Washington contra integrantes do Judiciário e de órgãos de investigação no Brasil.
Se Alexandre de Moraes, por exemplo, for sancionado pelos Estados Unidos sob a Global Magnitsky Act, o impacto seria imediato, profundo e sem precedentes para um ministro do Supremo Tribunal Federal. A legislação americana, usada para punir autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos, tem um alcance que vai muito além das fronteiras dos EUA. Na prática, ela transforma o sancionado em um pária do sistema financeiro e tecnológico global, fechando portas em várias partes do mundo — inclusive no próprio país de origem.

A sanção não se resume a proibir a entrada em território americano. Ela acarreta o bloqueio de ativos e a proibição de qualquer empresa americana — ou que opere sob o sistema financeiro dos Estados Unidos — de manter qualquer vínculo com a pessoa punida. Isso significa que bancos, operadoras de cartão, companhias de tecnologia, plataformas digitais, serviços de transporte e até empresas de entretenimento deixam de atender o sancionado. A razão é simples: quem desobedece a medida pode sofrer sanções secundárias, como multas milionárias, suspensão de operações em dólar e corte de acesso ao mercado americano.

Cartões de crédito e débito deixam de funcionar, ainda que emitidos por bancos brasileiros. Transações por PayPal, Wise ou qualquer outra plataforma vinculada aos EUA são bloqueadas. Voos por companhias aéreas americanas, como Delta, United ou American Airlines, são negados. Reservas em sites como Airbnb, Booking e Expedia tornam-se inviáveis. O mesmo ocorre com o uso de serviços como Gmail, YouTube, Instagram, WhatsApp, iCloud e qualquer ferramenta ligada a gigantes como Google, Meta, Apple e Microsoft.
O efeito cascata atinge empresas brasileiras com algum tipo de exposição internacional. Bancos como Itaú, Bradesco, Santander e fintechs como o Nubank, Inter, entre outros, que operam com tecnologia ou capital estrangeiro, inevitavelmente reavaliam qualquer vínculo com o sancionado. O mesmo vale para companhias que usam servidores da Amazon ou Google Cloud, ou que dependem de sistemas de pagamento em dólar. O risco de manter essas conexões passa a ser alto demais.
Embora a Global Magnitsky não obrigue automaticamente que países estrangeiros sigam as sanções, o grau de influência dos EUA sobre os fluxos financeiros e as redes digitais globais faz com que a maioria dos atores privados acate voluntariamente as restrições. Escritórios de advocacia, assessorias jurídicas e empresas vinculadas direta ou indiretamente a magistrados e autoridades também entram na zona de risco, sobretudo quando mantêm contratos ou operações com componentes internacionais.
A imposição de uma sanção desse tipo contra um membro do STF ou autoridades de alto escalão da estrutura de Justiça brasileira seria um marco nas relações diplomáticas entre Brasília e Washington. Ao mesmo tempo em que isolaria o indivíduo no cenário global, o gesto traria implicações políticas e concretas e de grande calibre. Seria uma resposta dura por parte dos Estados Unidos e uma afirmação explícita para o mundo de que determinados comportamentos institucionais podem desencadear reações severas — inclusive contra aqueles que, até então, pareciam inalcançáveis.
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Fonte : Conexão Politica