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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o governo Lula nesta sexta-feira (23) ao criticar o polêmico aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) anunciado e rapidamente revertido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A medida, que previa elevar a alíquota de remessas ao exterior e tributar investimentos internacionais de fundos brasileiros, sofreu recuo horas após sua publicação, sob intensa reação do mercado — e sob o já habitual temor de uma reação em massa nas redes sociais.
Bolsonaro, que mantém influência sólida entre a base conservadora e nas redes digitais, classificou a tentativa de elevação da carga tributária como “nociva ao ambiente de negócios”. Em publicação nas redes, escreveu: “O país não suporta mais a elevação constante da alta carga tributária. Isso afasta investidores, encarece o crédito e impacta negativamente a economia brasileira.”
O ex-presidente afirmou ainda que está em conversas com lideranças do Partido Liberal para tentar barrar judicial ou legislativamente qualquer resquício da proposta que possa voltar ao radar do governo.
A crítica ocorre um dia depois de o Ministério da Fazenda anunciar mudanças no IOF que chegaram a incluir uma nova alíquota de 3,5% sobre aplicações de fundos brasileiros em ativos no exterior — antes isentas — e o aumento da taxa sobre remessas internacionais para investimentos. Ambas as alterações foram revertidas ainda na madrugada de sexta (23), em uma manobra apressada e visivelmente defensiva por parte do governo.
A medida foi lida por parte do mercado como um movimento informal de controle cambial, por afetar diretamente o fluxo de entrada e saída de moeda estrangeira no país. O governo, por sua vez, justificou o recuo como um “ajuste técnico” feito para evitar “interpretações equivocadas” que poderiam gerar instabilidade ou desinformação.
Nos bastidores, porém, o recuo é atribuído à combinação de dois fatores que hoje assombram o Planalto: a reação instantânea dos investidores e a ameaça de viralização de desinformação por figuras da oposição, em especial o deputado Nikolas Ferreira, que já havia provocado um verdadeiro terremoto político com vídeos sobre o Pix e o INSS.
O ex-presidente atua hoje como principal voz de oposição fora do Congresso e usa sua base digital para escancarar os desgastes do governo Lula. Sua postagem serve de termômetro para medir como temas técnicos — como um decreto tributário — podem ser rapidamente convertidos em munição política. O que não é difícil na atual gestão.
Mesmo com o recuo, o episódio desastroso deixou marcas. A velocidade com que o governo voltou atrás, e o pânico demonstrado nos bastidores para evitar mais uma onda de críticas, revelam uma administração cada vez mais vulnerável a pressões externas — não apenas do mercado, mas de influencers, adversários e algoritmos.

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Fonte : Hora Brasilia