Comunidades ribeirinhas de João Pessoa sofrem com as chuvas

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As chuvas da última semana causaram transtornos aos pessoenses de modo geral, sobretudo para a população que mora nas proximidades de rios. A reportagem de A União visitou a comunidade São Rafael e o bairro São José, ambos localizados às margens do Rio Jaguaribe e com histórico de alagamentos no período chuvoso, e ouviu dos moradores que a situação se repete.

No trecho da comunidade São Rafael que fica próximo à Avenida Pedro II, a dona de casa Joseane de Brito disse que os alagamentos na área são tão comuns que está acostumada. “Já perdi móvel, cama, armário. Sempre que chove aqui, enche d’água. Mas a gente vai sair daqui em breve, vamos para os apartamentos lá em cima”, disse ela, referindo-se ao Complexo Beira-Rio, que terá 747 residências para abrigar famílias que vivem em áreas consideradas de risco naquela região.

O zelador Edilson Francisco de Miranda, que também mora na comunidade São Rafael, afirmou que, na residência dele, não costuma alagar, pois ele mora numa área um pouco mais elevada e afastada do rio. “Só entra água se chover muito”, comentou. Ele relatou, porém, que, nas casas que são próximas à margem do rio, os alagamentos são comuns. Segundo Edilson, alguns moradores dessas casas já receberam auxílio-moradia para se mudar, mas acabaram optando por permanecer nas casas, mesmo sabendo dos riscos.

A situação é semelhante ao que ocorre no bairro São José, onde as pessoas que viviam às margens do rio foram realocadas para o Residencial Novo São José, que abriga 335 famílias. Ao visitar o local, entretanto, percebe-se que já existem diversos barracos construídos às margens do rio novamente.

De acordo com a dona de casa Sandra Maria, moradora do bairro, os alagamentos na região diminuíram e hoje não são mais tão graves quanto foram no passado, mas ainda há pontos em que a água sobe muito e dificulta a passagem das pessoas pela rua, além de invadir algumas casas.

Causas

O coordenador da Defesa Civil de João Pessoa, o coronel Kelson Chaves, afirmou à reportagem que não houve registro de transbordamento do Rio Jaguaribe durante a última semana, exceto por um pequeno trecho no Beco da Paz, na comunidade São Rafael. Ele também ressaltou que muitos moradores já foram orientados pela Prefeitura a deixar o local, com a possibilidade de receber auxílio, mas nem todos aceitaram. “O que acontece é que, depois que passa aquela tormenta inicial, eles voltam”, disse.

No caso do bairro São José, Kelson acredita que parte dos alagamentos são consequência do entupimento de galerias. “O lançamento inadequado de resíduos em rios e galerias tem sido o nosso grande vilão”, atestou.

O coordenador da Defesa Civil explicou que, em parceria com secretarias municipais, a limpeza de bueiros e galerias é realizada diariamente, assim como o desassoreamento de rios, de segunda-feira a sábado. “Só no ano passado, retiramos mais cinco toneladas de resíduos do Rio Jaguaribe”, contou.

Ele também ressaltou que, só no mês de maio, já choveu 462 mm em João Pessoa, conforme dados da estação meteorológica do Governo Federal, que fica localizada na BR-230, próxima ao bairro de Manaíra. “Esse número é mais de 60% maior do que a média histórica para o mês”. Diante disso, Kelson Chaves acredita que os transtornos causados pela chuva foram mínimos, considerando o grande volume de água e o tamanho da cidade, que está cada vez maior. “Só tivemos quatro famílias desabrigadas, três em Cruz das Armas e uma no Rangel. Todas já foram atendidas e inscritas nos programas de assistência”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 23 de maio de 2025.

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A União

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