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A decisão da Câmara dos Deputados de votar em regime de urgência o fim dos descontos automáticos de mensalidades associativas na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do INSS marca um passo necessário, embora tardio, diante de um dos maiores escândalos de corrupção social da história recente do país. Entre 2019 e 2024, estima-se que ao menos R$ 6,3 bilhões tenham sido desviados de brasileiros em situação de vulnerabilidade por meio de descontos irregulares operados por associações de fachada.
O avanço da proposta, contudo, não apaga a responsabilidade institucional. O Congresso, mais do que omisso, foi cúmplice do esquema. Medidas de controle foram sistematicamente afrouxadas por pressão de parlamentares, inclusive de partidos hoje na base do governo. A exigência de recadastramento anual, uma das principais barreiras contra fraudes, foi revogada com apoio decisivo da oposição de então — em sua maioria, formada por partidos de esquerda. O resultado foi a explosão da arrecadação dessas entidades: de R$ 536 milhões em 2021 para R$ 2,8 bilhões estimados em 2024, já sob a gestão Lula.
Embora as fraudes tenham atravessado gestões, o atual governo enfrenta cobranças agravadas. O ministro da Previdência Social à época das primeiras denúncias, Carlos Lupi (PDT), foi acusado de ignorar alertas formais ao Conselho Nacional de Previdência. Seu sucessor, Wolney Queiroz (PDT), também presente nas discussões, não agiu. A resposta do Executivo só veio após o escândalo ganhar escala pública e ameaçar respingar diretamente no Palácio do Planalto. Entidades beneficiadas, como o Sindnapi — que tem como vice-presidente um irmão de Lula —, viram seus repasses saltarem de R$ 41 milhões para R$ 149 milhões em apenas dois anos.
Agora, enquanto mais de 1,7 milhão de vítimas solicitam ressarcimento, o governo resiste à instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) e alega que a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União já apuram o caso.

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Fonte : Hora Brasilia