Prefeito de Canoas: ‘150 mil pessoas perderam tudo e a cidade virou um grande lago’

Uma das cidades mais afetadas pela tragédia que assola o Rio Grande do Sul, Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, precisou evacuar 150 mil pessoas de suas casas, o que representa 43% da população. Ao GLOBO, o prefeito Jairo Jorge (PSD) afirmou que o município, principalmente na parte Oeste, “virou um grande lago”. Os dados apresentados pelo gestor dão uma noção do desastre. O município recebeu até o momento 66 mil pedidos de resgate.

— A gente transformou a cidade em um grande abrigo. Temos uma situação muito caótica. Dobrou a população da cidade na área seca, porque a outra parte do município teve que ser removida. É uma situação difícil, as casas estão destruídas. É um cenário de guerra — afirma.

Até o momento, Canoas conta com 97 abrigos para atender às vítimas da enchente. Das 27 unidades básicas de saúde, o prefeito diz ter perdido 19. Das quatro Unidades de Pronto Atendimento, só sobrou uma.

Os quatro Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) também estão debaixo d’água, assim como o Pronto Socorro do município.

— Obviamente, vamos precisar reconstruir a cidade. E estamos falando de bilhões de reais. Estamos numa situação caótica. Tivemos uma chuva fora do comum, atípica, extraordinária. Nenhum meteorologista podia imaginar o que aconteceu— destaca.

Com a temperatura caindo na região, a preocupação imediata do prefeito é com o frio nos abrigos.

— Deve fazer 5 graus aqui essa noite e a gente não tem colchão, falta cobertor. Estamos precisando de doações. Estamos falando em 150 mil pessoas que perderam tudo e que estão em centros públicos e privados — diz.

Ainda segundo Jairo Jorge, 32 mil cães, gatos e cavalos foram resgatados, dos quais 12 mil sem tutores. Por isso, ele também pede doação de ração para esses animais. A cidade de Canoas é protegida por diques, que se romperam com o excesso das chuvas.

Pelos cálculos do município, a água deve continuar baixando cerca de um metro por semana, o que significa que ainda levará, segundo o prefeito, entre um ou dois meses para o nível se normalizar.

— Temos que pensar em políticas mais robustas que deem capacidade de reconstrução. Perdemos escolas, unidades de saúde. Tudo o que a prefeitura tinha, tudo está perdido. É preciso uma nova mudança, inclusive das políticas. Nós vamos precisar da nação para a reconstrução — completa.  (O Globo)

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