Quais os próximos movimentos da Vinci Compass no “tabuleiro de xadrez” dos M&As

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Nos últimos tempos, Alessandro Horta, CEO da Vinci Compass, desenvolveu um hobby: jogar xadrez online. Entre uma reunião e outra, enquanto espera por um voo ou tem tempo livre, ele disputa partidas com jogadores do mundo todo.

O jogo, que une estratégia e inteligência, tem sido útil para Horta na vida empresarial, onde ele tem movimentado peças em um tabuleiro que ajudaram a Vinci Compass a triplicar de tamanho em pouco tempo e permitiram que a gestora alcançasse mais de US$ 50 bilhões sob gestão por meio de uma série de aquisições.

Agora, a Vinci está preparando seus próximos movimentos. “Estamos analisando tudo por dever de ofício, mas com um critério muito rigoroso. Temos o necessário para crescer organicamente, mas, de forma oportunista, podemos fazer alguns acréscimos onde fizer sentido”, diz Horta ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que conta com o apoio do Santander Select.

De acordo com Horta, a estratégia de aquisições da Vinci Compass está baseada em dois pilares. Primeiro, nas áreas onde a gestora pode aprofundar sua atuação. E, segundo, nas classes de ativos que a empresa deseja acelerar o crescimento.

Dentro desse conceito, Horta acredita que as maiores oportunidades, neste momento, não estão no Brasil, mas sim em países da América Latina, região que a Vinci ocupou estrategicamente com a aquisição da Compass, um negócio que fez os ativos sob gestão saltarem de US$ 14 bilhões para mais de US$ 50 bilhões no ano passado.

“É difícil iniciar algumas atividades de forma orgânica. No private equity, por exemplo, são necessários anos de track record. Em países da América Latina, pode fazer sentido trazer equipes e gestoras”, afirma Horta.

No Brasil, Horta acredita que a Vinci já conta com um portfólio completo. Desde o IPO, em 2021, quando captou US$ 250 milhões na Nasdaq, a Vinci Compass realizou uma série de M&As que ajudaram a companhia a entrar em novas áreas.

Em novembro do ano passado, comprou a Lacan Ativos Reais, gestora de fundos florestais no Brasil, e adicionou R$ 1,5 bilhão sob gestão. Em abril de 2024, adquiriu a MAV Capital e aumentou sua presença no agronegócio. Em 2022, entrou em special situations com a SPS Capital.

Mas isso não significa que o Brasil está fora do mapa de M&As da Vinci Compass. “Estamos observando algumas oportunidades no Brasil”, diz Horta. “Podemos obter sinergias trazendo novas operações para a Vinci Compass.”

Questionado especificamente sobre planos para crescer em real estate no Brasil, Horta confirmou que essa é uma das áreas que a gestora está avaliando com atenção. “Mas é preciso que a oportunidade esteja na condição correta em termos de preço e governança”, afirma, acrescentando que, dado o momento do mercado, com juros altos, “não há nada mais complexo neste cenário do que real estate.”

Em private equity, um novo vintage

Origem da Vinci Compass, o private equity também vai se movimentar ao longo de 2025. A gestora vai captar seu quinto fundo do Vinci Impacto e Retorno (VIR), que investe, em geral, em participações minoritárias em empresas, com cheques que variam entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões. A meta é levantar mais de R$ 1 bilhão, o mesmo patamar do fundo anterior, de acordo com Horta.

O CEO da Vinci Compass sabe que essa não será uma missão fácil. O cenário de juros altos tem prejudicado essa classe de ativos, com investidores preferindo alocar capital em opções de menor risco.

No ano passado, no entanto, a Vinci Compass finalizou a quarta captação de seu fundo flagship, o Vinci Capital Partners, levantando R$ 3,2 bilhões, a maior de sua história. Mesmo com esse resultado, Horta afirma que o processo de fundraising foi muito difícil. “Demorou muito mais tempo que o normal”, diz o CEO da gestora.

Esse fundo, que compra participações majoritárias em empresas, faz cheques a partir de R$ 300 milhões e tem uma tese agnóstica, podendo investir em vários setores da economia brasileira, de fast-food a tecnologia.

Um exemplo dessa estratégia agnóstica pode ser em dois investimentos recentes. Um deles é o primeiro cheque deste novo vintage: a compra do controle da Bloomin’ Brands no Brasil, dona do Outback, numa operação em que a companhia foi avaliada em R$ 2 bilhões. O outro foi o aporte na Arklok, que aluga equipamentos de informática para outras empresas e presta serviços de atualização e segurança de sistemas.

Nesta entrevista, que você assiste no vídeo acima, Horta fala ainda sobre crédito privado, que ele considera a maior oportunidade na América Latina, explica como a Vinci Compass conseguiu crescer em um momento difícil para o mercado e discute se a guerra tarifária pode impactar o excepcionalismo americano e favorecer países emergentes, como o Brasil.

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Neofeed

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