O governo do Rio Grande do Sul decretou, nesta segunda-feira (19), situação de emergência em saúde pública devido ao avanço da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com destaque para o número crescente de casos entre crianças. O decreto, assinado pelo governador Eduardo Leite, será publicado no Diário Oficial do Estado nesta terça-feira (20) e terá validade de 120 dias.
A medida foi adotada diante da escalada nas hospitalizações por doenças respiratórias, que pressionam o sistema de saúde em diversas regiões. Em Lajeado, por exemplo, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e outros serviços de saúde enfrentam longas filas. No último domingo (18), moradores relataram espera prolongada para atendimento. Para mitigar a demanda, a Secretaria da Saúde (SESA) reforçou o número de profissionais médicos na UPA local, ampliando a carga horária semanal.
Com a baixa procura pela vacinação contra a gripe, autoridades municipais intensificam os alertas. A orientação é para que pessoas com sintomas gripais procurem também as Unidades Básicas de Saúde (UBS), e não só a UPA.
Sintomas
São considerados SRAG o quadro de saúde de pacientes que tenham os seguintes sintomas:
- febre
- calafrios
- dor de garganta
- dor de cabeça
- tosse
- coriza
- distúrbios olfativos ou gustativos
- dispneia/desconforto respiratório
- pressão ou dor persistente no tórax
- saturação de menor ou igual a 94% em ar ambiente
- coloração azulada (cianose) dos lábios ou rosto

RS já soma mais de 4 mil hospitalizações por SRAG em 2024
Dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) indicam que, até 19 de maio, o Estado já registrou 4.099 internações por SRAG, sendo 1.374 delas em crianças menores de cinco anos — grupo que contabiliza dez óbitos. No total, 305 pessoas morreram em decorrência de infecções respiratórias neste ano, causadas por vírus como influenza, covid-19 e vírus sincicial respiratório (VSR).
A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, destacou que o objetivo do decreto é fortalecer a rede hospitalar, com abertura de novos leitos clínicos e de UTI, além de garantir suporte ventilatório.
Crescimento acelerado das hospitalizações e circulação viral
O cenário atual é considerado crítico. Na Semana Epidemiológica 14 (31/3 a 5/4), foram registradas 194 internações por SRAG no RS. Já na Semana 18 (28/4 a 3/5), o número saltou para 392. Na semana seguinte, foram 451 hospitalizações — mais que o dobro em relação ao início de abril.
Entre os agentes infecciosos, o vírus da gripe apresentou crescimento expressivo: passou de 9 hospitalizações na Semana 14 para 116 na Semana 18 — aumento superior a 1.100%. Em 2024, a influenza já provocou 526 internações e 43 mortes no Estado.
O VSR também preocupa: foram 495 internações neste ano, sendo 95% delas (471) em crianças com menos de cinco anos.
Operação Inverno Gaúcho com Saúde investe R$ 20,8 milhões
Para enfrentar o aumento da demanda, a Secretaria Estadual da Saúde lançou a “Operação Inverno Gaúcho com Saúde”, com aporte de R$ 20,8 milhões entre os meses de maio e junho.
Do total, R$ 13,65 milhões serão destinados à Atenção Primária, para ampliação de horários nas UBSs, contratação de equipes e aquisição de vacinas e insumos. Os municípios receberão valores entre R$ 20 mil e R$ 100 mil, conforme o porte populacional.
Outros R$ 7,15 milhões serão repassados às UPAs, com base na média de atendimentos deste ano, variando entre R$ 70 mil e R$ 150 mil por cidade.
Atenção redobrada no inverno
Com a chegada das temperaturas mais baixas, autoridades reforçam a importância da vacinação e dos cuidados com os sintomas gripais. A combinação de diferentes vírus circulando simultaneamente aumenta o risco de colapso na rede de saúde, especialmente na pediatria.
A recomendação é clara: sintomas leves devem ser tratados nas UBSs, e a imunização contra a gripe deve ser prioridade para todos os grupos elegíveis.
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