Celebrado em 19 de maio, data de criação da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), o Dia Nacional de Combate à Cefaleia tem o objetivo de alertar a população sobre as dores de cabeça, orientar sobre os riscos e formas de prevenção.
A campanha também alerta sobre a contraindicação de se automedicar – o uso constante e excessivo de analgésicos pode tornar crônica aquela dor que aparecia esporadicamente.
De acordo com a SBCe, no Brasil, cerca de 95% das pessoas terão em suas vidas ao menos um episódio de dor de cabeça. Aproximadamente 70% das mulheres e 50% dos homens passam por isso uma vez ao mês – no mínimo. Outros 13 milhões encaram a dor 15 ou mais dias por mês.
Para o indivíduo que apresenta três ou mais episódios de dor de cabeça por mês, durante três meses seguidos, é indispensável procurar ajuda especializada.
A patologia causa um grande impacto socioeconômico e é um dos principais motivos de falta ao trabalho, sendo considerada a segunda condição médica mais comum da humanidade.
Causas:
A cefaleia pode ter causas diversas. As mais comuns incluem estresse, falta de sono, desidratação, má alimentação, jejum prolongado, consumo de álcool, consumo excessivo de cafeína. Em alguns casos, pode ser sintoma de doenças mais graves, como meningite, aneurisma ou tumores cerebrais. É importante procurar um médico para obter o diagnóstico correto e o tratamento adequado.
Tipos de cefaleia:
As cefaleias podem ser divididas em primárias, quando a dor de cabeça é a própria doença, ou secundárias, quando é sintoma de outra patologia.
Ao todo, existem mais de 150 tipos de dor de cabeça, que são classificados de acordo com sua origem. Entre os principais destacam-se:
– Cefaleia tensional: também chamada de cefaleia de tensão, essa dor de cabeça surge geralmente no fim do dia, sendo resultado de um processo de tensão ou de estresse muito grande. Tensionar de forma excessiva a musculatura do pescoço, da nuca, da testa e ao redor do crânio, pode resultar em dor de cabeça de intensidade leve a moderada.
Geralmente, esse tipo de dor faz com que a cabeça inteira doa, mas não costuma impedir que a pessoa continue com suas atividades diárias.
– Cefaleia em salvas: costuma atingir somente um lado da cabeça e se apresentar em ondas pulsantes. Surge e desaparece de repente e pode envolver até mesmo os olhos, causando uma queda da pálpebra ou lacrimejamento de um olho.
– Cefaleia cervicogênica: a dor se origina no pescoço, geralmente como resultado de um processo relacionado à coluna vertebral. Pode ser agravada por certas posturas do pescoço ou se alguma pressão for aplicada nele.
– Cefaleia causada por medicamentos: também conhecida como cefaleia de rebote, pode ocorrer quando analgésicos são usados com muita frequência para aliviar dores de cabeça fazendo com que o organismo se acostume ao medicamento, resultando em mais dores de cabeça quando a medicação é interrompida.
– Enxaqueca: caracterizada por dores pulsantes, que podem ser intensas ou moderadas. Pode ser provocada por cheiros fortes, sons, ambientes com alta luminosidade e ingestão de cafeína em excesso. As crises podem durar de quatro a 72 horas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca atinge em torno de 15% da população mundial. Só no Brasil, são mais de 30 milhões de pessoas sofrendo com essa doença.
Dependendo da sua intensidade pode afetar a vida profissional e pessoal da pessoa. Cerca de 90% de quem sofre dessa patologia tem algum prejuízo no trabalho, estudos, atividades de lazer e vida sexual.
A enxaqueca tem forte relação com o estilo de vida – sedentarismo, tabagismo, obesidade, alimentação inadequada, transtornos do humor (depressão e ansiedade), fibromialgia e alterações orofaciais (disfunção temporomandibular). Por isso, geralmente seu tratamento é realizado de maneira multidisciplinar, com a atuação não apenas do neurologista, mas também do odontólogo, nutricionista, psicólogo, enfermeira e fisioterapeuta.
Tratamento:
Um dos erros mais comuns para tratar as cefaleias é a automedicação. O fácil acesso a analgésicos e anti-inflamatórios permite que a população se automedique. Quando a frequência da cefaleia é baixa, dois ou menos episódios por mês, isto não acarreta maiores problemas. Porém, quando as dores de cabeça aparecem numa frequência superior, o paciente possui indicação de tratamento preventivo e a automedicação pode até piorar tanto a frequência quanto a intensidade dos seus sintomas.
O tratamento das cefaleias começa com o diagnóstico adequado para identificar as causas primárias e secundárias. A terapia deve ser planejada de acordo com os seguintes passos:
– Educar e encorajar o paciente;
– Prevenir os ataques evitando fatores desencadeantes (alterações hormonais, fatores dietéticos, mudanças ambientais, estímulos sensoriais e estresse);
– Usar tratamentos não farmacológicos como relaxamento, biofeedback, adequação do estilo de vida (ter sono adequado, fazer exercícios físicos e parar de fumar);
– Tratamento na fase aguda: aliviar sintomas e impedir a progressão da dor;
– Terapia preventiva para reduzir frequência, intensidade e duração da dor;
– Usar terapias alternativas quando apropriado (acupuntura, meditação);
– Reavaliar periodicamente e reconsiderar o plano de tratamento.
Prevenção:
A adoção de hábitos saudáveis pode ajudar a prevenir as dores de cabeça:
– Manter uma dieta equilibrada e evitar alimentos que sabidamente provocam cefaleia;
– Evitar excesso de cafeína e álcool;
– Beber bastante água;
– Dormir bem (cerca de oito horas de sono);
– Praticar exercícios físicos regularmente;
– Gerenciar o estresse.
Fontes:
Academia Brasileira de Neurologia
Associação Paulista de Medicina (APM)
Rede D’Or São Luiz
Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein
Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe)