Eleições em Portugal: boca de urna dá vantagem a partido do primeiro-ministro Luís Montenegro


Aliança Democrática (AD), de centro-direita, deve levar vantagem nas eleições. Partido Socialista fica em segundo lugar nas pesquisas, com o partido de direita Chega em terceiro. Luís Montenegro é o líder da Aliança Democrática em Portugal
REUTERS/Pedro Nunes
O partido Aliança Democrática (AD), do primeiro-ministro interino Luís Montenegro, deve vencer as eleições legislativas em Portugal neste domingo (18), de acordo com as pesquisas de boca de urna. Segundo a projeção divulgada pelo RTP/Católica, o AD aparece com 31,5% dos votos, seguido do Partido Socialista, com 23,5% dos votos.
As pesquisas também apontam que o Chega, partido de extrema direita, vem em terceiro com 22% dos votos, porcentagem muito próxima à do PS.
Como são as eleições em Portugal
Em Portugal, o regime não é igual ao Brasil. O país europeu funciona sob o regime semipresidencialista, formado por um presidente e por um primeiro-ministro. Neste domingo, os eleitores votarão para escolher deputados da Assembleia da República, como é chamado o Parlamento português.
Os votos, diferentemente do que ocorre no Brasil, são para um partido, não em um candidato.
O partido que obtiver mais votos pode ganhar o controle do Legislativo, mas só se conquistar um número mínimo de assentos no Parlamento.
Nas eleições de 2024, a coligação Aliança Democrática (centro-direita) venceu as eleições legislativas por pequena margem: o partido obteve 79 das 230 cadeiras, mas não conseguiu maioria absoluta.
Em março deste ano, o primeiro-ministro Luís Montenegro foi derrotado no Parlamento. Foram 142 votos contra 88 para rejeitar a chamada moção de confiança, instrumento usado para medir se o governo tem apoio parlamentar.
Os portugueses foram às urnas pela terceira vez em pouco mais de três anos. Elegeram António Costa em janeiro de 2022, que renunciou em novembro de 2023 após ser alvo de busca policial. E depois Montenegro, em março de 2024, que venceu por menos de dois mil votos sobre o Partido Socialista.
Entenda o perfil dos principais partidos desta eleição:
Aliança Democrática (AD)
Primeiro-ministro, Luís Montenegro
Miguel A. Lopes/ EPA via BBC
Atualmente no poder, a Aliança Democrática agrupa o Partido Social Democrata (PSD), de centro-direita, e o conservador Centro Democrático Social Partido Popular (CDS-PP). O bloco é liderado pelo primeiro-ministro interino Luís Montenegro, que deseja se manter no cargo.
Em março de 2024, a AD venceu as eleições nacionais com 28,8% dos votos. Mas, um ano depois, o governo perdeu um voto de confiança no Parlamento após a oposição questionar a integridade de Montenegro em um possível conflito de interesses envolvendo negócios de sua família.
A AD se uniu em torno de Montenegro, que nega qualquer irregularidade. As pesquisas mostram que ele continua favorito nas eleições deste ano.
A Aliança Democrática promete manter o rumo iniciado no ano passado: reduzir impostos para a classe média e empresas, controlar a imigração e enfrentar a crise habitacional.
Montenegro recusou qualquer acordo com o partido populista de extrema direita “Chega” e manteve seu posicionamento de “não é não” durante a campanha eleitoral.
Partido Socialista (PS)
O líder do Partido Socialista de Portugal, Pedro Nuno Santos
AP Photo/Armando Franca
O PS, de centro-esquerda, é uma força dominante na política portuguesa ao lado do PSD, seu principal rival. A legenda esteve mais tempo no governo do que qualquer outro partido desde a queda da ditadura fascista em 1974.
Pedro Nuno Santos, economista de 48 anos, lidera o partido desde o fim de 2023, após a renúncia do primeiro-ministro António Costa. À época, Costa foi citado em uma investigação sobre supostas ilegalidades na gestão de grandes projetos de investimento do governo. Nenhuma das acusações foi comprovada.
Como ministro adjunto, Santos coordenou com sucesso o apoio da extrema-esquerda (PCP e Bloco de Esquerda) ao primeiro governo de Costa, entre 2015 e 2019.
O PS viabilizou a aprovação do primeiro orçamento de Montenegro em outubro passado, mas teve papel central na queda do governo no voto de confiança neste ano.
Apesar das muitas diferenças, PS e AD têm atuado para manter as finanças públicas sob controle e reduzir a dívida quando estão no poder, o que lhes rendeu elogios da União Europeia, de investidores e de agências de classificação de risco.
Chega
Líder do grupo político Chega, André Ventura, dentro do Parlamento português em 22 de março de 2023
Armando Franca/AP
O Chega, partido antiestablishment, foi fundado há apenas seis anos, mas tornou-se a terceira maior força parlamentar em 2022. No ano passado, quadruplicou suas cadeiras, chegando a 50, com uma plataforma contra a corrupção e a imigração.
Seu líder, André Ventura, de 42 anos, é formado em Direito e chegou a estudar para ser padre, mas ganhou fama como comentarista esportivo na TV. Ex-membro do PSD, ficou conhecido em 2018 por declarações incendiárias contra a comunidade cigana local.
No ano seguinte fundou o Chega, defendendo penas mais duras para criminosos (incluindo castração química para estupradores reincidentes), o fim da política de “portas abertas” na imigração e acusando PS e PSD de perpetuarem a corrupção nos últimos 50 anos.
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