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A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou nesta sexta-feira (16) que a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os escândalos de fraudes no INSS pode comprometer o andamento das apurações conduzidas pela Polícia Federal. Segundo ela, a iniciativa é movida por interesses políticos e pode até atrasar o ressarcimento das vítimas em até seis meses.
“Uma CPMI, no ambiente de exploração política em que está sendo proposta, pode comprometer o sucesso da investigação policial, que deve permanecer protegida de interferências externas e do vazamento de informações”, publicou Gleisi na rede social X (ex-Twitter).
A posição da ministra expõe divergências dentro da própria base governista, já que o requerimento para a criação da comissão já conta com assinaturas de parlamentares de partidos que ocupam ministérios no governo Lula, como União Brasil, PP, Republicanos, PSD e MDB. Até mesmo nomes do PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, aderiram ao pedido — incluindo deputados e senadores como Tabata Amaral, Heitor Schuch, Flávio Arns e Chico Rodrigues.
O documento foi protocolado pelas senadoras Damares Alves (Republicanos-DF) e Coronel Fernanda (PL-MT) e é encampado pela oposição, que acusa o governo de acobertar o escândalo dos descontos ilegais em aposentadorias, revelado em operações da Polícia Federal. A única assinatura do PT até o momento é do senador Fabiano Contarato (ES), o que gerou desconforto interno.
Enquanto o Palácio do Planalto insiste que a Polícia Federal está conduzindo investigações sérias e suficientes, opositores alegam que só uma CPMI independente poderá garantir transparência e identificar responsáveis políticos e administrativos pelo esquema de descontos indevidos em benefícios previdenciários.
A defesa de uma comissão também encontra respaldo em setores da base, com o argumento de que os desvios teriam começado ainda no governo Bolsonaro, o que tornaria a apuração também de interesse do atual governo, para evitar a responsabilização exclusiva da gestão Lula.
“CPIs são prerrogativa do Legislativo e direito das minorias, instrumento importante em governos que não investigam ou acobertam desvios”, escreveu Gleisi, fazendo menção indireta ao governo anterior e à CPI da Covid, que investigou falhas durante a pandemia.
Racha na base
O requerimento da CPMI já conta com forte apoio multipartidário:
A articulação ocorre enquanto o governo enfrenta desgaste crescente com as revelações de que entidades de fachada operaram esquemas bilionários de descontos ilegais em aposentadorias, com anuência ou omissão de setores da Previdência.
O caso levou à queda do ministro Carlos Lupi, ao afastamento de diretores do INSS e à deflagração da Operação Sem Desconto pela PF, mas os parlamentares que pedem a CPMI dizem que há indícios de blindagem e lentidão na responsabilização dos envolvidos.

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Fonte : Hora Brasilia