
A Marfrig afirmou nesta
quinta-feira (15) que vai incorporar a totalidade das ações de emissão da BRF não
detidas pela companhia, formando a MBRF, uma empresa global do setor de
carnes e alimentos processados com receita de R$ 152 bilhões consolidada
em 12 meses.
A operação estabelece uma relação de troca de
0,8521 ação da Marfrig para
cada ação da BRF, já considerando a “distribuição máxima” de proventos pelas
empresas: R$ 2,5 bilhões pela Marfrig e R$ 3,5
bilhões pela BRF, segundo comunicado conjunto.
Juntas, a Marfrig —
especializada em carne bovina, com operações no Brasil e nos Estados Unidos — e
a BRF — voltada para carnes de aves e suínos — poderão intensificar a
concorrência com a gigante JBS,
que tem presença global e atua nos três principais segmentos de proteína
animal, além de oferecer alimentos processados.
Marfrig e BRF projetam
sinergias de R$ 805 milhões por ano, sendo entre R$ 400 milhões e R$ 500
milhões previstos para os primeiros 12 meses e o restante no médio e longo
prazos.
“A fusão entre a Marfrig e a BRF é um
movimento necessário para que possamos avançar com capturas de sinergias
estratégicas e continuar crescendo nossos negócios em todo o mundo”,
afirmou o controlador e presidente dos conselhos de administração de Marfrig e BRF, Marcos
Molina, em nota.
A Marfrig já possui
50,49% de participação na BRF. A primeira aquisição de uma fatia na BRF pela
companhia de Molina ocorreu em maio de 2021, quando a empresa declarou que
seria um investidor passivo.
“Hoje, com a MBRF, começamos um novo
capítulo da nossa história e estamos pavimentando um futuro promissor”,
acrescentou Molina, destacando que a nova empresa manterá disciplina financeira
e foco em produtos de valor agregado.
Conforme comunicado conjunto, a nova empresa
tem 38% do volume de vendas proveniente de produtos processados, com “alto
valor agregado”.
O movimento deve fortalecer a presença global
da nova empresa, que terá posição de liderança nos diversos mercados onde as
companhias atuam, afirmaram as empresas.
A MBRF, que estará presente em 117 países com
marcas como Sadia, Perdigão e Bassi, tem produção estimada em 8 milhões de
toneladas de produtos anualmente.
Redução de custos
Estima-se uma redução de despesas na ordem de
R$ 320 milhões anuais, com iniciativas como a unificação de estrutura comercial
e logística, consolidação de um sistema operacional único e otimização da
estrutura corporativa.
A operação traz também uma oportunidade na
América do Norte, que considera a possibilidade de redomiciliação.
“Isso traz vantagens significativas,
como alta liquidez no mercado norte-americano, acesso a custos de capital mais
atrativos e uma potencial reavaliação dos múltiplos das empresas”,
disseram as companhias.
Além disso, a companhia também poderá se
beneficiar de “otimização fiscal”, como por exemplo a aceleração da
monetização de créditos tributários nas esferas federal e estadual.
“Com base em nossas estimativas atuais,
essa frente deve gerar R$ 3 bilhões a valor presente.”
Com a conclusão da incorporação de ações,
a Marfrig informou
que a BRF vai se tornar uma subsidiária integral da companhia, conforme fato
relevante ao mercado.
Como parte da negociação, a operação prevê
que os acionistas da BRF e da Marfrig sejam
beneficiados com um “expressivo pagamento de proventos”.
As empresas também anunciaram a convocação de
assembleia geral extraordinária de acionistas da Marfrig e da BRF para
o dia 18 de junho, para deliberar sobre a incorporação das ações.
Resultados
A transação foi anunciada praticamente junto
com a divulgação dos resultados trimestrais das duas empresas.
A BRF registrou lucro líquido de R$ 1,2
bilhão no primeiro trimestre, o dobro do mesmo período do ano passado, enquanto
a Marfrig divulgou
lucro líquido atribuído ao controlador de R$ 88 milhões, crescimento de 40,3%
na comparação ano a ano.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação
e amortização ajustado da BRF cresceu 30%, alcançando R$ 2,8 bilhões, versus R$
3,2 bilhões da Marfrig,
avanço de 20,8% em base anual.
A alavancagem da BRF atingiu seu menor
patamar histórico no primeiro trimestre (0,54x), enquanto a Marfrig tem nível
mais alto, de 2,69x, com uma dívida líquida consolidada de R$ 38,1 bilhões.
Já a BRF fechou o primeiro trimestre com
dívida líquida de R$ 5,98 bilhões.