O Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer, em todo o país, um tratamento inovador e mais acessível para vítimas de queimaduras. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) aprovou, na sexta-feira (9), o uso da membrana amniótica – tecido colhido da placenta após partos cesáreos – como curativo biológico temporário para pacientes queimados.
A medida, considerada um marco na medicina regenerativa nacional, permite substituir os curativos sintéticos convencionais, que podem custar até R$ 50 mil por paciente, por um recurso biológico mais eficiente, seguro e de baixo custo.
Como funciona a tecnologia
A membrana amniótica é extraída com autorização da mãe após cesáreas, sendo processada e esterilizada por bancos de tecidos credenciados, como o da Santa Casa de Porto Alegre. Cada doação gera aproximadamente 750 cm² de tecido, que pode ser dividido em lâminas e aplicado sobre feridas. O material alivia a dor, acelera a cicatrização e, após quatro a cinco dias, é naturalmente descartado pelo organismo.
O procedimento já havia sido utilizado de forma emergencial em 2013, durante o atendimento às vítimas da tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria (RS). Na ocasião, o Brasil ainda não tinha regulamentação para uso da membrana, e o sucesso do tratamento reforçou a necessidade de sua oficialização.

Impacto nacional e próximos passos
Com mais de 1 milhão de casos de queimaduras por ano no Brasil, o uso da membrana poderá aliviar a escassez de pele humana nos bancos de tecidos e garantir tratamento mais amplo e eficaz.
A coleta é feita nas maternidades, com envio ao banco de tecidos para esterilização e armazenamento em freezers. O material será distribuído por meio da Central Nacional de Transplantes.
Embora aprovada pela Conitec, a utilização em larga escala ainda depende da definição de protocolos nacionais de coleta, transporte e aplicação. A primeira reunião técnica ocorre nesta quinta-feira (15), em Brasília. A expectativa é que o tratamento esteja disponível nos hospitais em poucos meses.
Uso futuro em outras especialidades
O Ministério da Saúde já estuda ampliar o uso da membrana para outras áreas da medicina, como oftalmologia, ginecologia, cirurgia vascular e tratamento de feridas crônicas, como as causadas por diabetes e úlceras varicosas. Consultas públicas sobre essas possibilidades estão em andamento.
Para o HPS, que hoje conta com apenas quatro leitos disponíveis para grandes queimados, a tecnologia pode representar uma virada de chave no atendimento.
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