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O escândalo envolvendo os descontos indevidos em benefícios previdenciários do INSS ganhou novos desdobramentos. Segundo o Metrópoles, o ex-diretor de Benefícios da autarquia, André Fidelis, é agora alvo de investigação da Polícia Federal por supostamente ter recebido propina para favorecer entidades e bancos ligados à operação de crédito consignado com aposentados e pensionistas — prática que, por si só, também enfrenta uma avalanche de denúncias de fraudes.
Fidelis, exonerado em julho de 2023 após a série de reportagens do Metrópoles que expôs o esquema, assinou acordos com 10 instituições bancárias durante sua gestão, autorizando a liberação do consignado com desconto direto na folha dos beneficiários. Segundo levantamento no Diário Oficial da União, 24 dessas autorizações foram emitidas já durante o governo do presidente Lula (PT). Ao todo, 91 bancos foram liberados para operar consignado nos últimos cinco anos.
Apesar de os bancos ainda não figurarem como alvos formais no inquérito, muitos já enfrentam centenas de ações judiciais por práticas abusivas e descontos não autorizados nos salários de aposentados.
A Polícia Federal, que deflagrou a Operação Sem Desconto em 23 de abril de 2024, mapeou repasses que somam R$ 5,1 milhões feitos por empresas ligadas às associações envolvidas no esquema, ao suposto lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e ao próprio Fidelis, por meio do escritório de advocacia de seu filho, Eric Douglas Fidelis.
De acordo com o inquérito, o escritório recebeu R$ 3,7 milhões, e Eric teria recebido mais R$ 1,4 milhão de empresas intermediárias controladas ou ligadas a entidades envolvidas na fraude. A PF suspeita que os valores sejam propina disfarçada, paga em troca de facilitação para que essas entidades obtivessem acesso privilegiado a dados e à liberação de consignados no INSS.
O esquema envolve ainda o uso fraudulento de filiações associativas involuntárias, que resultavam em descontos automáticos nos contracheques de aposentados sem seu conhecimento. Além das investigações criminais, a explosão de denúncias levou à demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e à saída do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
O Ministério Público Federal acompanha o caso, e a Controladoria-Geral da União (CGU) já solicitou auditorias internas nos contratos assinados durante a gestão de Fidelis. O governo estuda ainda acionar o Tesouro Nacional para ressarcir aposentados prejudicados, caso as entidades envolvidas não o façam dentro do prazo estipulado.
Por enquanto, o ex-diretor André Fidelis e seu filho não se manifestaram oficialmente sobre as acusações. Já o “Careca do INSS”, tido como peça-chave no elo entre entidades, bancos e estruturas de fachada, também é investigado por sua atuação como operador financeiro do esquema.

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Fonte : Hora Brasilia