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Com a segunda fase do plano de reestruturação em curso, e que segue até o fim de 2025, o Grupo Casas Bahia fechou o primeiro trimestre com GMV consolidado de R$ 10,7 bilhões, alta de 10,2% sobre o mesmo período de 2024. A receita líquida também cresceu e chegou a R$ 6,9 bilhões. Mas ainda há o desafio de diminuir o prejuízo, que alcançou R$ 468 milhões no trimestre, e fazer a companhia voltar a dar lucro.
“A partir de agora a gente começa a enxergar algum crescimento. Entregamos agora um aumento de 17,7% na receita das mesmas lojas, em um momento em que o mercado não mostra esse ritmo”, diz Renato Franklin, CEO da Casas Bahia, em entrevista ao NeoFeed. “Com isso, a gente chega a um resultado de alta em quase todos os indicadores, acima até do consenso de analistas.”
O plano do executivo é investir justamente onde há mais margens, com janelas de oportunidades para novas receitas. Nesse sentido, a trilha de crescimento para chegar à próxima fase está no avanço dos serviços financeiros, principalmente crediário e serviços atrelados à venda, que garantem mais margem à companhia.
Nos canais digitais, o CDC (crédito direto ao consumidor) já representa perto de 10% do GMV do canal online. No primeiro trimestre de 2024, representava menos de 3%.
No último trimestre, a empresa conseguiu captar R$ 1 bilhão de recursos, por meio de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), justamente para otimizar a operação de crediário. Em três meses, a Casas Bahia chegou ao volume de 2,3 milhões de clientes com crédito ativo, com 300 mil conquistados em 2025.
Outro destaque da companhia foi o resultado da margem Ebitda, que reportou sexto crescimento seguido. No trimestre, o índice foi de 8,2%, contra 6,1% nos primeiros três meses de 2024. O Ebitda alcançou R$ 570 milhões, alta de 47% sobre a mesma base do ano passado.
“Conseguimos esse resultado porque fizemos um grande esforço de redução de custos. Agora, temos ajustes pontuais. O que precisamos é seguir com esse controle de despesas e alavancagem operacional”, afirma Franklin.
Segundo o CEO, a varejista tem observado uma consolidação do mix de produtos nas lojas, principalmente linha branca e móveis. Mas, segundo ele, surpreendeu o aumento significativo do volume de vendas de aparelhos celulares, junto com planos de seguros, oferecidos pela empresa. As vendas de celulares cresceram cerca de 20%, bem acima do que crescia anteriormente, que não chegava a 10%.
“Essa foi uma mudança importante detectada no primeiro trimestre. Temos colocado mais modelos nas lojas e avançado nas vendas de seguros, impulsionado pelo aumento nos casos de furtos de celulares”, diz Franklin.
Com isso, a receita de serviços, que inclui vendas de seguros, montagem, comissão de marketplace e logística, alcançou crescimento de 11,9% no primeiro trimestre de 2025, sobre o mesmo período do ano passado. Já o faturamento ligado a soluções financeiros obteve alta de 18,4%.
No início do ano, a Casas Bahia foi a primeira varejista a comercializar aparelhos da chinesa Oppo, quarta maior fabricante de celulares do mundo. No fim de maio, a empresa passará a vender, em primeira mão, os telefones da Jovi, outra companhia da China que desembarca no País.
“Temos tradição no varejo de construir marcas novas no Brasil. Foi assim com a Apple, em 2013, e com a marca de aparelho de TV TCL”, explica. “A gente avança com crediário para garantir acesso a esses produtos de desejo.”
No Dia das Mães, celebrado no dia 11 de maio, a varejista obteve o melhor resultado do ano, 30% acima da liquidação de janeiro, que já é um período de alta nas vendas. “Março foi mais fraco, mas a demanda voltou com força no fim de abril. E superamos nossa meta do período.”
Terceira fase no ano que vem
Com esses movimentos, Franklin acredita que seja possível, em 2026, que a empresa entregue a última linha do balanço em azul. E é nesse ponto que deverá entrar em vigor a terceira fase do plano, que passa pela expansão geográfica da rede, que hoje conta com 1.065 unidades no Brasil (933 da Casas Bahia e 132 do Ponto Frio). “O nosso horizonte é de, em até três anos, inaugurar mais 200 lojas físicas no País”, afirma o CEO.
Ainda como principal fortaleza da companhia, o GMV das lojas físicas representou alta de 16,2% sobre o registrado no mesmo período do ano passado. Já o do e-commerce cresceu menos, e alcançou alta de 2,4%. Segundo Franklin, nesse caso a métrica foi impactada ainda pelo período em que os canais digitais estavam mais desfocados quanto ao mix, oferecendo produtos que não tinham boas margens.
“O primeiro trimestre de 2024 ainda contava com outras categorias, que hoje a gente não trabalha mais. E a gente foi cortando muitas delas. A redução foi grande. Agora, com uma base limpa, o crescimento do e-commerce deve ficar mais claro.”
O mercado de eletrodomésticos e móveis da rede está dividida hoje em 52% para os canais online e 48% para as lojas físicas. E a tendência para este ano é de crescer pelo menos dois pontos percentuais as vendas pela internet.
A partir do momento em que a companhia reportar lucro, um dos planos desenhados é de ampliar as soluções financeiros e oferecer serviços de créditos tanto para sellers, dos canais digitais, como fornecedores das lojas físicas. “Isso vai trazer uma linha adicional de rentabilidade para a companhia, passando a oferecer capital de giro para antecipação de faturas. Esse lucro pode vir para a companhia.”
Com a estratégia de crescimento desenhada, o ponto de atenção da companhia ainda segue sobre a dívida da companhia. Na terça-feira, dia 13 de maio, a companhia informou, em fato relevante, a vitória na Justiça de uma ação que garantiu a liberação de R$ 632 milhões em créditos tributários o que, segundo o CEO, vai ajudar a aliviar o caixa da companhia.
Da dívida de R$ 1,5 bilhão da companhia, 40% vêm de uma série de uma emissão de debêntures, que tem Bradesco e Banco do Brasil como titulares. A partir de outubro deste ano, eles têm o direito de converter a dívida em participação acionária. A maior possibilidade é que as instituições utilizem esse instrumento.
No acumulado de 2025, os papéis da companhia na B3 registram valorização de 78,17%. A Casas Bahia tem valor de mercado de R$ 483 milhões.
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Neofeed