Novidades de Totonho

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No mês passado, o blog do jornalista e crítico musical Mauro Ferreira noticiou o lançamento de Ai Dentu – Funk de Embolada e Hip Hop do Mato, álbum vindouro de Totonho e Os Cabra, previsto para julho. As comemorações do novo trabalho estão apenas começando e justo para celebrar essa embolada de coco, funk e rap, o Palco Tabajara – uma iniciativa cultural da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC) — apresenta Totonho e Os Cabra, seguido por Nicácio e Banda. Os shows tem entrada gratuita e acontecem hoje, a partir das 20h, na Sala Vladimir Carvalho da Usina Cultural Energisa, em Tambiá (João Pessoa).

Sempre às terças-feiras, o Palco Tabajara é transmitido ao vivo pela Rádio Tabajara (105,5 FM), pela TV Assembleia e pelo canal do YouTube da emissora. Este ano já subiram ao tablado Bixarte, Pri Cler e As Panteronas, Kennedy Costa, Som na Calçadinha, Val Donato e Ruanna. Após uma breve pausa, o programa, dirigido pelo jornalistas Marcos Thomaz e a cantora Val Donato, retorna no mês do São João, embalado por Os Fulano e Escurinho (dia 3) e Gitana Pimentel e Lily Sanfoneira (10).

Embolada afro-tupi

A apresentação de hoje de Totonho e Os Cabra será mesmo um pré-lançamento de seu novo álbum, contemplando as dez músicas autorais gravadas em estúdio e selecionadas pelo edital do Rumos Itaú Cultural 2023-2024.

Apesar de ser o sétimo disco de sua lavra — sucedendo álbuns como Sabotador de Satélite (2005), Côco Ostentação (2016) e Samba Luzia Gorda (2018) – Totonho considera Ai Dentu – Funk de Embolada e Hip Hop do Mato como sendo o seu terceiro disco de carreira. “E o que é um disco de carreira? É aquele no qual você compõe as músicas direto para aquele disco”, explica, localizando a origem do álbum a partir de um debate do sociólogo e jornalista Muniz Sodré, do qual participou. “Você aprende que toda a cultura popular brasileira, a cultura de massa, foi desenvolvida depois da escravidão, depois da quebra das correntes”, expõe.

Além disso, pretende apresentar seus cabras em nova formação, com o retorno do DJ Guirraiz à frente da mesa eletrônica, “e de uma forma ou de outra, mostrar que o trabalho vem cada vez mais antenado com sua origem, que é o Jaguaribe Carne”, afirma o músico, que já integrou o icônico grupo paraibano. Totonho ressalta que Pedro Osmar e Paulo Ró marcam presença em seu recente cancioneiro feito unha e carne, não apenas como horizontes de inspiração, mas enquanto participações em momentos distintos do disco.

“A dinâmica também muda muito, porque a gente vai basicamente tocar músicas novas, vai esquecer um pouco o repertório dos outros álbuns”, salienta, depositando expectativa quanto ao reconhecimento do álbum. “É um disco prontamente afro-tupi, que trata desses assuntos; que encara a questão do racismo, encara a questão da Amazônia de forma frontal, mas com a linguagem mais de meme, que é uma linguagem que eu já venho desenvolvendo há muito tempo”.

O intuito memético não consiste em fazer piada, mas visa tratar pautas sérias sob a égide do inusitado. “Ironizar para chamar a atenção, porque o discurso tem perdido muita força. O discurso, por si só, não é ‘tão’ resistência quanto é a poesia”, destila ele.

No clima de Ai Dentu, Totonho observa que a falsidade das narrativas tem tornado o Brasil um país fascista. Pessoas dizem coisas e não assumem; narrativas falaciosas são vendidas como a mais pura verdade em uma era perigosa na qual os indivíduos não são como se mostram.

“São avatares, eles são aplicativos. Ninguém assume nada. Quando você tenta ser um pouco mais sincero no Instagram, no Facebook, aí você vira uma peça estranha”, analisa. “Ah, cara, eu sou do tempo da lista telefônica em que tinha o nome completo da pessoa lá, se identificando, e você poderia se responsabilizar por qualquer discurso”.

Totonho já havia se apresentado no Palco Tabajara em maio de 2021, dividindo aquela noite com Oliveira de Panelas. Na próxima sexta- -feira (16) é a vez da Sala Itaú Cultural, em São Paulo (SP), receber o show de pré-lançamento do álbum de Totonho e Os Cabra. “Eu espero que o público aceite bem esse disco e aceite bem o discurso, que é uma chamada para o diálogo”, finaliza.

Energia latina

Nicácio e Banda prometem um show alto astral, na Sala Vladimir Carvalho |  Foto: Priscila Simões/Divulgação
Nicácio e Banda prometem um show alto astral, na Sala Vladimir Carvalho | Foto: Priscila Simões/Divulgação

Já Aluísio Nicácio, frontman de Nicácio e Banda, promete animação. “A gente está fazendo um tipo de show que é uma festa. Um show mais para cima, pra pessoa se divertir”, adianta. No repertório de estreia do grupo no Palco Tabajara, canções de carimbó, axé e passeios pela cúmbia e ritmos latinos.

O músico, que além de vocalista por vezes brinca com o cowbell (chocalho) para dar um brilho na cozinha do conjunto, promete uma apresentação animada, divertida, mas sem esquecer das baladas e, claro, de suas autorais. Afinal, Nicácio já trouxe ao mundo 11 títulos de próprio punho, distribuídos em dois compactos, mostrando-se como compositor de canções mais românticas.

Nicácio e Banda deram o pontapé inicial em fins de 2019, e tal como aconteceu com os projetos daquele período, deu de cara com a pandemia. Naquele momento, lançaram O Barco, primeiro EP com quatro músicas. Fizeram o primeiro show em dezembro daquele ano – com participação de Totonho – e logo em seguida enfrentaram dois anos de confinamento, presentes apenas nas redes sociais. Isolados, lançaram o segundo EP, Sinal (2021), mas houve outras questões.

“Veio uma filha e o projeto foi andando a passos mais lentos. De uns dois anos pra cá a gente batalhou mais e conseguimos mais espaço, nos tornando mais conhecidos”, detalha.

A formação da banda de Nicácio já não é mais a mesma de 2019. Hoje em dia ele divide o palco com Marcondes Orange (bateria), Enndy Semedo (percussão), Alysson Jorge (baixo), Bruno Barbosa (guitarra) e o peruano Bruno Benites (teclado). “A banda tá muito alinhadinha, entrosada, e o pessoal sente isso. Acho que conta muito”, atesta.

Na última sexta-feira (9), Totonho participou novamente de outra apresentação de Nicácio. “É um amigo, um cara que admiro. Desde adolescente sempre tive contato com o show de Totonho, virei fã e vim a conhecê-lo depois, me tornando amigo. Dividir palco com ele é uma satisfação imensa”, confessa.

Onde:
SALA VLADIMIR CARVALHO (Usina Energisa, R. João Bernardo de Albuquerque, no 243, Tambiá, João Pessoa).

 

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 13 de maio de 2025.

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A União

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