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A taxa de homicídios por 100 mil habitantes, na Paraíba, diminuiu 33,9% em um período de 11 anos, tendo passado de 40,1, em 2013, para 26,5, em 2023. A informação foi divulgada, ontem, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por meio do Atlas da Violência 2025. Segundo o documento, o estado foi uma das poucas unidades federativas do Brasil a registrar uma redução sistemática desse tipo de crime, com os valores caindo progressivamente e chegando, há dois anos, no segundo menor índice desde o começo da série histórica. A taxa de 2023 também foi a terceira menor do Nordeste, superior apenas às registradas no Piauí (22) e no Rio Grande do Norte (26,4).
Em números absolutos, os homicídios caíram de 1.551, em 2013, para 1.079, há dois anos. Para os analistas do Ipea, a redução constante dos índices de violência no estado se deu por conta de uma “revolução invisível” nas políticas de segurança, que passaram a se basear na boa gestão por resultados, na qualificação do trabalho policial orientado pela inteligência e em iniciativas multissetoriais de prevenção da violência. Foi o caso do Programa Paraíba pela Paz, criado em 2011. O tenente-coronel Vinícius César Santana, assessor de Ações Estratégicas da Polícia Militar na Secretaria da Segurança e da Defesa Social (Sesds-PB), explica que o programa tem como foco principal a preservação da vida, instrumentalizando as atividades dos órgãos de segurança pública, de modo que sigam uma meta comum.
“Cada órgão vai atuar, dentro da sua respectiva atribuição, para chegar a esse objetivo. Em termos práticos, a gente tem, por exemplo, as operações contínuas da Polícia Militar, como a Operação Paradigma, que é focada nos locais de maior incidência de homicídio. Tem ainda o fortalecimento das investigações da Polícia Civil, que ajuda na elucidação dos crimes, além da atuação do Corpo de Bombeiros, seja no socorro de algumas vítimas de tentativa de homicídio, seja na integração operacional”, afirma o tenente-coronel.
Outra ação do Paraíba pela Paz é a bonificação a policiais civis e penais e a policias e bombeiros militares, por apreensão de armas de fogo, munições e artefatos explosivos. Para Vinícius, essa iniciativa ajuda a explicar outro dado revelado pelo Atlas da Violência: a redução de 28,4% no número de homicídios por arma de fogo no estado, entre 2013 e 2023. A diminuição foi maior, inclusive, que a observada nacionalmente (19,9%).
Mulheres e negros
Quando analisados os recortes de gênero, raça e idade, a Paraíba também apresentou números positivos. A taxa de homicídios de mulheres, por 100 mil habitantes, caiu 41,3% entre 2013 e 2023, o que corresponde à segunda maior redução do Nordeste, atrás do registrado em Alagoas (51,2%). Já os assassinatos de negros caíram 35,4%, no mesmo período. Entre as mulheres negras, especificamente, o índice foi ainda melhor, com o estado apresentando a maior queda na taxa de homicídios do Nordeste (51,2%) e chegando ao valor de quatro mortes por 100 mil habitantes, o que é inferior à média nacional (4,3). Outro dado que chama a atenção é a diminuição dos homicídios de jovens de 15 a 29 anos, cuja taxa reduziu 33,8%, no período analisado.
Segundo o assessor da Sesds-PB, os números observados pelo Atlas são fruto de ações de combate à violência contra a mulher, como a ampliação das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher e da Patrulha Maria da Penha, mas também de uma estratégia voltada para outras manifestações da criminalidade. “Tem muitos casos de crimes contra a mulher negra, sobretudo nas periferias, que possuem a mesma motivação daqueles contra os homens negros, que é a questão do crime organizado e do tráfico de drogas. E a gente percebe que o grande perfil da vítima de homicídios, no Brasil como um todo, é o homem jovem e morador de periferia. Então, atacando os homicídios de uma forma geral, a gente vai alcançar esse público”, complementa Vinícius.
Trânsito
Vale mencionar, por fim, a redução na taxa de óbitos de acidentes de trânsito por 100 mil habitantes. Entre 2013 e 2023, a Paraíba viu esse valor cair 21,2%. Apesar disso, as mortes envolvendo motocicletas aumentaram 2,2%. “Essa é uma grande preocupação nossa e, no Programa Paraíba pela Paz no Trânsito, a gente tem discutido estratégias para reduzir esses números. Até porque, diferentemente da violência criminal, é preciso trabalhar muito mais com a educação do que com a repressão”, aponta o assessor da Sesds-PB.
Brasil contabilizou 45,7 mil mortes em 2023
No ano de 2023, o Atlas apontou que a violência matou 45.747 pessoas no Brasil, uma média de 125 mortes por dia. O número, entretanto, registra uma pequena redução em relação ao ano anterior quando foram contabilizadas 46.409 mortes
O estudo faz comparativos desde 2013, quando o número de mortes chegou a 57.396. Ou seja, de lá para cá, houve redução de 20,3% na quantidade de homicídios. O ano com mais casos foi 2017, com 65.602 homicídios. O menor, 2019, registrou 45.503 mortes. Na comparação com o ano que registrou mais casos, a queda em 2023 é de aproximadamente 30%.
Como a população brasileira aumentou ao longo dos últimos anos, uma forma de saber como se comporta a proporção de homicídios no país é por meio da taxa de homicídios registrados por 100 mil habitantes. Esse indicador revela que em 2023 foram 21,2 homicídios por 100 mil habitantes, a menor taxa já registrada no estudo.
Em 2022, a taxa era 21,7 homicídios por 100 mil habitantes — redução de 2,3% na taxa de um ano para o outro. O pico foi em 2017, quando alcançou 31,8 registros.
Jovens
O levantamento ainda mostrou que, no ano de 2023, os homicídios tiraram a vida de 21,8 mil jovens de 15 a 29 anos. Isso representa uma média de 60 assassinatos por dia ou cinco a cada duas horas. A revelação é um dos destaques do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12), no Rio de Janeiro.
O estudo apresenta um amplo mapeamento da violência no país, debruçando-se sobre diversos grupos populacionais. Em todo o Brasil, ocorreram 45,7 mil homicídios, ou seja, a morte violenta de jovens representou praticamente metade (47,8%) de todos os homicídios no Brasil em 2023.
A morte violenta foi também a principal causa de óbito na população de 15 a 29 anos. De cada 100 pessoas que morreram nessa faixa etária, 34 foram vítimas de homicídio. Os homens representam 93,5% dos registros.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 13 de maio de 2025.
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A União